Autor pernambucano Samuel Santos lança livro infantojuvenil Maria Preta pela Região Metropolitana do Recife, em novembro


Movimento da obra literária acontece no Espaço O Poste, Quilombo do Catucá e Escola Pernambucana de Circo, com leitura dramatizada; ele faz estreia como escritor periférico do Alto José Bonifácio, no Recife

Samuel Santos lança o livro “Maria Preta ou A incrível história da menina que entrou no seu próprio corpo e descobriu que dentro dela é um circo”, com o objetivo de inspirar a literatura infantojuvenil para jovens das novas e futuras gerações, sobretudo das periferias. Isso porque o autor pernambucano é de origem periférica. Mora no Alto José Bonifácio, comunidade na Zona Norte do Recife. Ele estreia como escritor. Todas as ilustrações são assinadas pelo artista e designer recifense Java Araújo. Já a revisora e corretora textual é Odailta Alves, cria de Santo Amaro (comunidade na Zona Norte do Recife). 

Samuel Santos | Foto Henrique Divulgação 
Com a presença do autor Samuel Santos, a obra literária tem três lançamentos em novembro, na Região Metropolitana do Recife, sendo a abertura dos encontros neste sábado (8/11), no Espaço O Poste (bairro da Boa Vista - rua do Riachuelo, nº 641), às 16h, no centro do Recife. O Quilombo do Catucá, em Camaragibe (rua Ana Alves, nº 443, no bairro do Viana), e a Escola Pernambucana de Circo, na Zona Norte do Recife (bairro da Macaxeira - Avenida José Américo de Almeida, nº 05), também recebem as primeiras celebrações de “Maria Preta”. Chega ao Catucá no dia 15/11 (sábado), às 18h, e ao espaço circense no dia 18/11 (terça-feira), às 15h. 


Os encontros têm entrada gratuita e recursos de acessibilidade de interpretação em Libras para a comunidade surda. Além dos lançamentos, serão realizadas leituras dramatizadas do livro nos demais espaços culturais, pelo Núcleo O Postinho, que dá vida a cada personagem da obra Maria Preta. Com direção e produção geral do próprio Samuel, a encenação teatral de voz, corpo, música e ancestralidade tem no elenco Cecília Chá, Larissa Lira, Sthe Vieira e Thallis Ítalo, jovens da produção do Núcleo O Postinho, juntamente com o Poste Soluções Luminosas.  


“Sempre perguntam: que história é essa? Imagina o que é entrar em si mesmo e descobrir que um divertido circo faz parte do nosso corpo? Com esse mote surge ‘Maria Preta ou A incrível história da menina que entrou no seu próprio corpo e descobriu que dentro dela é um circo’. Nesses três encontros dos espaços, a chegada do livro acompanhada pela leitura dramatizada celebra a infância preta, a imaginação e o poder das histórias que nascem das nossas raízes, entre palavras, corpos e sonhos”, declara Samuel Santos.  


Ele dedica o livro a sua companheira Naná Sodré e à filha Luana Sodré. Já os agradecimentos são para Inaldete Pinheiro e Odailta Alves, ambas escritoras e poetas nordestinas; Java Araújo; encantados & encantadas. 


A criação da obra vem da necessidade de valorizar o protagonismo da cultura negra no universo da infância e adolescência e de mostrar a realidade das crianças que nascem com alguma doença (alteração no estado de saúde de uma pessoa). Vale dizer que, em Maria Preta, a personagem vive num ambiente artístico, onde a mãe é uma atriz negra e o pai, do circo, também negro. 


“Maria Preta é filha de artistas circenses. Ela nasce com sopro no coração e aos sete anos, na idade dos porquês, tem o desejo de entrar no próprio corpo para ver e ouvir seu pequeno coração bater como o de seus pais. Durante uma parada cardíaca, Maria consegue realizar o seu desejo e descobre que dentro dela mora um circo”, conta. 


Saúde, cultura negra e ancestralidade são referências que caminham juntas por toda a história de Maria Preta. O que existe também é uma união entre as temáticas.  


“Começa então sua saga cheia de aventuras e diversão em busca das batidas do seu próprio peito, diversos personagens (órgãos do corpo humano) surgem para ensinar a Maria Preta o caminho do Coração, entre eles, dois Rins, como palhaços chateados pela fama de ‘ruinzinhos’ que os outros órgãos puseram neles; os Intestinos, como dois personagens chamados “Zindunga” da cultura africana de Angola; o Estômago, um cozinheiro meio bufão que só vive com dores; as histriônicas Amígdalas, duas ‘cantoras’/equilibristas que fazem sucesso cantando no céu da boca; e o Fígado, um mágico/apresentador que adora cantar. Assim, o universo circense, com referências afrodiaspóricas, vai nos ensinando as funções de cada parte do corpo humano e, nessa busca pelas batidas da vida, Maria Preta vive um sonho de viver dentro de si mesma, nos fazendo encarar a vida/morte de uma maneira bem poética”, acrescenta. 


A leitura de Maria Preta traz reflexões empoderadas, de identidade e pertencimento, sobre a reparação das feridas do racismo desde a primeira infância, incluindo a criança negra como destaque da transformação social. 


“O livro colabora com uma nova perspectiva de cura da criança interior que necessita combater o racismo, por meio das pessoas adultas, muitas vezes silenciado, engolido e normalizado. Racismo que também foi levado até as crianças ao longo da história do Brasil também pela literatura infantil e infantojuvenil. Com esse pensamento e estudos, olhamos como a criança se insere dentro da sociedade e da arte a partir do que se produz para ela e como devemos proceder diante do olhar específico do seu universo”, destaca.    


A publicação e os encontros têm incentivo público, com financiamento do edital Funcultura (Fundo de Incentivo à Cultura de Pernambuco), por meio do Governo de Pernambuco, Fundarpe e Secretaria de Cultura (Secult-PE). A distribuição do livro também ocorre por espaços públicos do estado, como escolas, bibliotecas e universidades. 


Samuel Santos reúne diversas vivências artístico-culturais como diretor, roteirista, ator, produtor, professor e arte-educador de oficinas e formações de teatro e dramaturgia etc. Ele é um dos responsáveis pelo grupo teatral recifense O Poste Soluções Luminosas, além de artista que lidera o espaço do grupo. 


“Com o lançamento, o coração de Maria Preta bate até mais forte. Cada batida é um chamado, sendo um só coração pulsando entre literatura, infância e ancestralidade. Maria Preta é a história de uma infância livre, feita de cheiro de manga no quintal, das risadas no terreiro e lembranças de um circo que cabia dentro do peito. Uma história de afeto, alegria e representatividade que nasce do Alto José Bonifácio e é compartilhada para todas as infâncias pretas. São caminhos entre palavras, corpos e sonhos”, pontua. 


No futuro próximo, é certo que a obra vai ser lançada nos terreiros. Outro propósito é apresentar, divulgar e expor o livro em festivais, mostras e feiras de literatura e em espaços artístico-culturais.  


Houve um pré-lançamento do livro “Maria Preta” no dia 12 de setembro deste ano, com a presença do autor Samuel Santos na Festa Literária das Periferias de Pernambuco (Flup), realizada no Compaz Governador Eduardo Campos, que fica no Alto Santa Terezinha (Zona Norte do Recife). Na ocasião, o Núcleo O Postinho também fez a apresentação da leitura dramatizada na obra. 


Por que Maria Preta?


Em entrevista ao site de notícias Metrópoles, o cantor e compositor Gilberto Gil revelou que teve que lidar com questionamentos ao registrar a filha e cantora Preta Gil. “Quando fui fazer o registro da Preta Gil, pedi para registrar como Preta e a funcionária estranhou: “Preta?”. Sim. Se for Branca, Bianca, Clara, pode? Você já registrou muitas. Sendo assim, ela colocou Preta”. 

“Maria Preta” dialoga justamente com esse contexto porque a personagem é negra, filha de artistas circenses, que também são negros, com o enredo ganhando uma particularidade e camadas históricas. 

Lançamentos em novembro 

08/11 (sábado), às 16h - Espaço O Poste (rua do Riachuelo, nº 641, no bairro da Boa Vista, no Recife)


15/11 (sábado), às 18h - Quilombo do Catucá (rua Ana Alves, nº 443, no bairro do Viana, em Camaragibe)


18/11 (terça-feira), às 15h - Escola Pernambucana de Circo (Avenida José Américo de Almeida, nº 05, no bairro da Macaxeira, no Recife)


Ficha técnica


Autor: Samuel Santos

Designer/ilustrador: Java Araújo

Revisora e corretora textual: Odailta Alves

Produção: O Poste Soluções Luminosas

Fotografia: Henrique FT

Assessoria de imprensa: Daniel Lima

Incentivo público: financiamento do edital Funcultura (Fundo de Incentivo à Cultura de Pernambuco), por meio do Governo de Pernambuco, Fundarpe e Secretaria de Cultura (Secult-PE)

Dedicatória: Naná Sodré e Luana Sodré

Agradecimentos: Inaldete Pinheiro, Odailta Alves, Java Araújo e encantados & encantadas


Leitura dramatizada do livro “Maria Preta” - encenação teatral

Direção geral: Samuel Santos 

Elenco: Cecilia Chá, Larissa Lira, Sthe Vieira e Thallis Ítalo

Produção: Núcleo O Postinho

Produção geral: O Poste Soluções Luminosas e Samuel Santos


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Recife terá quatro representantes no Parapan de Jovens, no Chile

“Gongada Drag” volta ao Recife com show inédito dia 6 de novembro

Em homenagem à COP 30, Secretaria de Turismo do Recife promove trilha na Mata da Guabiraba