Jota Zer0ff estreia exposição individual na Galeria Janete Costa
Com 25
trabalhos, entre pinturas de spray sobre madeira, lápis sobre papel e painéis
nas paredes da galeria, exposição leva a arte urbana do graffiti para dentro
dos espaços expositivos convencionais de arte. Abertura será amanhã, sábado
(10), às 14h
Lugar de arte urbana é onde ela quiser. Por isso e também porque nenhum
muro é capaz de esgotar ou deter a intensidade criativa do multifacetado Jota
Zer0ff, o artista preenche, a partir do próximo sábado (10), a Galeria Janete
Costa, com a contundência e o colorido que lhe são característicos. Usando
madeira, papel e paredes, inequívoca plataforma para sua obra, o artista
inaugura, no próximo sábado (10), a exposição Transistor, segunda
individual de Zer0ff, cujos traços sagraram-se célebres nos muros e galerias de
arte a céu aberto reveladas pelas paisagens recifenses.
A exposição, gratuita e aberta ao público, conta com 24 obras. A maioria
são pinturas de spray sobre madeira, mas o artista também recorre aos
indefectíveis lápis e papel, além de honrar sua mais recorrente tela em dois
painéis de grafitti estampados nas paredes da galeria. “Um dos primeiros
desejos do artista que está na rua é conseguir se inserir também nos espaços
formais. Sonho com essa exposição desde 2012”, conta Zer0ff, que fez, por conta
própria, a seleção dos trabalhos que compõem a mostra. A expografia é do
diretor da galeria, Carlito Person.
“Ao intitular este conjunto de trabalhos como ‘Transistor’, Zer0ff se
apropria de um termo relacionado à física, mas que – especialmente em tempos de
comunicação acelerada – traz a potência de amplificação de significados que a
arte contém”, diz Nicole Costa, diretora de conteúdo do Paço do Frevo e antropóloga,
que dedicou sua tese de doutorado à arte urbana e foi convidada para assinar o
texto de abertura da exposição. Zer0ff acrescenta: “Nessa exposição estou
amplificando plataformas, evoluindo nos materiais. Batizei de Transistor porque
traduz a amplitude do meu trabalho, além de remeter à transição.”
Interessado por desenho e extremamente habilidoso desde os oito anos de
idade, Zer0ff escolheu o graffiti como linguagem prioritária desde 2011,
declarada e fortemente influenciado pela estética dos desenhos animados que
consumia na infância, em Carpina, na Zona da Mata pernambucana. E, movido pela
necessidade de convidar as pessoas a sair do transe cosmopolita, escolheu as
ruas como tela. Mais interessado no contrafluxo que na rotina das grandes cidades,
usa sua arte para subverter o gris.
Foi também para questionar “o sistema” que Júlio César de Freitas adotou
a alcunha de Zer0ff, primeiro como nickname, na internet, juntando as palavras
zero e off, numa tentativa de desligar ou negar o establishment. Até sua
assinatura é desenho: um grafismo muitas vezes incorporado à própria pintura.
Outras telas - Mais que valorizado e respeitado como
expressão artística e manifestação social, o grafite é considerado política
pública no Recife. Resignificando paisagens e a forma como as pessoas se
relacionam com a cidade, a arte urbana é uma convicção que já se
desdobrou em vários projetos, ganhou as ruas da cidade, e está estampada
até no edifício-sede da administração municipal, onde um painel de 77
metros de altura, 8,20 de largura e 3,60 de profundidade assinado pelo
paulista Eduardo Kobra eterniza o icônico sanfoneiro, compositor e cantor Luiz
Gonzaga na face do prédio voltada para o rio e para a Rua da Aurora. O mural
foi a maior aposta da administração pública na arte urbana, mas não foi a
única.
Além de assinar diversos murais em vários pontos da cidade, o próprio
Zer0ff já participou de pelo menos outros dois grandes projetos promovidos pela
Prefeitura do Recife para promover o graffiti. O primeiro foi o Salva Arte,
articulado pela então Secretaria de Turismo e Lazer do Recife, num dos
principais cartões-postais da cidade, com execução e curadoria da Nuvem
Produções. Ao longo de toda a orla de Boa Viagem, foram grafitados os antigos
postos de salva-vidas que integram a paisagem da cidade desde 1940. As seis
delgadas estruturas de concreto em estilo Art Déco, que assistiram ao
crescimento do Recife e às constantes mudanças na sua malha urbana, ganharam a
colorida intervenção dele e de Glauber Arbos, Galo de Souza, Adelson Boris,
Bozó Bacamarte e Nando Zevê.
Em 2017, o artista foi novamente convidado, desta vez para emoldurar a
maior instituição cultural do Recife: o Carnaval. Adotando a arte urbana como
referência para a decoração da festa, a Prefeitura do Recife mobilizou seis
artistas, Karina Agra, Coletivo Vacilante, Bozó Bacamarte, Galo de Souza e
Manoel Quitério, além de Zer0ff, para criar, de novo com a produção da Nuvem,
grandiosos painéis com 25 metros quadrados, de onde foram extraídos os
elementos gráficos, figuras e desenhos que estamparam as ruas e corredores da
folia por toda a cidade.
Este ano, no último mês de julho, o Festival R.U.A.- Recife Urbana
Arte ofereceu uma extensa programação cultural a céu aberto, no Recife Antigo,
que ganhou diversos murais, grafitados na presença do público no bairro
histórico que conta os primeiros e também os mais recentes capítulos da
história do Recife.
Serviço
Transistor - Exposição do artista Jota
Zer0ff
Abertura: 10 de novembro, às 14h
Duração: Até 24 de fevereiro
Horário: Quarta a sexta-feira, das 12h às 20h;
Sábados, das 14h às 20h; Domingos, das 15h às 19h
Local: Galeria Janete Costa – Parque Dona Lindu Informações: 3355-9825 ou galeriajanetecosta@gmail.com
Entrada gratuita
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