A CASTANHA MECÂNICA DE FRED CAJU
A produção literária no Recife e, de um modo geral, em todo o Estado de Pernambuco é bastante fértil e é bastante reconhecida em todo o Brasil e internacionalmente.
As gerações contam suas histórias e assim é também na literatura e no que tange à produção local basta verificarmos a história das editoras alternativas e com vários viés de atuação.
Dentre elas temos A Castanha Mecânica e como nos diz Fred Caju, seu criador: “A Castanha Mecânica surgiu em 2011 editando ebooks livres numa plataforma gratuita. Após dois anos de atividades, passamos a incluir livros digitais também em copyright. E em 2016 foi a vez de inserirmos os analógicos em nosso acervo. Para o livro físico, pensamos em projetos gráficos que interferem na obra como elemento narrativo e provoquem experiências sensoriais e sinestésicas nos leitores. Acreditamos muito no livro como um vetor de transmissão de afeto e como uma arma de luta, por isso, na artesania das nossas edições, buscamos potencializar e reutilizar ao máximo os recursos empreendidos. Esse aceno para o livro de papel, porém, não nos fez recuar com nossa resistência em manter o ebook a um preço acessível. São dois formatos que manteremos coexistindo em nosso catálogo. A travessia nos livros em copyleft nos fez optar por diagramar utilizando apenas softwares livres e tipografias em domínio público ou doadas por seus autores.”
Manoel Constantino – Eu tive a oportunidade de visitar uma das edições da MOPI. Lá, vi a produção de Fred Caju que é escritor, editor e artesão do livro da Castanha Mecânica, curador e livreiro da MOPI - Mostra de publicacoes Independentes e gestor do Colofão.lab. Para quem quiser conhecer os autores já publicados, Fred Caju coloca livros à venda e disponíveis para leituras gratuitas e integrais em https://linktr.ee/caju.fred/
E hoje, nesta quarta-feira, 15 de julho, ele é o nosso entrevistado. Quais foram as principais motivações para criar, em 2011, uma editora, A Castanha Mecânica?
Fred Caju - A editora foi criada porque me autopublicava, essencialmente através de ebooks gratuitos que corriam listas de email e no extinto wordpress da Castanha Mecânica. Algumas autoras e autores sentiram confiança no meu trabalho editorial e gráfico e me enviaram alguns originais. Já me autopublicava desde 2007, a necessidade do nome para a editora, surgiu com uma necessidade de assinar os trabalhos literários que não eram meus como editor.
Manoel Constantino - Como editor que há
nove anos lança ebooks, como se configura hoje o mercado para a
literatura virtual no Nordeste Brasileiro?
Fred Caju -Não faço a menor ideia. O capitalismo editorial nunca foi um lugar de estudo para minhas ações. Faço o que acho que vai ser bom de ser feito. Faço com empenho e alcanço resultados que me satisfazem.
Manoel Constantino - A partir do
livro físico, a editora acredita que, através das mídias
alternativas, é possível chegar ao público-leitor para esta
produção?
Fred Caju - Os meus resultados pessoais
sempre me deram mais respostas com o livro analógico que com o
virtual. Publiquei inicialmente apenas ebooks por não ter verba para
livros físicos. Continuo sem muitas verbas para publicações
materiais, por isto penso muito quem e como vou editar. Os formatos
mais alternativos surgem por ter limitações de recursos, daí
transformo provações em potências criativas. E o público tem
reagido bem às experimentações gráficas que faço na editora. Há
muita saturação e mesmice numa livraria tradicional. Quem procura o
que edito, de certo, não está procurando o que já encontra pelo
mercado.
Manoel Constantino - Como a
Castanha Mecânica se relaciona com os autores editados?
Fred
Caju - Primeiramente quem procura ser lançada ou lançado por
uma editora independente, sabe, ou ao menos deveria saber, que
circulará num raio reduzido de mercado, mas terá um oceano afetivo
imenso para banhar-se. Durante as conversas de preparação de texto
e copidesque, há muitas idas e vindas até atingirmos o texto final.
Após isto, dificilmente faço consultas com autoras ou autores sobre
o projeto gráfico do livro.
Manoel Constantino
- Qual o processo que a editora desencadeia para a escolha/parceria
com os escritores?
Fred Caju - Geralmente é um encontro inevitável. Produzo, e trafego, por eventos alternativos e as autoras e autores que gosto estão sempre por lá. Uma vez por ano me abro para autoras e autores que conhecem a Castanha Mecânica através de um chamamento para publicação. Às vezes alguma editora parceira me indica originais. Mas geralmente aposto no meu faro mesmo.
Manoel
Constantino - Como escritor e editor, o que mais alenta e o
impulsiona para seguir em frente?
Fred Caju -Ainda
não consegui dizer o que tenho pra dizer com eficiência. Mas estou
sempre tentando. É uma cruzada pessoal para tensionar limites
pessoais. Há muito tempo não acredito numa literatura que busca
atingir objetivos coletivos. Estou apenas me expressando, afirmando
meu lugar de indivíduo no mundo.
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