Grupo Totem lança o videoperformance GeoPoesis no Teatro Marco Camarotti
Pesquisa resulta em um videoperformance após regresso do
grupo às aldeias Pankararu, Xukuru e Kapinawá. O grupo também comemora seus 30 anos de atuação.
Após longo
processo de vivências performáticas e ritualísticas, juntamente com vasta
pesquisa e imersão profunda na força ancestral, impressa nas terras indígenas
dos povos indígenas Pankararu, Xukuru e Kapinawá, o Grupo Totem lança o videoperformance
GeoPoesis nesta quarta, dia 22
de agosto, às 20h, no Teatro Marco Camarotti (Sesc Santo Amaro).
A entrada é gratuita.
Retomada na Aldeia de Cimbres Povo Xukuru por Fernando Figueirôa |
Integrando o corpo em performance à
paisagem e à linguagem audiovisual, o projeto une a sabedoria, a terra e a
força ancestral dos povos originários às experimentações artísticas em teatro,
dança, performance e audiovisual. No evento de encerramento do projeto o grupo
lançará então o videoperformance GeoPoesis, sob a co-direção de Fred Nascimento
e Zé Diniz, como resultado da pesquisa e apresentará o espetáculo “Retomada”,
ressignificado e recriado após o regresso às terras destes três povos.
Assim, no dia 22, o público também terá
acesso a um ritual mágico e performático gestado na força coletiva e ancestral
e que traz a luta pela terra como sua principal força motriz e como energia que
tem movido as últimas criações artísticas do Totem nos últimos três anos.
GeoPoesis, que tem o incentivo do
Funcultura, da Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco
(FUNDARPE), é na realidade fruto de um processo iniciado em um outro projeto do
grupo intitulado Rito Ancestral Corpo Contemporâneo. Esta primeira
pesquisa iniciou este mergulho e levou os artistas do grupo a conhecer rituais
e parte da tradição dos povos Pankararu, Xukuru e Kapinawá. Desta experiência,
nasceu o espetáculo cênico “Retomada”, que já circulou por teatros e festivais
em todo o Estado, obtendo os prêmios APACEPE de Teatro e Dança, de melhor
espetáculo, iluminação e trilha sonora no 24º Janeiro de Grandes Espetáculos,
em janeiro de 2018. O projeto de pesquisa para a criação do videoperformance
GeoPoesis e ressignificação do espetáculo “Retomada”, também teve como objetivo
a apresentação do espetáculo para os povos, como uma devolutiva do que foi
desenvolvido no primeiro projeto, ainda em meados de 2015-2016.
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De acordo com uma das
atrizes-performers do Totem, Taína Veríssimo, neste projeto o grupo se propôs a
explorar a linguagem do audiovisual, se lançando na criação de um
videoperformance em meio à paisagem dos territórios indígenas, buscando afirmar
através do corpo, aspectos tanto físicos, quanto simbólicos e políticos sobre a
terra. “O processo de criação do videoperformance GeoPoesis, construiu um
roteiro que vai, justamente, da sutileza a força, do pequeno ao grande, do
individual ao coletivo, ao todo, como num espiral, de um micro, que vira luta,
se amplia e expande, reverbera. Passando pelos elementos naturais, pela mata,
pela magia, pelo ritual, pela pintura corporal, pela respiração, pelo toré. O
corpo atravessado pela terra, a terra impressa no corpo, o corpo coletivo,
montanha e resistência, o corpo paisagem.”
É assim que Taína define simbolicamente
o curta-metragem de 25 minutos. O primeiro videoperformance do Grupo Totem, que
chega aos seus 30 anos de atuação em pleno vigor artístico e político, também
voltará aos povos indígenas, assim como foi com “Retomada”, desta vez atingindo
as onze etnias indígenas presentes no Estado. Recebem o DVD com o resultado do
projeto os povos Truká, Fulni-ô, Pipipã, Tuxá, Pancaiuká, Kambiwá, Aticum Umã,
Pankararu, Kapinawá, Xukuru, Pankará.
GeoPoesis sinopse - Este videoperformance é um passeio sensorial pela natureza das terras
Pankararu, Kapinawá e Xukuru. Através de encontros entre o corpo e a paisagem,
o Grupo Totem se coloca num constante sentir, respirar e ser a natureza.
Transitando entre o corpo atravessado pela paisagem e a intervenção do corpo
nesta, novas simbologias se apresentam, onde a imensidão das terras amplia os
dizeres corporais. A terra, morada dos encantados destes povos indígenas de
Pernambuco, é aqui performada, sublimada, cuidada, através da conexão das
performers do Totem com os solos sagrados.
Grupo Totem chega aos 30 anos
Surgindo em 1988, o grupo vem
desenvolvendo um trabalho de pesquisa/investigação cênica permanente,
investindo na construção de uma poética própria, focando em sistemas abertos de
cocriação corporal/plástica/sonora, que aglutina técnicas do teatro e da dança,
o que propicia a criação de corpos híbridos que dialogam com artes visuais e
música, coordenados por um pensamento de performance.
De acordo com Fred Nascimento que é
diretor e fundador, o Totem tem sido “uma máquina de guerra (Gilles Deleuze e
Félix Guattari) criadora de fluxos e conexões, com potência criadora e
produtiva, de resistência e enfrentamento com uma sociedade de controle
estético/artístico, que regula os fluxos, que torna os acessos
restritos”. Ao longo desse tempo, o grupo já produziu mais de 50
trabalhos que, segundo Fred são divididos em três vertentes principais: A
primeira vertente engloba “o teatro performático ritualístico, híbrido de
teatro/dança regido por um pensamento de performance. A segunda vertente
abrange as performances híbridas de menor duração, criadas para espaços
alternativos. A terceira vertente são as performances/intervenções urbanas.”
Durante esse segundo semestre o Totem
realizará diversas ações comemorativas aos seus trinta anos, entre elas a
Oficina Corpo Ritual, de 04 a 28 de outubro, e uma grande festa no dia 1 de
dezembro.
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