Espetáculo debate a violência contra a mulher em comunidades do Grande Recife

Foto: Divulgação
Las Mariposas percorrerá quatro comunidades juntamente com a Campanha do Laço Branco, promovida pelo Instituto PAPAI

Integrando a luta dos 16 dias de ativismo (iniciada em 25 de novembro), a Campanha Laço Branco: homens pelo fim da violência contra a mulher, nacionalmente conhecida e promovida pelo Instituto PAPAI e pelo GEMA/UFPE, este ano faz parceria com o espetáculo teatral Las Mariposas, realizado pelo NEXTO – Núcleo de Experimentações em Teatro do Oprimido, e as apresentações serão parte das ações da campanha deste ano. Las Mariposas percorrerá quatro comunidades nos dias 11, 12, 14 e 15 de dezembro. O espetáculo será apresentado nas ruas, praças e espaços urbanos das comunidades dos Coelhos, Chão de Estrelas e Cidade Universitária, no Recife e Ilha do Maruim, em Olinda, sempre com garantia de acesso gratuito à população.

O nome do espetáculo faz referência às irmãs dominicanas Maria Tereza, Pátria e Minerva, conhecidas como Las Mariposas, que foram mortas em 25 de novembro de 1960 pelo regime ditatorial da República Dominicana por buscarem uma vida com mais igualdade entre homens e mulheres. O dia da morte de Las Mariposas se tornou a data mundial que marca o início dos 16 dias de ativismo pelo fim da violência contra a mulher. O tema da violência contra a mulher sempre esteve muito presente ao longo dos mais de 11 anos de experiência dos atores com o Teatro do Oprimido, método teatral criado pelo brasileiro Augusto Boal.
Todas as histórias que são encenadas no espetáculo são reais e surgiram a partir da escuta de mulheres que sofreram violência; através dos relatos de mulheres vítimas de violência, o texto para o espetáculo foi criado. O primeiro exercício para a construção do espetáculo deu-se por meio de duas intervenções pelas ruas do Recife. Nestas performances, o ator Wagner Montenegro caminhava pelas ruas puxando a atriz Andréa Veruska por uma coleira amarrada ao pescoço.

Tratava-se da experiência de observar como as pessoas reagiriam ao ver uma situação de violência tão explícita na rua. “Caminhávamos cotidianamente, nada era teatral. Não usávamos maquiagens, nem figurinos que denunciassem que aquilo era teatro. Essa técnica se chama Teatro Invisível e faz parte do conjunto de técnicas do Teatro do Oprimido. A gente andava pelas ruas, numa situação corriqueira e as pessoas xingavam muito Veruska e diziam que ela devia ter feito alguma coisa pra merecer ser acorrentada. Fizemos essa intervenção duas vezes, em dois ambientes distintos. A primeira foi nas redondezas do Mercado de São José e a segunda pela praia de Boa Viagem”,acrescenta o ator Wagner Montenegro.

Com a encenação, pretende-se facilitar o acesso dessas populações ao teatro, ainda mais tratando de um tema que permeia a vida de tantas pessoas. “A nossa forma de militância é com a arte. É essa forma que a gente tem, que a gente sabe fazer e é a nossa maneira de denúncia. Queremos mesmo que esse espetáculo toque as pessoas que irão nos assistir e que seja uma maneira eficaz de gritarmos que a violência contra a mulher é real e está muito perto da gente” destaca o ator Wagner Montenegro. Para a encenadora Maria Agrelli, o “desafio é encontrar na rua uma possibilidade de intimidade com o público e, a partir daí, utilizar uma semiarena em que ele esteja muito próximo dos artistas para que a relação seja criada sem separação. O desejo é de trazer a respiração pra perto, de construir um espetáculo intimista, na ideia de que as pessoas se sintam em casa.”

Serviço:
Espetáculo Las Mariposas na Campanha do Laço Branco
11/dez – Centro de Artes e Comunicação – UFPE, às 18h
12/dez - Chão de Estrelas - Daruê Malungo, Recife, às 19h
14/dez - LBV – Coelhos, Recife, às 15h
15/12 - Ilha do Maruim, Olinda (Em frente ao PSF), às 18h

Gratuito

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