Projeto une teatro e literatura a partir da obra de Raimundo Carrero
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| CONDENADAS À VIDA foto Roberta Guimarães |
Em setembro de 2024 o escritor Raimundo Carrero comemora os 49 anos da publicação do seu primeiro livro, o romance Bernarda Soledade, escrito num fôlego só, como ele conta, aos 23 anos de idade. Hoje, com 23 livros publicados, dez prêmios nacionais, entre os quais o Jabuti e o Prêmio São Paulo de Literatura, Carrero se prepara para entrar em cena junto com algumas de suas personagens femininas para noitadas lítero-teatrais que serão realizadas entre setembro e novembro no Centro Cultural que leva o seu nome, do bairro do Espinheiro, no Recife.
O II Ciclo de Leituras Dramáticas do Centro Cultural Raimundo Carrero (CCRC) estreia na sexta-feira, dia 27, às 20h, com a leitura de CONDENADAS À VIDA. A performance reúne textos dos romances Tangolomango, Estão Matando os Meninos, Colégio de Freiras e As Sombrias Ruínas da Alma. Todas as leituras terão entrada gratuita com acessibilidade em LIBRAS e serão seguidas de bate-papo com o escritor e venda de livros.
A leitura será realizada pelas atrizes Ana Nogueira, Fabiana Pirro, Mayra Waquim e Silvia Góes, que defenderão as personagens Tia Guilhermina, Beatriz, Maria de Elói e Vânia, respectivamente. As atrizes integram o Coletivo Violetas da Aurora, produtoras do Ciclo de Leituras em parceria com o Centro Cultural Raimundo Carrero. Além de dar visibilidade à extensa obra de Raimundo Carrero, o projeto tem como objetivo a formação de novos leitores, sobretudo de autores pernambucanos. Serão realizadas duas audições de CONDENADAS À VIDA, dias 27 de setembro e 25 de outubro, e em 29 de novembro a leitura de A VIDA É TRAIÇÃO, novo romance do escritor, que contará com a participação do ator Junior Sampaio. O II Ciclo de Leitura do Centro Cultural Raimundo Carrero tem o patrocínio da CEPE Editora.
Solo – Apesar de estarem com o papel na mão, na leitura as atrizes imprimem a carga dramática que cada uma das personagens suscita. Apesar de “viverem” em livros diferentes, em CONDENADAS À VIDA elas interagem entre si, e se irmanam na dor. A dramaturgia criada coloca as quatro mulheres em Arcassanta, a cidade fictícia presente em alguns livros da obra de Raimundo Carrero, local de onde elas compartilham suas histórias, em quatro solos curtos entremeados por música. Carrero criou um texto especialmente para o momento do encontro entre elas. A leitura tem sonoplastia do músico Johann Brehmer e iluminação de Arlan Dalvan.
Para Raimundo Carrero, o momento é de celebração e de encontro com seus “fantasmas literários”. “Essas meninas são o fundamento da minha vida. Representam a parte mais substancial, mais amorosa, mais impressionante daquilo tudo que eu vivi no passado e quem sabe no presente, porque são aqueles fantasmas literários, artísticos, que saem da feira de Salgueiro e vêm direto para o meu coração. Não poderia ser melhor. Estou muito orgulhoso por causa disso”, diz.
O escritor, que tem uma relação com o Teatro desde adolescente, conta que a experiência de ver as personagens que escreveu tomarem corpo é como reencontrar essas memórias. “Quando eu comecei a ler e a estudar herdei umas duzentas peças de Teatro do meu irmão Francisco, que era ator de Circo. Então a vida inteira eu sonhei em ser ator. Mas a Literatura foi mais atrativa, me chamou mais para os papeis e eu fui escrever. Acontece que eu escrevi essas mulheres, que são mulheres da minha vida, do meu coração. E agora que elas todas resolveram criar corpo e passar diante dos meus olhos. Todo meu mundo está aqui, todo meu encanto está com esse elenco de mulheres tão maravilhosas e encantadoras. Devo a todas elas uma parte significativa da minha vida”, afirma Carrero, que chegou a fazer participação em teatro no Canal 6, a extinta TV Tupi, no tempo que Pernambuco produzia teleteatro.
Histórico - A leitura de CONDENADAS A VIDA representa a retomada das atividades artísticas no Centro Cultural Raimundo Carrero - CCRC, interrompidas desde a pandemia da Covid, em 2020. Até então, no local, eram realizadas leituras dramáticas da obra do escritor em parceria com as Violetas da Aurora, que realizaram as leituras da obra Bernarda Soledade, de Carrero, e Electra no Circo, de Hermilo Borba Filho, ambas com atores convidados.
Coletivo - Violetas da Aurora é um coletivo artístico criado no Recife (PE) em agosto de 2017 por Ana Nogueira, Fabiana Pirro, Mayra Waquim e Silvia Góes, atrizes atuantes em várias linguagens como dança, canto, performance, leituras dramáticas, formas animadas (bonecos, máscaras, objetos), palhaçaria, produção cultural e comunicação para as artes. Desde 2017, iniciaram uma parceria com Raimundo Carrero, via Centro Cultural, para realizar o Ciclo de Leituras Teatrais da Literatura Pernambucana.
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