Exposição fotográfica celebra o ofício de parteira tradicional como Patrimônio Cultural do Brasil
Foto: Eduardo Queiroga |
No
Dia Internacional da Parteira, comemorado no dia 5 de maio, a
exposição fotográfica itinerante “Parteiras – Um Mundo Pelas
Mãos”, promovida pelo Instituto Nômades, inicia, a partir das
17h, a última temporada dessa fase do projeto montando um grande
varal com imagens que retratam o ofício das parteiras tradicionais
na Praça do Carmo (Frei Caneca), em Goiana, município localizado na
Zona da Mata pernambucana, a 62 km de distância do Recife. As fotos,
realizadas pelo fotógrafo Eduardo Queiroga, ficarão em exibição
por sete dias, recebendo visitantes até 11 de maio, sempre das 9h às
17h.
Além
de coincidir com o dia mundialmente dedicado ao ofício, a exposição
também acontece na mesma época da abertura do Processo de Registro
dos Saberes e Práticas das Parteiras Tradicionais como Patrimônio
Cultural do Brasil, já que no dia 13 deste mês a solicitação,
aberta ainda em 2011 pelo Instituto Nômades, juntamente com o Grupo
Curumim, Associação de Parteiras Tradicionais de Caruaru e
Associação de Parteiras Tradicionais e Hospitalares de Jaboatão
dos Guararapes, foi reavaliada e julgada pertinente pelo Instituto do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). De acordo com
Júlia Morim, colaborada do Instituto Nômades, a ideia de abrir o
processo de Registro dos Saberes e Práticas das Parteiras
Tradicionais enquanto patrimônio imaterial brasileiro surgiu após a
realização dos inventários “Saberes e Práticas das Parteiras
Tradicionais e Indígenas de Pernambuco”
(www.institutonomades.org.br/parteiras),
projeto executado pelo Instituto Nômades e iniciado ainda em 2008.
“Parteiras
– Um Mundo Pelas Mãos”, aliás, também é um dos desdobramentos
gerados pelos inventários. Acontece que durante os anos de pesquisa,
milhares de imagens – belíssimas – foram capturadas por Eduardo
Queiroga. Assim, a exposição itinerante surgiu como uma tentativa
de “devolver” os registros aos seus portadores e ao público em
geral, retornando às localidades onde o inventário aconteceu.
Foto: Eduardo Queiroga |
Mostrando
cuidado e carinho com o universo das parteiras ao evocar elementos
tão presentes no cotidiano dessas mulheres, também conhecidas
popularmente como mães de umbigo, comadres, madrinhas e
cachimbeiras, a exposição apresenta fotos impressas em tecido
no formato 100 x 150 cm expostas em um grande varal, sempre montado
em um lugar de referência para as parteiras. “O conceito da
exposição passa por algo muito presente no cotidiano do ofício: o
pano. Ele, que costuma estar nos varais, nos quartos, faz, muitas
vezes, papel de porta ou de divisórias nas casas, também acolhe o
recém-nascido e abriga as mães”, explica o fotógrafo Eduardo
Queiroga.
Além
de promover a exposição, que conta com o incentivo do Fundo
Pernambucano de Incentivo à Cultura/Funcultura, o projeto pretende
possibilitar a multiplicação e a continuidade por meio um de acervo
que é doado para cada um dos municípios visitados, composto pelas
fotos expostas impressas em papel fotográfico com suporte em PVC. A
ideia é que o trabalho siga uma itinerância própria, multiplicando
o alcance e a disseminação da documentação em escolas,
bibliotecas e outros espaços culturais. A exposição ainda prevê a
promoção de uma oficina de troca de saberes com a participação de
parteiras tradicionais, estudantes e profissionais das áreas de
saúde, educação e cultura, proporcionando o diálogo entre os
saberes tradicionais e os técnico-científicos. “A ideia é tornar
mais ativa a participação das parteiras tanto na montagem e
envolvimento com as exposições, como também por meio de oficinas
de trocas de saberes, fomentando o empoderamento e o reconhecimento
das parteiras como representantes de um importante bem do nosso
patrimônio imaterial”, explica Dan Gayoso, coordenadora do
Instituto Nômades.
Vale
ressaltar que a exposição faz parte do processo de documentação,
promoção, valorização e salvaguarda do ofício de parteira
tradicional. E há outros projetos em andamento, como o “Mães de
Umbigo”, que publicará a biografia de três parteiras
pernambucanas, e o documentário “Simbiose”, assinado por Júlia
Morim. O documentário discutirá saberes do ofício a partir da
experiência de Dona Prazeres, parteira de Jaboatão dos Guararapes.
Todas essas ações fazem parte do Museu da Parteira
(www.facebook.com/MuseudaParteira),
um museu em processo.
Ofício
como Patrimônio Cultural do Brasil – Em
2011, quando houve o primeiro pedido do registro do ofício como
parte integrante da cultura brasileira, o projeto recebeu parecer
favorável da Superintendência do Iphan em Pernambuco, mas a Câmara
Setorial do Patrimônio Imaterial entendeu que o pedido não era
pertinente.
Após
cinco anos, a solicitação voltou à pauta e foi novamente analisada
a pedido da Deputada Federal Janete Capiberibe (PSB/AP). Este mês,
no dia 13, após reavaliações e debates, o pedido foi aprovado.
“Agora será instaurada a instrução técnica para dar seguimento
ao reconhecimento dos saberes e fazeres das parteiras, detentoras de
conhecimentos, repassados de geração para geração, sobre corpo,
gestação, parto, puerpério e outras ciências”, explica Júlia
Morim.
Para
saber mais sobre o processo, acesse:
http://portal.iphan.gov.br/noticias/detalhes/3544/minc-e-iphan-se-reunem-para-debater-o-patrimonio-imaterial-brasileiro
Serviço
– Exposição “Parteiras – Um Mundo Pelas Mãos”
Varal
em tecido
Abertura:
05 de maio – Dia Internacional da Parteira, às 17h
Onde:
Praça do Carmo (Praça Frei Caneca), Centro, Goiana, Pernambuco
Visitação:
Até 11 de maio, das 9h às 17h
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