Caixa Cultural Recife apresenta Exposição dos Artistas Aborígenes Da Austrália
Observador aprecia a obra de uma artista aborígene. Fotografia_ Emmanuelle Bernard. |
Esta é a
primeira vez que as obras, consagradas internacionalmente, vêm ao Brasil
A CAIXA Cultural Recife apresenta, de
13 de junho a 05 de agosto de 2018, a exposição O Tempo Dos Sonhos: Arte
Aborígene Contemporânea da Austrália, a mais vigorosa, significativa e
diversificada coleção de obras de arte dos artistas aborígenes a visitar a
América do Sul. A exposição, que já passou por São Paulo, Fortaleza, Rio de
Janeiro, Brasília, Belo Horizonte e Curitiba, reúne mais de 40 obras,
selecionadas por importância histórica.
As obras que compõem o acervo são de
nomes, como Rover Thomas, Tommy Watson e Emily Kame Kngwarray, que já tiveram
os seus trabalhos expostos no MoMA e Metropolitan, de Nova Iorque, Bienais como
a de Veneza, São Paulo e Sidney, entre outros eventos de prestígio
internacional, como o Documenta, em Kassel, e Art Basel (Miami, Basel e Hong
Kong).
As peças na mostra contam com uma
linguagem moderna e contemporânea e técnicas diversas, tais como pinturas,
esculturas, litografia e bark paintings (pinturas em entrecasca de
eucalipto). Compõem o acervo obras da Coo-ee Art Gallery, a galeria mais antiga
e respeitada em arte aborígene da Oceania. Peças de coleções privadas e
instituições governamentais também atravessaram o oceano exclusivamente para
esta exposição. Os trabalhos artísticos representam um período de 45 anos,
desde o despertar da comercialização da arte aborígene contemporânea na década
de 1970 até o presente.
Além de circular pela América Latina e
pelo Brasil pela primeira vez, a exposição também traz o primeiro catálogo
publicado em português sobre a arte aborígene.
O Tempo dos Sonhos - Os artistas aborígenes pintam os seus sonhos (mas não a ideia Junguiana
de sonhar e sua associação com o inconsciente). Para eles pintarem o seu
“Sonhar” (dreaming, em inglês) implica recontar histórias que são
atemporais a fim de mantê-las vivas e repassá-las a futuras gerações. Não se
trata de algo religioso, mas ligado à sua própria sobrevivência. Essas pinturas
contêm informações vitais, como, por exemplo, onde encontrar “água viva”
permanente.
Manter o “sonhar” vivo é a motivação
fundamental para a prática da arte dos artistas indígenas da Austrália.
Bark paintings - Os visitantes vão apreciar as bark paintings, pintura sobre
entrecasca de eucalipto, típica do norte tropical da Austrália, região
conhecida como Arnhem Land (A Terra de Arnhem). Essa é uma das formas de
expressão artística mais antiga do mundo, com mais de 40 mil anos.
Inicialmente, as bark paintings tinham uma pobreza estética muito grande
porque não foram criadas para durar, mas sim para cerimônias ou decoração.
Hoje, elas trazem uma execução primorosa, sendo consideradas como arte, não
artefato, e estão em museus renomados, além de integrarem coleções
particulares.
Artistas participantes - A mostra reúne os artistas aborígenes de maior projeção internacional,
com uma paleta refinada e luminosa, como a do celebrado artista Rover Thomas
(1926-1998), com suas paisagens de cor ocre que mudaram, com sua visão, a
percepção paisagística australiana. Suas pinturas podem ser apreciadas da mesma
forma que as criadas pelos impressionistas no século XIX, mas sem horizontes.
A estética desenvolvida pelos artistas
lembra o minimalismo e o expressionismo. No entanto, as obras criadas por eles
trazem uma linguagem visual única e de verdades eternas – lembrando que os
artistas indígenas da Austrália, na sua grande maioria, não tiveram contato
algum com a arte europeia. “A arte não é uma invenção dos europeus. Toda
cultura tem a sua própria e singular forma de expressão: seja na música, na
dança ou na pintura. Não existe diferença entre uma obra de arte criada no
deserto e na cidade. Elas devem ser apreciadas e reconhecidas da mesma forma.
Esta exposição vem descortinar tais pré-conceitos, reconhecendo as obras
criadas pelos artistas indígenas de todo o mundo. A arte aborígene, por
exemplo, não é uma cópia, nem uma réplica. Mas uma linguagem visual inovadora e
revolucionária”, afirma o curador Clay D'Paula.
A grande estrela da exposição é Emily
Kame Kngwarray (1910-1996). Mulher, negra, que começou a pintar aos 79 anos de
idade. Emily é considerada pela crítica uma das maiores pintoras expressionistas
do século XX. Ela foi comparada a Pollock e Monet, entre outros expoentes que
figuram nos livros da história da arte. Emily estará representada na mostra com
a pintura “Sem título, 1992”. Emily tornou-se a artista mais querida da
Austrália. Representou o país na Bienal de Veneza e em vários outros eventos de
arte internacional. É importante ressaltar que Emily nunca teve acesso à arte
ocidental, logo, enquadrar a sua pintura dentro de um movimento artístico
europeu pode ser um equívoco. Ela que, sem falar uma palavra em inglês, já
expôs lado a lado com Picasso, Kandinsky e Mondrian entre outros másters
internacionais da arte. “Ou eles que expuseram com ela”, complementa Clay
D´Paula.
Serviço:
Exposição: O Tempo dos Sonhos: Arte Aborígene Contemporânea da Austrália
Local: CAIXA Cultural Recife
Endereço: Avenida Alfredo Lisboa, 505, Bairro do Recife, Recife - PE
Período: 13 de junho a 05 de agosto de 2018
Abertura: 13 de junho às 19h
Visitação: 14 de junho a 05 de agosto de 2018
Horário: terça-feira a sábado, das 10h às 20h | domingo, das 10h às 17h
Classificação indicativa: Livre
Entrada gratuita
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