RECIFE RECEBE EXPOSIÇÃO “ÁRVORE DA PALAVRA: TERRITÓRIO ANCESTRAL, SAGRADO E DA CRIAÇÃO”
Mostra itinerante assinada pela fotógrafa Roberta Guimarães abre, no dia 13, na Arte Plural Galeria (APG), no mês dedicado à consciência negra. Crédito Séfhora Silva
Percorrendo o Sertão e o Agreste de Pernambuco, a exposição “Árvore da Palavra: território ancestral, sagrado e da criação” difundiu a força e a beleza da natureza. A mostra chega agora ao Recife, com trabalhos inéditos da fotógrafa Roberta Guimarães, registrando Baobás, Irokos (gameleira branca), Umbuzeiros, Castanheiras do Maranhão e Mungubas, símbolos sacros seculares, no Brasil e África.
A exposição estreia nesta quarta-feira,m dia 13 de novembro, com evento para convidados às 18h, e abre ao público amanhã (quinta), com acesso gratuito. A APG fica na Rua da Moeda, 140, no bairro do Recife e funciona de segunda a sexta-feira, das 9h às 18h; e no sábado das 14h às 18h. “Árvore da Palavra” marca, ainda, o mês da consciência negra, celebrado nacionalmente no dia 20 de novembro.
Com curadoria da pesquisadora Joana D’Arc Lima, a mostra conta com mais de 30 obras, distribuídas em fotografias tradicionais - captadas em Pernambuco - Zona da Mata, Agreste e Sertão; e também na Nigéria, Senegal e Benin, países do continente africano. Além disso, há trabalhos em técnicas alternativas de impressão: antotipia, que utiliza pigmentos vegetais para emulsionar o papel aquarela onde se produzirá a imagem; e fitotipia, em que a própria folha é suporte para criação da imagem.
Eixos - As obras estarão distribuídas em duas salas de exposição, separadas por eixos: o político, tem como destaque o trabalho “Deu pau no Brasil”, e “Pela floresta em pé”, que mostra a imagem da castanheira do Maranhão, na cor vermelha, cercado com o nome de ativistas ambientais que foram assassinados no Brasil por defenderem o meio ambiente. No segundo espaço, dedicado ao sagrado, será possível conferir imagens de árvores milenares que serviram de local religioso, e também para celebrações e encontros afetivos.
Novidades - A exposição terá mais algumas inovações. Foram produzidas especialmente para a ocasião kits com caixinhas contendo as folhas originais impressas e a fotografia dessa fototipia (em papel de algodão, no suporte de vidro e moldura).
Outro destaque são trabalhos, em antotipia de spirulina, que na abertura da exposição estarão visíveis, mas que no transcorrer do tempo, com a incidência da luz, irão sumindo.
Onde – Com suporte do Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura – Funcultura, a exposição itinerante já esteve no Quilombo Curiquinha dos Negros, em Brejão (Agreste) e em Afogados da Ingazeira (Sertão do Pajeú), ambos em julho passado. Nas duas ocasiões, foram realizadas sessões de bate-papo com a artista e oficina de formação em antotipia e fitotipia.
No Agreste e Sertão, foram utilizadas as próprias árvores como suportes para expor as obras. Conectadas por meio de varais de cabo-de-aço e confeccionados em tecido tactel, foram expostas acompanhadas de textos narrativos informando sobre o projeto.
Sobre o encerramento do ciclo 2024 da exposição, Roberta Guimarães explica que a passagem pelo Sertão e Agreste, em espaços abertos, “foi uma devolutiva ao que recebi da natureza, ao que essa experiência me propiciou”, diz. Já a chegada a uma galeria, no Recife, espaço dedicado à arte, além de servir de reflexão para o sagrado e a relação dos homens com a natureza, reforça a importância da arte nesse contexto.
Ser vivo - O projeto “Árvore da Palavra” vem sendo desenvolvido desde 2018, quando a fotógrafa começou a ter contato com autores como Antônio Bispo dos Santos e Stefano Mancuso, Davi Kopenawa, Ailton Krenak e Bell Hooks, que tratam da questão ambiental conectada às relações espirituais em várias comunidades.
“As árvores são a maioria dos seres vivos na terra e são elas que também vivem mais. Precisamos mais delas do que elas de nós. Com minha aproximação do pensamento vegetal desses autores, percebi a importância de apresentar essas relações poéticas, afetivas e ancestrais das pessoas com as árvores”, explica Roberta. “A ideia da exposição não é só trazer as imagens das árvores, mas de poder trazer um pouco dos relatos, ou pequenas narrativas dessas relações, aproximando a população da urgente necessidade de preservação e consciência ambiental.”
Tradição – A curadora da mostra, a pesquisadora Joana D’Arc Lima, ressalta a importância das africanas árvores da palavra, que não falavam, apenas escutavam os ruídos, os silêncios, as palavras e os corpos animados e inanimados da mãe natureza.
Serviço:
Exposição Árvore da Palavra @arvoredapalavra
Por Roberta Guimarães @roberta.guimaraes.fotografia
Informações: arvoredapalavraexpo@gmail.com
Etapa Recife
Local: Arte Plural Galeria (APG) - Rua da Moeda, 140, Bairro do Recife
Visitação ao público a partir do dia 14.11.2024, no horário de funcionamento - segunda a sexta-feira, das 9h às 18h, e aos sábados, das 14h às 18h
Entrada franca
Instagram: @arte_plural_galeria
Ficha técnica
Fotografias, Roberta Guimarães; Curadoria, Joana D'Arc Lima.Na produção executiva, Imago Fotografia e Aline v. Linden; design da exposição, Séphora Silva; design gráfico e de sinalização: Luciana Calheiros e Aurélio Velho; tratamento de imagem: Robson Lemos. Mapa Brasil/África :Mário Delli Colli (técnica mista: cortiça e colagem, 2024). O projeto de acessibilidade comunicacional contou com roteiro e narração de Liliana Tavares; consultoria de Michelle Alheiros; edição de Leo Alfinete e produção de QR codes, Robson Ugo Souza. Montagem: GF Montagens; impressão: Atelier de Impressão (ADI); Assessoria de imprensa e redes sociais: Laura Cortizo e Márcia Guenes.
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