Riáh, do povo Xukuru do Ororubá, voz que canta o agreste e o sertão em novo álbum que celebra o Nordeste
Em “Ser... Tão Agreste”, seu novo álbum, estreia neste sábado, 8 novembro , em todas plataformas digitais. A cantora indígena transforma memória, território e afeto em música que cura e resiste
Por trás do nome artístico curto e forte — Riáh — vive uma mulher de fala mansa e olhos de quem carrega horizontes inteiros. Ela é filha do povo Xukuru do Ororubá descendente de seu pai, avós e bisavós todos nascidos e criados na mata e em Cimbres na serra do Ororubá. No agreste pernambucano, uma das comunidades indígenas mais simbólicas da resistência no Nordeste. A serra, o vento e a terra vermelha de Pesqueira, onde seus antepassados enfrentaram séculos de apagamento e luta pela demarcação das terras, continuam a vibrar em sua voz, e no seu novo projeto musical que chega às plataformas digitais.
“Não nasci no território, mas sou filha da terra do Ororubá, pelo sangue de minha família e dos meus ancestrais, onde cresci e vivi parte de minha adolescência escutando o vento soprar suas histórias. Canto o som que aprendi com os mais velhos, com os pássaros, com o silêncio das pedras”, costuma dizer. Esse canto, ancestral e delicado, agora se espalha pelo Brasil no álbum “Ser... Tão Agreste”, que chega às plataformas digitais entre novembro e dezembro de 2025, com produção musical de Renato Bandeira e distribuição da Tratore.
O disco é o que Riáh chama de “disco-espelho”: um trabalho onde ela se vê refletida em camadas, memória e som. São cinco canções que se movem entre o agreste e o sertão, entre o feminino e o ancestral, entre o amor e a resistência, para o mundo. Gravado no Estúdio Carranca, em Recife, o álbum reúne uma constelação de músicos nordestinos — Felipe Costa no acordeon, Raminho nas percussões, Bráulio Araújo no baixo e Yure Queiroga na programação eletrônica.
A artista divide os arranjos com Renato Bandeira, tecendo uma sonoridade que atravessa o tradicional e o contemporâneo. A viola de dez cordas conversa com guitarras e efeitos, executadas por Renato e a sanfona respira junto com beats discretos e tambores rituais sonorizando o nosso forró. O resultado é uma paisagem sonora que é, ao mesmo tempo, do interior, pronta para desaguar nas metrópoles.
Para Riáh, cantar é um ato político. É continuar existindo num país que tantas vezes tentou silenciar as vozes indígenas. Seu corpo no palco é extensão da serra do Ororubá — uma montanha que respira e devolve o som da luta de seu povo. Sem esquecer a força da terra que lhe acolheu musicalmente, Caruaru a princesinha do agreste.
Em junho de 2025, a artista atravessou o oceano com a turnê “Retinta”, em Portugal e França levando ao público europeu o canto do Nordeste e a força da mulher indígena. “Carrego o retinto vermelho, cor mais forte da minha ancestralidade”, define ela, lembrando que a música também é forma de reconciliação com a própria história.
Serviço
O quê: Riáh, do povo Xukuru do Ororubá, voz que canta o agreste e o sertão em novo álbum que celebra o Nordeste
Incentivo: Programa Nacional Aldir Blanc (PNAB) – Fundação de Cultura de Caruaru
Mais informações: www.instagram.com/riah_cantora



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