Lody e o doce mais doce
A Cepe Editora
acaba de lançar “ Doce Pernambuco”, do antropólogo Raul Lody. O título destaca a
importância do açúcar na nossa cultura
“A monocultura da cana-de-açúcar foi a primeira grande ocupação colonial
no Brasil”, diz o antropólogo e escritor Raul Lody em Doce Pernambuco. O
título foi lançado pela Companhia Editora de Pernambuco (Cepe). O 10º título de Lody focado no tema açúcar foi
prefaciado por uma das maiores autoridades em antropologia da alimentação,
Xavier Medina, presidente da Associação Internacional de Antropologia da
Alimentação, sediada em Barcelona.
A partir de uma abordagem histórica e
etnocultural, em Doce Pernambuco o autor transcorre sobre o que chama de
civilização do açúcar, especiaria desejada e rara no início dos caminhos que
uniam Ocidente e Oriente. O antropólogo conta que o grama do ingrediente
equivalia ao do ouro, de forma que chegava a ser ofertado como presente nobre.
Nos 25 capítulos das 251 páginas Lody
enumera cada uma dessas delícias do acervo gastronômico de Pernambuco,
verdadeiros patrimônios como o alfenim, que o autor considera uma verdadeira
expressão em arte popular feita de açúcar. Cita ainda o abacaxi e o caju como
frutas telúricas emblemáticas do Brasil: “As frutas tropicais trazem um frescor
nativo”, completa.
Como num roteiro, o pesquisador traz
receitas tradicionais nas páginas do Doce Pernambuco, título que amplia pesquisas e
documentações antropológicas situadas nos contextos sociais e culturais. Desse
modo, o leitor poderá fazer novas conexões entre as cozinhas orientais e as
cozinhas tradicionais de Pernambuco. “O protagonismo do doce e do açúcar da
cana sacarina são representações notáveis da identidade alimentar e do acervo
gastronômico, que vive no cotidiano, nas casas, nas comidas de rua, nas
padarias, e nas festas”, diz.
Quem poderia imaginar que a rabanada
tem procedência judaica ou que o filhós traduz uma receita muçulmana? “Dá-se ao
que se come um sentido ampliado do lugar de feitura e do lugar do consumo”,
salienta. A cartola, por exemplo, sobremesa tão pernambucana, nasce da combinação
gastronômica da banana, “musa paradisíaca” da Ásia, com o queijo em sua versão
de manteiga, culminada pela mistura de canela, que chegou do Ceilão pulverizada
juntamente com o açúcar. É assim, de forma quase poética que o autor refere-se
ao açúcar e suas combinações.
O AUTOR
Raul Lody é antropólogo, museólogo,
professor e pesquisador. Especialista em antropologia da alimentação com
projetos de pesquisas no Brasil e no exterior, criador do Grupo de Antropologia
da Alimentação (Fundação Gilberto Freyre), do Museu da Gastronomia Baiana.
Também é um grande estudioso das religiões afro-brasileiras, com inúmeros livros
publicados sobre o tema. Açúcar está fortemente presente na obra de Raul Lody,
com nove títulos publicados sobre a temática: Caminhos do açúcar, Vocabulário do
açúcar, À mesa com Gilberto Freyre, A doçaria tradicional de
Pelotas, A cozinha pernambucana em Gilberto Freyre, Do mucambo à
casa-grande, Desenhos e pinturas de Gilberto Freyre(Companhia
Editora Nacional, 2007), e o mais recente que é o Museu Virtual do Açúcar,
além de ter sido o organizador do Dicionário do doceiro brasileiro.
Serviço
Lançamento do livro Doce Pernambuco
CEPE – Cia Editora de Pernambuco
Preço do livro: R$ 40,00 (impresso) e
R$ 12,00 (e-book)
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