Prefeitura do Recife homenageia Nando Cordel e Zédantas no São João 2019
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Cristina Melo, Geraldo Júlio, Nando Cordel, Leda Alves e Kátia Dantas Foto: Andrea Rego Barros |
Prefeito Geraldo Julio anunciou na última quarta-feira (29)
que o ciclo junino este ano terá como mote o "São João da Paz" e vai
exaltar trajetória dos dois artistas pernambucanos
O São João do Recife em 2019 celebrará
o cantor e compositor Nando Cordel e o compositor Zédantas, parceiro de Luiz
Gonzaga. O prefeito Geraldo Julio recebeu na tarde da quarta-feira (29) Nando e
a sobrinha de Zédantas, Kátia Dantas, para comunicar pessoalmente sobre a
homenagem aos artistas. Geraldo destacou o valor da cultura popular e da
tradição mantida pelos músicos como fatores que impulsionaram a homenagem.
Durante a homenagem, o prefeito Geraldo
Julio ressaltou que o mote do ciclo junino este ano é o São João da Paz.
"Escolhemos como homenageados Nando Cordel e Zédantas, grande parceiro de
Luiz Gonzaga, porque a gente tem certeza que todo mundo adora Nando Cordel e as
músicas compostas por Zédantas e Luiz Gonzaga, que exaltam tanto a nossa tradição,
quanto a nossa história e cultura", afirmou o prefeito.
Geraldo destacou ainda a geração de
renda no período junino, incentivado com a festa que acontece na cidade.
"São João é também uma boa oportunidade para trabalhar e muitas pessoas
esperam este período para conseguir uma renda extra, por isso a importância da
festa na nossa cidade", acrescentou o prefeito.
O cantor e compositor Nando Cordel não
escondeu a emoção ao receber a homenagem. Pego de surpresa, ele se disse muito
honrado e feliz com o gesto. "A expectativa para o São João este ano é
grande demais. É uma felicidade poder cantar para tanta gente", contou.
Ele destacou ainda a importância do
tema escolhido para o ciclo junino este ano. "Minha vida inteira, eu luto
por um mundo melhor, com mais educação e paz. E, a medida que você dá muita
educação, você mobiliza uma rede de paz, então você tocar nesse assunto no São
João é o momento de divulgar ainda mais a causa e mostrar que o São João sempre
foi uma festa pacífica", acrescentou.
Sobrinha de Zédantas, Kátia de Sousa
Dantas Simões Pires representou o tio na homenagem. "A família ficou muito
honrada e eu agradeço imensamente essa homenagem, porque o São João é,
realmente, um marco nos festejos da cidade. Fico feliz porque, apesar dele ter
falecido há mais de 55 anos, as músicas dele são sempre lembradas nas vozes de
grande cantores", comemorou.
Nando Cordel
Natural de Ipojuca, Fernando Manoel Correia é o mais velho
de 14 irmãos, nascidos do encontro entre uma dona de casa e um comerciante, que
era poeta e repentista nas horas vagas. Logo cedo, descobriu que havia herdado
do pai o gosto pela música e pela poesia. E, contrariando as expectativas da
família, teve coragem para transformar prazer em ofício.
Aos 17 anos, já tocava violão e cantava, pelejando em cima
dos palcos. Embaixo deles, era também compositor, incansável e certeiro. De tão
boas, suas letras não demoraram a sagrá-lo Nando Cordel, nome artístico que ele
mesmo escolheu, juntando um pedaço de cada um de seus sobrenomes e ainda
celebrando a literatura cordelista, tão cara aos nordestinos.
Não demorou e ele foi parar na trilha
sonora de várias novelas e acabou tendo mais de 1500 músicas gravadas por
artistas famosos, como Dominguinhos, Luiz Gonzaga e Elba Ramalho, Chico Buarque
e Maria Bethânia, Amelinha, Fagner, Fafá de Belém e até Xuxa Meneguel.
Mais que alegria, Nando sempre fez
questão de semear paz e futuros para quem, como ele, nasceu sem perspectivas de
vida. É fundador da instituição Lar do Amanhã, que desde 1996 já atendeu mais
de 2,5 mil famílias do Cabo de Santo Agostinho, e também dedica parte de sua
obra à música instrumental e espiritual, para relaxamento e meditação.
Correu mundo e meio. Já teve músicas
lançadas na Bélgica, Suíça, Espanha, Alemanha, França, Colômbia, Peru, Canadá e
Estados Unidos, mas sempre volta para casa, onde seu coração pulsa junino, na
cadência da sanfona.
Zédantas
Um dos mais antigos e fiéis sinônimos
que o forró ganhou no Nordeste, Zé Dantas nasceu José de Sousa Dantas Filho, no
município de Carnaíba de Flores, no Sertão do Alto Pajeú pernambucano. Aos nove
anos, mudou-se para o Recife, onde cursou medicina, sem nunca deixar de manter
contato com as mais diversas manifestações culturais populares do interior de
Pernambuco.
Pouco a pouco, inicia o registro de
relatos orais, poemas e toadas cantadas pelos vaqueiros. Até que decide ele
mesmo cantar as dores e belezas sertanejas, aprendendo sozinho a tocar violão e
começando a compor.
A fome junta com a vontade de comer
quando ele conhece Luiz Gonzaga, famoso representante das causas e causos
nordestinos, e os dois começam a compor juntos, fazendo nascer clássicos como
Vem Morena, Forró de Mané Vito, Sabiá, Riacho do Navio e Xote das Meninas.
Depois de formado, Zédantas acaba se
mudando para o Rio de Janeiro, onde, já parceiro famoso do ainda mais famoso
Rei do Baião, começa a apresentar programas de rádio, entre eles No Mundo do
Baião, transmitido dos estúdios da Rádio Nacional, onde contava histórias e
imitava personagens típicos do Nordeste.
Zédantas morre em 1962, sem nunca ter
abandonado o Nordeste na sua obra e nem na geografia do seu afeto, tendo
chegado a usar suas músicas para fazer denúncias contra a seca e a falta de
atenção política à dureza das vidas privadas de água.
Teve suas composições gravadas por
muitas gerações de artistas, como Dominguinhos, Hermeto Pascoal, Gal Costa,
Maria Bethânia, Alceu Valença, Quinteto Violado, Marisa Monte e Gilberto Gil. E
segue vivo até hoje nos corações e arraiais nordestinos, imortalizado em cada
par de pés que se arrastam atendendo ao irresistível convite do baião.
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