16º Festival Recifense de Literatura – A Letra e a Voz homenageia o poeta Miró


 
Coletiva de lançamento - Diego Rocha (presidente da FCCR), Heloisa Arcoverde, 
Miró (Homenageado do evento) e Sennor Ramos (curador do evento). Foto: Wesley D'Almeida

 

Evento gratuito e aberto ao público será realizado de 24 a 26 de agosto, com oficinas, palestras e até música na programação

Percorrendo as pontes que ligam geografias e conteúdos, o Festival Recifense de Literatura - A Letra e a Voz chega à sua 16ª edição entre os próximos dias 24 e 26 de agosto. Com o tema A Cidade do Poeta e o Poeta da Cidade, que celebra a poesia urbana e urgente de Miró, a programação volta a ocupar este ano a Avenida Rio Branco, com a já tradicional feira de livros, além de rodas de conversa, oficinas, lançamentos e debates gratuitos, para discutir como paisagens habitam obras e seus autores.

A programação é uma realização da Prefeitura do Recife, por meio da Secretaria de Cultura e da Fundação de Cultura Cidade do Recife, em parceria com a Academia Pernambucana de Letras e a Universidade Católica de Pernambuco.

“O evento deste ano celebra a produção literária contemporânea e espontânea”, disse o presidente Diego Rocha, na coletiva de imprensa realizada na tarde de hoje, na Prefeitura do Recife, para anunciar a programação. “A literatura sempre buscou desvendar a incógnita que são as metrópoles. Aconteceu na Paris de Baudelaire. Na Londres de Dickens. No Rio de Janeiro de Lima Barreto. E aqui também, no Recife de Miró, poeta cuja vida e obra se confundem com as cinzas, as ferrugens, as fumaças, luzes, buzinas e folguedos da cidade”, complementou Sennor Ramos, curador do evento.
“Eu sou isso mesmo, sou essa cidade, sou o Recife”, confirmou Miró. “Tenho 40 anos de poesia nas ruas dessa cidade. Já vivi muita coisa, já vendi nove livros enquanto atravessava uma ponte. Mas essa é a primeira vez que recebo uma homenagem. Vivo e sobrevivo de poesia. Ela me salva de tudo. E agora me trouxe até aqui. É muito emocionante ser homenageado por minha poesia e por minha cidade.”

Miró, homenageado do 16º Festival Recifense de Literatura
Foto: Wesley D'Almeida
Miró abrirá o Festival, na sexta-feira (24), a partir das 17h, em um bate papo com a provocação de Sidney Rocha e encerrará o evento, no domingo (26), também a partir das 17h, dividindo o palco com o músico Amaro Freitas, o DJ e poeta Clécio Rimas e com a vencedora do Slam BR (Campeonato Brasileiro de Poesia Falada), Bell Puã. Mas a programação reunirá também outros grandes nomes.

Coletânea - Ainda na sexta, haverá o lançamento da coletânea Denis Bernardes de Ensaios, cujas inscrições foram lançadas na edição passada do Festival. A publicação, financiada pela Prefeitura do Recife, conta com textos selecionados a partir da curadoria de Antônio Paulo Rezende, Cícero Belmar e Jorge Siqueira. Antes do lançamento, haverá roda de conversa, a partir das 19h, com os autores da coletânea sobre o tema Conhecendo mais e melhor o Recife. A apresentação será de Cícero Belmar e Jorge Siqueira.

Oficinas - O sábado (25) será o mais intenso dia de programação. As atividades começam já a partir das 14h, com a realização de quatro oficinas gratuitas:

Para diminuir a gravidade das coisas ─ Poesia visual, com a publicitária, poetisa e escritora Clarice Freire, que mantém no Facebook e no Instagram o perfil Pó de Lua, de poesia desenhada
Agulhas, dobras & cavalos: noções de diagramação e artesania editorial, com o historiador e poeta Fred Caju, da editora de livros artesanais Castanha Mecânica
Vento nonsense na cidade ─ Narrativas em quadrinhos, com o cartunista e ilustrador João Lin  
Narrativas breves (e outras bem tanto), com o contista, romancista, editor e produtor cultural pernambucano Marcelino Freire, nascido em Sertânia e ganhador do Prêmio Jabuti e do Prêmio Machado de Assis

A oficina de João Lin terá capacidade para 20 pessoas. As de Marcelino e Clarice inscreverão 30 participantes, cada. As três serão realizadas no Paço do Frevo, no expediente das 14h às 17h. A oficina de Fred Caju será para 20 pessoas e será realizada na própria estrutura do Festival, na Rio Branco.

Para se inscrever em qualquer uma das oficinas, os interessados precisam doar um livro de literatura pernambucana. As inscrições serão realizadas, em horário comercial, das 9h às 12h e das 14h às 17h, na Secretaria de Cultura do Recife, no 15º andar do prédio sede da Prefeitura do Recife, a partir desta quinta-feira (16).

Na noite do sábado, as falas começam, às 18h, norteadas pelo tema É do sonho dos homens que uma cidade se inventa. O primeiro a falar será Antônio Paulo Rezende, que discorrerá sobre A Cidade do Poeta. Depois, Robson Teles falará sobre O Recife de Carlos Pena Filho. Na sequência, Antônio Marinho fala sobre A São José do Egito de Lourival Batista. A mediação será de Cícero Belmar.

Mais tarde, a partir das 20h, Clécio Rimas, Dayane Rocha, Edmilson Ferreira, Elenilda Amaral e Paulo Matricó protagonizam Mesa de Glosas sobre o poema O Cão sem Plumas, do poeta João Cabral de Melo Neto.

No domingo o festival vira festa. A partir das 10h, a Festa do Livro levará para a Rio Branco um desfile de editoras, sebos, mediadores de leitura, recitais, atividades lúdico-literárias, lançamentos de livros e bibliotecas comunitárias. Haverá também troca afetiva de livros em bom estado de conservação.

Com Bell Puã e Clécio Rimas, além do pianista e tecladista Amaro Freitas, representante da profícua nova cena da música pernambucana, a 16ª edição do Festival Recifense de Literatura encerra com música, letra e voz.

Pré-Festival – Hoje (16), a partir das 17h, Miró participa do evento gratuito de divulgação do evento A Letra e a Voz de Miró, com conversa e récita, na Universidade Católica, no térreo do Bloco G.

Sobre Miró – Poeta contundente, de obra pavimentada no cotidiano urbano, Miró nasceu João Flávio Cordeiro da Silva, em agosto de 1960. Nos campinhos de futebol do bairro onde cresceu, foi batizado de novo. De tanto fazer gol, virou Miró, numa alusão ao então craque Mirobaldo, do Santa Cruz.

Ainda mais hábil com as palavras que com a bola, virou poeta. Entre o lirismo e a periferia, escolheu os dois. Subverteu a rima e cunhou uma estética poética popular, urbana, negra e social. Não raro, a Muribeca lhe é atribuída como rótulo. Mas a verdade é que Miró é um poeta sem CEP. Já morou no Recife (Santo Amaro, Bomba do Hemetério, Ibura de Baixo, Alto José Bonifácio e Boa Vista), Petrolina (Integração), Fortaleza (Aldeota), Jaboatão dos Guararapes (Muribeca) e até São Paulo (Santa Cecília, Jardim Miriam, Higienópolis, República e Pinheiros).

É, como ele próprio se intitula, um cronista da cidade, seja ela qual for. E é da sua seiva seca e fumacenta que brotam a dor e o lirismo dos seus versos. Anda por ela com ouvidos atentos e lápis na mão. Qualquer história contada num botequim ou qualquer frase solta ouvida num cruzamento apressado de sinal pode virar um poema. Seus textos têm mais de verdade do que aparentam. São histórias vividas. Nas ruas. De toda e qualquer cidade.

São 13 seus livros até agora publicados: Quem descobriu o azul anil? (1985), São Paulo é fogo (1987), Ilusão de ética (1995), Flagrante deleito (1998), Quebra a direita, segue a esquerda e vai em frente (1999), Poemas para sentir tesão ou não (2002), Pra dizer que não falei do flúor (2004), Onde estará Norma (2006), Tu tais aonde? (2007), Quase crônico (2010), dizCrição (2012), aDeus (2015) e O penúltimo olhar sobre as coisas (2016). Em 2013 os poemas dos seus onze primeiros livros foram reunidos na coletânea Miró até agora, reeditada em 2016.

Programação 16º Festival Recifense de Literatura – A Letra e a Voz
A Cidade do Poeta e o Poeta da Cidade

Pré-Festival

Dia 16 (Quinta-Feira)
17h - A Letra e a Voz de Miró. Conversa e récita com o poeta Miró
Local: UNICAP - Universidade Católica de Pernambuco (térreo do bloco G) - Boa Vista
  
Festival
De 24 a 26 de agosto, na Avenida Rio Branco

Dia 24 (Sexta-Feira)
17h - Abertura oficial
18h - A Letra e a Voz de Miró. Bate papo com Sidney Rocha e o homenageado do Festival
19h - APL apresenta: Projeto Roda de Conversas ─ Conhecendo mais e melhor o Recife. Bate papo com os autores da coletânea Denis Bernardes de Ensaios. Apresentação por Cícero Belmar e Jorge Siqueira
20h - Lançamento e sessão de autógrafos com os participantes da coletânea

dia 25 (sábado)
14h às 17h – Oficinas
Para diminuir a gravidade das coisas ─ Poesia visual com Clarice Freire
Agulhas, dobras & cavalos: noções de diagramação e artesania editorial com Fred Caju
Vento nonsense na cidade ─ Narrativas em quadrinhos com João Lin
Narrativas breves (e outras bem tanto) com Marcelino Freire

18h - É do sonho dos homens que uma cidade se inventa
A Cidade do Poeta por Antônio Paulo Rezende
O Recife de Carlos Pena Filho por Robson Teles
A São José do Egito de Lourival Batista por Antônio Marinho
Mediação de Cícero Belmar
20h - O Cão sem Plumas numa Mesa de Glosas com Clécio RimasDayane RochaEdmilson FerreiraElenilda Amaral e Paulo Matricó. Coordenação de Jorge Filó
Dia 26 (Domingo)
A partir das 10h - Festa do Livro, com editoras, sebos, mediadores de leitura, recitais, atividades lúdico-literárias, lançamentos de livros e bibliotecas comunitárias
17h - Reboo ─ Jam poético-musical
Clécio Rimas recebe Amaro Freitas, Bell Puã e Miró


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Especiais de fim de ano nas ondas da rádio pública do Recife

Festival Panela do Jazz retorna a Triunfo (PE) com três dias de música instrumental, formação e feira literária

Ulisses Dornelas