18º Encontro de Sanfoneiros do Recife presta homenagem ao Mestre Camarão e Chocho, mestre do choro pernambucano
Mestre Camarão será homenageado nesta edição. Foto: divulgação |
O evento será realizado nos dias 4 e 5 de dezembro, a partir das 18h,
com entrada gratuita, no Nosso Quintal, bairro dos Torrões, no Recife. Já no
dia 22 do mesmo mês, o forró toma conta do Teatro Santa Isabel, a partir das
20h
Divulgar a
música popular regional e a sanfona para várias gerações. É com esse propósito
que o Encontro de Sanfoneiros do Recife realiza a sua 18ª edição. Esse ano, o
evento presta homenagem em memória ao Mestre Camarão. Chocho, mestre do choro
pernambucano, também será homenageado. Além deles, os sanfoneiros e artistas
homenageados serão: Beto Hortis, Arlindo Moita, Evandro dos 8 Baixos e Remanso
do Forró.
O encontro,
que acontece desde 1998, busca manter viva a memória de Luiz Gonzaga e o
instrumento que o imortalizou: a sanfona. Para isso, o produtor do evento,
Marcos Veloso, levará os sanfoneiros, pelo quarto ano consecutivo, a um lugar
que o Velho Lua nunca conseguiu cantar: o Teatro Santa Isabel. “Gonzaga nunca
tocou no Teatro Santa Isabel porque, naquela época, não era permitido entrar
atrações que tocassem algo relacionado à cultura popular”, frisa Veloso.
O evento
começou a ser realizado no quintal de Marcos Veloso, um verdadeiro apaixonado
pela obra de Gonzaga. “Eu andava com o meu pai por aí, vendo toda essa cultura,
fiquei encantado com Luiz Gonzaga desde novinho”, diz o produtor, que mantém no
seu restaurante Nosso Quintal, nos Torrões, no Recife, uma parede dedicada à
história do Rei do Baião. “Eu costumo dividir a música popular brasileira em
antes e depois de Lua. Isso porque o baião trouxe mudanças e melhorou a
criatividade da MPB.”
Programação:
4 de
dezembro – 18h
Nosso Quintal
Rua Leila
Félix Karan, 15, Torrões - Recife
(Ao lado da
sede da Chesf)
3228 6846 /
9 9242 6231
Gratuito
- Abertura com O Matuto
- Apresentação de Sanfoneiros
- Apresentação dos emboladores Rouxinol e Topogi
- Apresentação dos homenageados: Evandro dos 8 Baixos e Remanso do Forró
5 de
dezembro – 18h
Nosso Quintal
Rua Leila
Félix Karan, 15, Torrões - Recife
(Ao lado da
sede da Chesf)
3228 6846 /
9 9242 6231
Gratuito
- Apresentação de Sanfoneiros
- Apresentação do Choro Sanfonado (Chorinho do Nosso Quintal)
- Apresentação do homenageado: Arlindo Moita
22 de
dezembro - 20h
Teatro Santa Isabel
Praça da
República, s/n, bairro de Santo Antônio - Recife
3355 3322 /
3355 3324
Ingressos: R$ 20,00 e R$ 10,00 (meia)
- Abertura: Irah Caldeira
- Apresentação do Coral da UFRPE, sob a regência da professora Evani
Barbosa
- Apresentação do sanfoneiro Vynicius Amorim
- Apresentação do Choro Sanfonado (Chorinho do Nosso Quintal)
- Orquestra sanfônica com os sanfoneiros Adriano, Manoelzinho e Ítalo
Diógenes, com participação especial de Luizinho Calixto
- Show do homenageado Beto Hortis
18 anos ininterruptos – A
história da sanfona se confunde com as aventuras e desventuras do Sertão
nordestino, com o rebuliço, o “xenhenhêm”, o mexe-mexe, em uma toada
caboclamente brasileira. A sanfona elege a nossa terra como pátria não de
nascimento, mas de identidade. E é na figura de Gonzagão que ela encontra seu
mais ilustre representante. Nascido em Exu, Sertão de Pernambuco, no dia 13 de
dezembro de 1912, serviu ao exército, o que lhe permitiu viajar por vários
estados do Brasil. Em 1939, decidiu residir no Rio de Janeiro e tentar a vida
como cantor e sanfoneiro, arte que teria aprendido com o seu pai, Januário.
Tocou nas ruas e cabarés, até ser aclamado no programa de Ary Barroso, na Rádio
Nacional. A partir deste momento, foi reconhecido como o Rei do Baião.
É, portanto,
inspirado na personalidade lendária de Seu Lua que, em 1998, Marcos Veloso,
decide, junto com Paulo Alves, reunir artistas anônimos e ilustres espalhados
por todos os rincões do Estado. Realizado sempre em dezembro, mês do nascimento
de Luiz Gonzaga, o encontro já homenageou personalidades da música como
Joquinha Gonzaga (sobrinho de Gonzaga), Arlindo dos 8 Baixos, Gennaro, Mestre
Camarão, Terezinha do Acordeon, Chiquinha Gonzaga, Oswaldinho, Dominguinhos, Zé
Bicudo, Severo, Lindu (ex-sanfoneiro do Trio Nordestino), Abdias, Félix
Porfírio, Zé de Dande, Agostinho do Acordeom, Luizinho Calixto e Heleno dos 8
Baixos.
O evento
promove o intercâmbio entre músicos de diferentes regiões de Pernambuco e de
outros estados brasileiros, e divulga a obra de um dos maiores ícones da música
brasileira: Luiz Gonzaga.
Homenageados:
Mestre Camarão: Aprendeu a
tocar sanfona observando os movimentos do pai, o sanfoneiro Antônio Neto, e se
aperfeiçoou ouvindo Luiz Gonzaga e estudando os métodos de Mário Mascarenhas.
Iniciou a carreira artística em Caruaru, onde tocava nas feiras e festas da
região. Aos 18 anos, conheceu Luiz Gonzaga, com quem participou de 28
gravações, entre discos,78 rotações e CDs. Camarão formou com os músicos
Jacinto Silva e Ivanildo Leite seu primeiro conjunto musical, o Trio Nortista
e, em 1968, criou a primeira banda de forró do Brasil, a Banda do Camarão, e
ainda a Orquestra Sanfônica de Caruaru. Seu repertório era composto por
ritmos regionais como o xote, o xaxado, o baião, o forró e o arrasta-pé. Mestre
Camarão costumava a acompanhar grandes nomes da música nordestina, como
Dominguinhos, Santanna e Marinês. Em 1961,
representou Pernambuco junto com o mestre Vitalino no primeiro
aniversário de Brasília, a convite do então presidente da República, Jânio Quadros.
Em 2002, foi a São Paulo se apresentar no projeto Sanfona Brasil. Em
2004, participou do projeto O Brasil da Sanfona.
Choco: Otaviano do Monte toca violão de 6
cordas, cavaquinho, bandolim, além de ser um compositor de grande
sensibilidade. Recifense, nasceu no dia 12 de fevereiro de 1924 e iniciou seus
estudos de violão aos 15 anos (estudo prático). Profissionalizou-se na década
de 1940, onde, orientado por amigos participou do Programa de Calouros de
Nilson Lins na rádio Jornal do Commercio, ficando em 2º lugar com um choro seu
“Derramado do Deserto”. No ano de 1952, Chocho, já casado com D. Cícera,
segue para o Rio de Janeiro a fim de trabalhar como mestre de obras. Reside por
2 anos e 6 meses e, depois, decide voltar ao Recife, o que faz com que
retorne profissionalmente para a música. Com Josué, Cosme e Ângelo, formam o
regional Unidos dos Guararapes, que mais tarde daria origem ao mais
tradicional “ponto” de encontro dos chorões de Pernambuco: O
Quintal do Cosme. A convite de Narciso do Banjo, Chocho vai para o Bloco da
Saudade, onde tocou até 2010. Hoje, Otaviano do Monte toca todos os sábados no
Chorinho do Nosso Quintal (isso há treze anos).
Evandro dos 8 Baixos: Evandro
Ricardo da Silva é filho de Severino Ricardo da Silva e Angelina Correia do
Nascimento. Nasceu em Glória de Goitá, Pernambuco, no dia 07 de julho de 1951.
Aos 13 anos, com um grupo de colegas, imitava os trios de forrozeiros. Valia-se
de garfo e faca como se fossem o triângulo, de uma lata para substituir a
zabumba e de simples chapéu, a sanfona, seu instrumento de brincadeira. Nascia
assim, uma vocação, alimentada pela compra de um fole com o dinheiro da
venda de uma sela para cavalo. Depois de aprender os segredos da sanfona,
apresentou-se, profissionalmente, na Rádio Difusora de Limoeiro, no
programa Trenzinho do Forró, sob comando de Batista Tavares.
Não conheceu muito o Rei do Baião, a não ser em 1970, na Rádio Planalto de
Carpina, quando esteve com ele, por ocasião das homenagens que lhe foram
prestadas em Exu. A maior honra: receber um troféu por ocasião do Encontro de
Sanfoneiros, em Carpina, na década de 1970. Na sua discografia, consta o
CD Forró Incrementado. Reside, atualmente, em Glória de Goitá.
Arlindo Moita: Arlindo Rosa da Silva, com 52
anos de carreira, é um compositor, músico e professor de dança nas modalidades
xaxado, coco de roda e ciranda. Nasceu no dia 3 de novembro de 1943, em São
Lourenço da Mata. Começou a tocar percussão aos 12 anos e, aos 17, tocar
sanfona. Participou do Grupo Folclórico Coruja e seus
Tangarás, da cidade do Recife. Como sanfoneiro, acompanhou vários artistas,
inclusive, o Rei do Baião. Participou do grupo de forró “Os cabras do baião”,
com Martins do Pandeiro. Em 2006, participou do concurso de música carnavalesca
da Prefeitura do Recife, ganhando primeiro lugar com o frevo canção Fruto
da Terra, de sua autoria. Participou do projeto Correio Sanfonado,
no Espaço Cultural dos Correios, no Recife. Atualmente, participa todas as
sextas-feiras, a partir das 18h, do projeto Roda de Sanfona no Nosso
Quintal, além de shows no Restaurante Maria Maria, nas segundas
e últimas quartas-feiras do mês, em Jardim São Paulo, no Recife. No sábado, a
partir das 19h, no Chalé do Matuto, em Afogados.
Beto Hortis: Nasceu em Camaragibe, no Grande
Recife, no dia 3 de setembro de 1978, e iniciou a carreira musical aos
12 anos, influenciado pelo seu avô, que era instrumentista dos bons.
Dedicou-se ao acordeão buscando inspiração em mestres como Oswaldinho, Sivuca,
Dominguinhos e o Rei do Baião, Luiz Gonzaga. Não demorou muito
para ser notado pelas maiores expressões da música pernambucana, passando a
trabalhar com artistas como Jorge de Altinho, Eliane - a Rainha do Forró e
Alcymar Monteiro, com quem passou a maior parte de sua carreira. Como
instrumentista e arranjador, participou das gravações de diversos CDs de forró
(Alcymar Monteiro, Jorge de Altinho, Paulinho Leite, Nádia Maia e Xico Bizerra)
além de ter participado da gravação dos DVDs de Petrucio Amorim, Mazinho de
Arcoverde, Alcymar Monteiro e Maciel Melo. Em 2005, Beto Hortis foi o primeiro
colocado no Concurso de Músicas Carnavalescas do Recife. No ano seguinte,
gravou o CD "Frevação", de Alcymar Monteiro, em homenagem ao
centenário do frevo. Em 2007, o sanfoneiro ganhou o primeiro lugar no Festival
Cearense para sanfoneiros, sendo, também em 2007, um dos cinco finalistas
nacionais do Festival Internacional da Roland. Beto Hortis conquistou o maior
prêmio, na categoria Frevo de Rua, do I Festival do Frevo da Humanidade,
promovido pela Prefeitura da Cidade do Recife. Ele conquistou esse prêmio com a
música Que Saudade Seu Domingos, em
homenagem a Dominguinhos. Das primeiras aulas de sanfona até
hoje, já são quinze anos de carreira solo. Representou o Brasil
nos Estados Unidos, em 2012, e foi o homenageado, em 2014, do
Troféu Gonzagão, em Campina Grande. Recebeu ainda o título de cidadão de
Carnaíba, terra do compositor Zé Dantas, um dos mais importantes parceiros do
Seu Lua.
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