A exposição Transistor , de Jota ZerOff, continua na Galeria Janete Costa
Com 25 trabalhos, entre pinturas de spray sobre madeira, lápis
sobre papel e painéis nas paredes da galeria, exposição leva a arte urbana do
graffiti para dentro dos espaços expositivos convencionais de arte.
O multifacetado Jota Zer0ff inaugura continua com a sua
exposição Transistor na Galeria Janete Costa, Parque Dona Lindu,
em Boa Viagem. Essa é a segunda mostra individual do artista cujos traços
sagraram-se célebres nos muros e galerias de arte a céu aberto reveladas pelas
paisagens recifenses. Madeira, papel e paredes constituem a plataforma para a
sua obra.
A exposição, gratuita e aberta ao público, conta com 24 obras. A
maioria são pinturas de spray sobre madeira, mas o artista também recorre aos
indefectíveis lápis e papel, além de honrar sua mais recorrente tela em dois
painéis de grafitti estampados nas paredes da galeria. “Um dos primeiros
desejos do artista que está na rua é conseguir se inserir também nos espaços
formais. Sonho com essa exposição desde 2012”, conta Zer0ff, que fez, por conta
própria, a seleção dos trabalhos que compõem a mostra. A expografia é do
diretor da galeria, Carlito Person.
“Ao intitular este conjunto de trabalhos como ‘Transistor’, Zer0ff
se apropria de um termo relacionado à física, mas que – especialmente em tempos
de comunicação acelerada – traz a potência de amplificação de significados que
a arte contém”, diz Nicole Costa, diretora de conteúdo do Paço do Frevo e
antropóloga, que dedicou sua tese de doutorado à arte urbana e foi convidada
para assinar o texto de abertura da exposição. Zer0ff acrescenta: “Nessa
exposição estou amplificando plataformas, evoluindo nos materiais. Batizei de
Transistor porque traduz a amplitude do meu trabalho, além de remeter à
transição.”
Interessado por desenho e extremamente habilidoso desde os oito
anos de idade, Zer0ff escolheu o graffiti como linguagem prioritária desde
2011, declarada e fortemente influenciado pela estética dos desenhos animados
que consumia na infância, em Carpina, na Zona da Mata pernambucana. E, movido
pela necessidade de convidar as pessoas a sair do transe cosmopolita, escolheu
as ruas como tela. Mais interessado no contrafluxo que na rotina das grandes
cidades, usa sua arte para subverter o gris.
Local: Galeria Janete Costa – Parque Dona Lindu
Informações: 3355-9825 ou galeriajanetecosta@gmail.com
Foi também para questionar “o sistema” que Júlio César de Freitas
adotou a alcunha de Zer0ff, primeiro como nickname, na internet, juntando as
palavras zero e off, numa tentativa de desligar ou negar o establishment. Até
sua assinatura é desenho: um grafismo muitas vezes incorporado à própria
pintura.
Outras telas - Mais que valorizado e respeitado como
expressão artística e manifestação social, o grafite é considerado política
pública no Recife. Resignificando paisagens e a forma como as pessoas se
relacionam com a cidade, a arte urbana é uma convicção que já se
desdobrou em vários projetos, ganhou as ruas da cidade, e está estampada
até no edifício-sede da administração municipal, onde um painel de 77
metros de altura, 8,20 de largura e 3,60 de profundidade assinado pelo
paulista Eduardo Kobra eterniza o icônico sanfoneiro, compositor e cantor Luiz
Gonzaga na face do prédio voltada para o rio e para a Rua da Aurora. O mural
foi a maior aposta da administração pública na arte urbana, mas não foi a
única.
Além de assinar diversos murais em vários pontos da cidade, o
próprio Zer0ff já participou de pelo menos outros dois grandes projetos
promovidos pela Prefeitura do Recife para promover o graffiti. O primeiro foi o
Salva Arte, articulado pela então Secretaria de Turismo e Lazer do Recife, num
dos principais cartões-postais da cidade, com execução e curadoria da Nuvem
Produções. Ao longo de toda a orla de Boa Viagem, foram grafitados os antigos
postos de salva-vidas que integram a paisagem da cidade desde 1940. As seis
delgadas estruturas de concreto em estilo Art Déco, que assistiram ao
crescimento do Recife e às constantes mudanças na sua malha urbana, ganharam a
colorida intervenção dele e de Glauber Arbos, Galo de Souza, Adelson Boris,
Bozó Bacamarte e Nando Zevê.
Em 2017, o artista foi novamente convidado, desta vez para
emoldurar a maior instituição cultural do Recife: o Carnaval. Adotando a arte
urbana como referência para a decoração da festa, a Prefeitura do Recife
mobilizou seis artistas, Karina Agra, Coletivo Vacilante, Bozó Bacamarte, Galo
de Souza e Manoel Quitério, além de Zer0ff, para criar, de novo com a produção
da Nuvem, grandiosos painéis com 25 metros quadrados, de onde foram extraídos
os elementos gráficos, figuras e desenhos que estamparam as ruas e corredores
da folia por toda a cidade.
Este ano, no último mês de julho, o Festival R.U.A.- Recife
Urbana Arte ofereceu uma extensa programação cultural a céu aberto, no Recife
Antigo, que ganhou diversos murais, grafitados na presença do público no bairro
histórico que conta os primeiros e também os mais recentes capítulos da
história do Recife.
Serviço
Transistor - Exposição do artista Jota Zer0ff
Abertura: Sábado, 10 de
novembro, às 14h
Duração: Até 24 de
fevereiro
Horário: Quarta a
sexta-feira, das 12h às 20h; Sábados, das 14h às 20h; Domingos, das 15h às 19h
Entrada gratuita
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