Cinema indígena: filmes inéditos estreiam em plataforma online do Museu da Pessoa
Premiação
da Mostra Audiovisual do Museu da Pessoa - Vidas Indígenas revelou 12
vencedores na noite de quarta (27), em São Paulo, nas categorias “Criadores
Indígenas", “Novos Talentos", “Livre” e “Júri Popular” Filmes estão disponíveis em mostra.museudapessoa.org Histórias de resistência, memória e ancestralidade estão no centro da 5ª Mostra Audiovisual do Museu da Pessoa – Vidas Indígenas, que estreia hoje (29) sua plataforma online e gratuita com 31 curtas-metragens de realizadores de todo o Brasil. A Mostra pode ser acessada integralmente em mostra.museudapessoa.org, ampliando o alcance de obras que celebram a diversidade e a potência do audiovisual como ferramenta de memória, identidade e resistência dos povos indígenas. “Quando ouvimos as histórias dos povos indígenas, percebemos que existe uma tecnologia ancestral de memória, que passa de geração em geração e resiste ao apagamento. A Mostra dá visibilidade a essas narrativas, que agora também se renovam no ambiente digital, evidenciando a força do audiovisual como forma de preservar e compartilhar saberes", disse Karen Worcman, diretora e fundadora do Museu da Pessoa. A fala foi feita durante a cerimônia de premiação, realizada na noite de 27 de setembro, no Espaço Petrobras de Cinema, em São Paulo, que revelou 12 produções vencedoras entre mais de 200 filmes inscritos. Cada premiado recebeu R$ 4 mil. As categorias premiadas foram Criadores Indígenas, Livre, Novos Talentos e Júri Popular. A primeira destacou produções realizadas e protagonizadas por indígenas; a segunda, aberta a todos os perfis de realizadores, valorizou a pluralidade de olhares e técnicas; a de Novos Talentos buscou revelar jovens cineastas em formação; e a de Júri Popular representou um marco de engajamento, com a escolha direta do público. Entre os vencedores, exemplos ilustram a amplitude da Mostra: de um relato sobre o ritual de pesca Tariano no Alto Rio Negro, com o curta Conhecedor de jejum para cacuri, de João Arimar Noronha Lana (Iaureté, AM), a partir da história de Dorval Lana, pai do diretor; à animação O Homem que enfrentou o Curupira, de Moara Brasil Xavier da Silva (Belém, PA), criada a partir do depoimento de Karari Kaapor e inspirada em um conto ancestral; passando pelos cantos de Alzenira Guajajara, revisitados em Vai existir esses cantos, de Raíssa Souza (Alcântara, MA); e pela videoarte Cacique Alberto e os “Seus”: Uma História em Três Atos, dirigida pro Maria Eduarda Trindade (Rio de Janeiro, RJ), a partir do depoimento de Francisco Alves Teixeira. Confira mais imagens da premiação (Crédito: Ali Karakas/ @akakarakas) Todos os curtas foram produzidos a partir de entrevistas do acervo do Museu da Pessoa, registradas por meio do programa Patrimônios Imateriais e Vidas Indígenas. Cada realizador teve acesso ao catálogo e pôde escolher a história de vida que desejava transformar em narrativa audiovisual. As entrevistas, que em média duram 1h30 e estão integralmente transcritas, puderam ser trabalhadas por até quatro candidatos, garantindo múltiplos olhares sobre um mesmo relato, processo que reforça o caráter colaborativo do Museu e demonstra como a edição criativa de um mesmo material pode gerar obras singulares, preservando a memória e multiplicando formas de expressão. Criada em 2020, a Mostra Audiovisual é uma iniciativa cultural gratuita e online que estimula a criação de vídeos curtos a partir de histórias de vida registradas no acervo do Museu da Pessoa. Em cinco edições, o projeto já reuniu centenas de produções de realizadores de perfis variados, de jovens estudantes a cineastas profissionais, que transformaram relatos pessoais em curtas documentais e experimentais. A 5ª Mostra Audiovisual do Museu da Pessoa é viabilizada pelo Programa Nacional de Apoio à Cultura (Lei Rouanet), por meio do Ministério da Cultura, com patrocínio oficial da Petrobras. O projeto também conta com o patrocínio de Spcine, Mercado Livre, 3M e Itaú Unibanco; parcerias com o Museu Nacional dos Povos Indígenas, Funai, Instituto Criar, Casa Redonda, Navega, Instituto de Políticas Relacionais e Kinoforum; apoio do Canal Futura; apoio de mídia do Canal Curta! e CurtaOn; e apoio financeiro do BNDES. A
noite de premiação Durante a cerimônia, diferentes vozes reforçaram a importância do audiovisual como meio de preservação de histórias de vida e fortalecimento de narrativas indígenas. “Ver esses filmes é ver a vida dos nossos parentes contada por nós mesmos. O audiovisual é uma ferramenta de luta e de afirmação da nossa existência. O Ministério dos Povos Indígenas reconhece a importância desta Mostra porque ela abre espaço para que nossas vozes sejam ouvidas pelo Brasil inteiro", comentou Karkaju Pataxó, assessor especial do Ministério dos Povos Indígenas, na abertura do evento. “É emocionante ver a juventude indígena se apropriando dessas narrativas e transformando entrevistas em obras audiovisuais tão potentes. A Mostra cumpre um papel fundamental de formação e de estímulo à criação, reforçando que nossas histórias podem ser contadas de muitas formas, sempre com sensibilidade e coragem", afirmou Alberto Alvares, cineasta e formador da Mostra. Indígena Guarani Nhandewa, ele atua há anos na formação de jovens realizadores e na produção de filmes com temática indígena. A noite de premiação teve como mestre de cerimônias Olinda Tupinambá, jornalista e cineasta indígena Tupinambá e Pataxó Hãhãhãe, que une arte e política na afirmação indígena. Ela também integrou o júri técnico da Mostra, formado ainda por Bárbara Trugillo, Minom Pinho, Edgar Kanaykõ, Priscila Machado e Tatiana Toffoli, profissionais do audiovisual reconhecidos nacionalmente, além de Karen Worcman. Conheça
os 12 filmes premiados A categoria Criadores Indígenas valorizou obras dirigidas e protagonizadas por realizadores indígenas, trazendo à tela saberes ancestrais, sonhos e memórias de resistência. Os vencedores foram: >>
O Homem que enfrentou o Curupira, Karari Kaapor por Moara Brasil Xavier da
Silva Autora: Moara Brasil Xavier da Silva - Artista visual e ativista indígena da Nação Tupinambá, expôs em instituições no Brasil e no exterior, sempre explorando memória, identidade e resistência. Região: Belém, PA Acervo
do Museu da Pessoa: Karari Kaapor Sinopse: Kahari, caçador, pescador e contador de histórias, narra um conto ancestral no qual precisa escapar do Curupira com a ajuda de macacos da floresta. >>
Conhecedor de jejum para cacuri, Dorval Lana por João Arimar Noronha Lana Autor: João Arimar Noronha Lana - Indígena Tariano do clã Kuiwathe, pescador e mestre de danças tradicionais, dedica-se à preservação dos saberes de sua comunidade no Alto Rio Negro. Região: Iaureté, AM Acervo do Museu da Pessoa: Dorval Lana Sinopse: Dorval Lana, do povo Tariano, revela a importância do jejum na confecção do cacuri, armadilha de pesca que depende da disciplina espiritual para atrair os peixes >>Rubro,
Cecília da Silva Brito por Arlane Jorge João Autora:
Arlane Jorge João - Indígena Kaiowá, formada em Turismo pela UEMS, atua em
esporte, cultura e lazer em sua comunidade de retomada Guyra Kambi’y. Região:
Douradina, MS Acervo
do Museu da Pessoa: Cecília da Silva Brito Sinopse: Cecília,
do povo Kubeo, recorda sua infância entre a Colômbia e o noroeste amazônico,
rememorando laços de sangue e identidade. Assista: https://mostra.museudapessoa.org/filme/rubro-cecilia-da-silva-brito-por-arlane-jorge-joao/ >>Entre
o latido e o silêncio, Ximirapi Awá Guajá por Isa Katupyryb Autora:
Isa Katupyryb - Multiartista, atua no cinema, hip hop e artes visuais. Dirige
a revista Parenteses e já colaborou com coletivos e produções culturais em
diversas linguagens. Região:
São Paulo, SP Acervo
do Museu da Pessoa: Ximirapi Awá Guajá Sinopse: Em
um sonho, a jovem encontra com uma anciã familiar. Belas paisagens e
gargalhadas dão lugar a um pesadelo, onde cães aparecem e bebem lágrimas no
lugar de latidos. A
categoria Livre, aberta a realizadores de diferentes trajetórias,
reuniu olhares diversos sobre protagonismo indígena, mesclando linguagens que
vão do documentário à experimentação. Os vencedores foram: >>
Os sonhos de Jampoty, Maria Valdelice Jampoty por Aline Pinheiro da Cunha Autor:
Aline Pinheiro da Cunha - Montadora e roteirista, cofundadora do coletivo
NOMA, tem mais de 15 anos de experiência no audiovisual em cinema,
publicidade e TV. Região:
Atibaia, SP Acervo
do Museu da Pessoa: Maria Valdelice Amaral de Jesus (Jampoty) Sinopse: A
cacica Valdelice compartilha sonhos e histórias de luta do povo Tupinambá,
unindo espiritualidade e resistência territorial. >>
O Grande Matraquinha, Everalda Pascoal por Ana Carolina Loturco Autora:
Ana Carolina Loturco - Produtora e artista visual, formada em Rádio, TV e
Internet pela Cásper Líbero, dirige documentários e projetos de arte
visual. Região:
Osasco, SP Acervo
do Museu da Pessoa: Everalda Pascoal Sinopse: Dona
Everalda relembra a saga de um pequeno Matraquinha em sua jornada para
flechar um tucunaré gigante, revelando a riqueza da tradição oral. >>
Vai existir esses cantos, Alzenira Guajajara por Raíssa Souza Autora:
Raíssa Souza - Pernambucana, vive no Maranhão desde 2014. Atua com cerâmica,
produção cultural e audiovisual, além de experimentos independentes. Região:
Alcântara, MA Acervo
do Museu da Pessoa: Alzenira Guajajara Alves Sinopse: A
partir de lembranças, Alzenira revive cantos de sua história de vida, o da
Arara e o do Bem-te-vi, em memória do povo Guajajara. Assista: https://mostra.museudapessoa.org/filme/vai-existir-esses-cantos-alzenira-guajajara-por-raissa-souza/ >>
A Viagem de Sebastião, Sebastião Lana por Vinicius Galaverna Autor:
Vinicius Galaverna - Multiartista e produtor audiovisual, formado em Direção
de Fotografia pela AIC, roteirizou e dirigiu documentários e longas
independentes. Região:
São Paulo, SP Acervo
do Museu da Pessoa: Sebastião Miranda Lana Sinopse:
Por meio de imagens de arquivo e trilha sonora original, o filme mergulha nas
memórias de Sebastião, indígena Tariano marcado pela catequização e pelas
migrações dos anos 1950. Assista: https://mostra.museudapessoa.org/filme/a-viagem-de-sebastiao-sebastiao-lana-por-vinicius-galaverna/ Na
categoria Novos Talentos, voltada a jovens
realizadores, foram destacadas linguagens inovadoras e narrativas que unem
tradição e experimentação audiovisual. Os vencedores foram: >>
Mergulho Ka’apor, Maria Lucia Ka’apor por Luanna Maria R. Mafra Siqueira Autora:
Luanna Maria R. Mafra Siqueira - Multiartista e estudante de audiovisual,
pesquisa linguagens experimentais e desenvolve a plataforma Osunna para artes
e multilinguagens. Região:
Campo Grande, MS Acervo
do Museu da Pessoa: Maria Lucia Ka’apor Sinopse: Uma
videoarte que conecta natureza e sagrado em um mergulho conduzido pelo canto
ancestral Ka’apor, promovendo experiência visual e imersiva. >>
Cotia da Mata, Lucila da Costa Moreira por Ana Choueiri Autora:
Ana Choueiri - Estudante de Imagem e Som na UFSCar, atua em roteiro, direção
e som, com trabalhos selecionados em festivais independentes. Região:
São Carlos, SP Acervo
do Museu da Pessoa: Lucila da Costa Moreira Sinopse: Lucila
compartilha a reconstrução da memória do povo Nawa, destacando educação,
oralidade e espiritualidade como formas de resistência ao apagamento. Assista: https://mostra.museudapessoa.org/filme/cotia-da-mata-lucila-da-costa-moreira-por-ana-choeuiri/ >>
Cacique Alberto e os “Seus”: Uma História em Três Atos, Francisco Alves
Teixeira por Maria Eduarda Trindade Autora:
Maria Eduarda Trindade - Estudante de Cinema e Audiovisual na UFF, pesquisa
montagem e busca novas formas de narrar histórias comunitárias e
tradicionais. Região:
Rio de Janeiro, RJ Acervo
do Museu da Pessoa: Francisco Alves Teixeira Sinopse: O
cacique Alberto narra, em três atos, sua trajetória como educador, líder
comunitário e lutador pela demarcação das terras Tapeba. Por
fim, a categoria Júri Popular, inédita na premiação, ampliou a
participação social e o engajamento da Mostra. O filme escolhido pelo público
foi: >>
Ponte entre o visível e o invisível, Maria Helena Guajajara por Camila Puntel Autora:
Camila Ferreira Puntel - Estudante de Medicina na UFFS, atua em projetos de
saúde coletiva e já participou de ações junto a comunidades indígenas. Região:
Chapecó, SC Acervo
do Museu da Pessoa: Maria Helena Marico Guajajara Sinopse: Maria
Helena compartilha saberes de cura e espiritualidade, revelando a profunda
ligação entre ser humano e natureza e reafirmando a resistência dos povos
originários. Sobre
o Museu da Pessoa O
Museu da Pessoa é um museu virtual e colaborativo fundado em São Paulo, em
1991, com o objetivo de registrar, preservar e transformar histórias de vida
em fonte de conhecimento, compreensão e conexão. A proposta é democratizar o
acesso à memória social, valorizando as experiências de vida de qualquer
pessoa como parte fundamental da construção da história coletiva. O acervo
reúne mais de 18 mil depoimentos em vídeo, áudio e texto, além de cerca de 60
mil imagens e documentos digitalizados. Saiba mais: www.museudapessoa.org |
Fonte: Estúdio Verbo: sistemas@comuniquese2.com.br
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