Exposição Carrero 70 anos entra na reta final


Raimundo Carrero. Agua. Foto Heudes Regis

Nesse domingo (16/12), encerra-se uma das mais belas e expressivas exposições montadas em Pernambuco nos últimos anos: “Condenados à vida”, que celebra os 70 anos de Raimundo Carrero, em cartaz no Museu do Estado desde o dia 13 de novembro, chega a seu fim depois de 33 dias onde centenas de pessoas puderam conhecer mais a fundo a vida e a obra de um dos maiores escritores vivos do País. 

Para quem não viu, vale a pena a visita e as leituras que acontecerão no sábado (15) com o jornalista Evaldo Costa,  com o psiquiatra, escritor e dramaturgo Marcos Creder e o romancista João Paulo Parisio,uma das grandes revelações na novíssima literatura pernambucana, que falarão sobre a Loucura na obra de Carrero. No domingo, ocorrerão o relançamento do livro Condenados à vida e o lançamento do catálogo da mostra, que teve o apoio da Fundarpe e Secretaria de Cultura e é uma iniciativa da Companhia Editora de Pernambuco - Cepe.

Com curadoria do também escritor Sidney Rocha, produção executiva de Andréa Mota e concepção do jornalista e escritor Marcelo Pereira, a mostra traz não apenas livros e trechos escritos, mas objetos íntimos do autor de Tangolomango: Ritual das paixões deste mundo. Alpem disso, há toda atmosfera da beleza, da fé, da paixão e da loucura, sugeridas por vídeos sons em loop (trabalhos de Anny Stone e Nicolau Domingues), instalação de Romero Andrade de Lima, e enormes fotos (de Heudes Regis) que captou um Carrero quase desnudo em sua grande humanidade.

Carrero.  Foto de Heudes Regis

A tarde do sábado será dedicada aos assombros na obra literária de Carrero, “que já estavam lá, no repórter de polícia, de trânsito, dos problemas da cidade”, como diz o escritor Evaldo Costa, que foi às minúcias quanto a isso, e levará suas “leituras” para a conversa. “Talvez um ponto de partida para uma catalogação das relações do jornalismo e seus ecos na literatura de Carrero”. Além disso, o jornalista Evaldo Costa comentará alguns “filtros” da realidade, que terminam por definir o universo do escritor. “No caso de Carrero, são abismos, essas loucuras, entre suas emoções e o real”, diz Evaldo. A conversa começa às 14h, no Museu do Estado.

Já para o escritor, dramaturgo e psiquiatra Marcos Creder (Maria das Quimeras: a Paixão em Florbela Espanca, O estigma passageiro, O papel), o assunto da Loucura e das suas relações com a literatura, é extenso. “Não vamos diagnosticar nada nem ninguém. Vamos oferecer ferramentas de leitura para os livros de Carrero”, explica Creder. Parisio, grande leitor da obra de Carrero, explica: “escritores não são nada sem suas loucuras, que não são as loucuras vulgares. São um traço definidor de sua personalidade”, diz ele mostrando  um pouco da conversa que começará às 17h.

No domingo, os atos que marcarão o encerramento da exposição começarão às 14h com o relançamento da tetralogia “Condenados à vida”, composta pelos livros Maçã agreste (1989), Somos pedras que se consomem (1995), O amor não tem bons sentimentos (2008) e Tangolomango (2013). Editado pela Cepe, o volume de mais de 700 páginas tem como fio condutor a família do patriarca Ernesto Cavalcante do Rego e que, nas palavras do próprio Carrero, trata-se de “uma longa e corrosiva crítica social à elite nordestina em absoluta decadência”. 

Na ocasião também será lançado o catálogo da mostra que, com suas 35 páginas, traz ensaio fotográfico de Heudes Régis e quatro  textos de escritores que têm uma relação bastante estreita com Carrero - Marcelino Freire, Marcelo Pereira, Ronaldo Correia de Brito e Luzilá Gonçalves e José Luiz Passos - além de outros dois, de autoria do curador Sidney Rocha.

Ao final, o crítico literário e ensaísta José Castello, que assina o prefácio de Condenados à vida, falará da obra do homenageado, ao lado dos organizadores e apoiadores desta exposição que, desde já, avisam: ela poderá ser itinerada tanto para o interior de Pernambuco, como para outros estados. 



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