Interatividade Cultural, um novo caminho para museus e centros culturais
Ação promovida pelo Museu da Cidade do Recife - Foto Tiago Calazans |
Texto:
Erika Fraga | Foto: Roberta Menezes e Divulgação
Museus e centros de
cultura são guardiões de histórias que, além de servirem como fontes de
pesquisa, conseguem resguardar o passado, para que ele permaneça vivo em nossas
memórias. Por muitos anos, existiu o pensamento de que esses lugares eram
repletos de coisas velhas com cheiro de mofo. Esse pensamento trouxe como
consequência o afastamento do público. Mas, nos dias atuais, vêm surgindo diversas
iniciativas que buscam renovar museus e espaços culturais, com base nos
adventos tecnológicos e interativos. Cada vez mais eles estão se tornando um
atrativo para o visitante, em especial os jovens.
Pensando em dinamismo,
a Prefeitura do Recife em parceria com a Fundação Roberto Marinho criou o Paço do Frevo. Inaugurado no início do
ano, esse foi o primeiro espaço idealizado para ser completamente interativo.
Tem como proposta mostrar que o frevo pode ser vivenciado o ano inteiro e não
só no carnaval. O espaço possui uma sala com
exposições temporárias, além de um acervo com diversos títulos, entre
livros, revistas, catálogos e audiovisual. Lá
são oferecidas mensalmente oficinas de dança e música.
Museu Cais do Sertão - Foto Roberta Menezes |
Não
são apenas os novos equipamentos que conseguem se renovar, os mais tradicionais
estão adotando a estratégia de oferecer novidades para o público, motivando assim
o seu retorno. Exemplo de dinamismo é o Museu da Cidade do Recife, localizado no Forte das Cinco Pontas. O espaço se destaca por conter em seu acervo
documentos iconográficos de extrema importância para a preservação da história
urbana e social do Recife. “Somos um museu histórico, focado no presente e
voltado para o futuro”, comenta Maria de Betânia Corrêa de Araújo, diretora do
Museu da Cidade do Recife.
Segundo
a equipe de coordenação, o primeiro passo para essa transformação foi a criação
de um espaço de fruição e convivência inteligente, elegante e estimulante, onde
o visitante pudesse realmente participar das atividades. Nesse conceito, é primordial estabelecer um diálogo
aberto com a população, tratando os temas de forma simples, lúdica e direta, com
uma linguagem acessível aos diversos grupos que visitam o museu.
“Compartilhamos a tarefa de cuidar do importante monumento que abriga o Museu
e do numeroso acervo constituído ao longo da história. Dividimos com os
visitantes a responsabilidade de conservá-los para as gerações futuras”, revela
a equipe.
Mostra Recifemcantos no Museu da Cidade - Foto Divulgação |
O Museu estimula a
formação de público, principalmente entre os estudantes. Para Emerson Pontes,
gerente de educação patrimonial do espaço, o Museu da Cidade do Recife é a
extensão da escola. Lições sobre o Recife são um ponto alto do espaço. Para
eles, o encontro com o público e a troca de aprendizado são a melhor recompensa
que um equipamento cultural pode ter. Um dos últimos trabalhos do educativo
contemplou a participação de cerca de dois mil estudantes da rede pública e
privada, no período de março a maio. O espaço
também desenvolve um trabalho com instituições parceiras, que trazem seus
funcionários para aprender sobre a evolução da cidade. As
visitações são gratuitas e ainda é disponibilizada uma equipe de receptivo. Essa
dedicação vem fazendo com que o número de visitas seja cada vez maior,
contabilizando atualmente uma média de 2,4 mil visitantes ao mês.
O Museu de Arte
Moderna Aloísio Magalhães (Mamam), outro tradicional equipamento cultural da
nossa cidade, vem trilhando um novo caminho. Ele também percebeu que para
sobressair diante da globalização deveria investir pesadamente em ações diversas
como, por exemplo, eventos que não limitem a participação do público pela faixa
etária ou pelo conteúdo das suas práticas. Segundo a equipe gerencial do MAMAM,
as atividades vão além de mostras de arte contemporânea. Existe uma programação
de exibição de filmes no CineMAMAM, oficinas de artes, ações voltadas para
crianças, projetos como o clube de Arte Moderna que relaciona artes visuais, música
e gastronomia, e Projetos educativos diversos dentro e fora do museu, a exemplo
do MAMAM na Estrada, cujos integrantes do Setor de Arte Educação se deslocam
para cidades do interior de Pernambuco para realizar ações, entre elas, exposições
e oficinas de arte.
Foto Divulgação Site www.mamam.art.br |
Outro espaço que tem
grande preocupação em formar um público com um olhar mais crítico é o Centro Cultural Benfica. O Centro, um
dos equipamentos culturais da Universidade Federal de Pernambuco, vinculado à Diretoria
de Extensão Cultural, é composto por vários setores como o Instituto de Arte
Contemporânea (IAC), o Departamento de Teoria da Arte e Expressão Artística, o Teatro
Joaquim Cardozo, o Acervo Museológico Universitário e uma livraria.
Espaço Cultural Benfica - Foto Roberta Menezes |
O IAC tem como
atrativo, além do acervo composto pela coleção de obras em cerâmica, inclusive
com peças do Mestre Vitalino, de Caruaru, uma diversidade de exposições
temporárias. Eles também têm um intercâmbio muito bacana com artistas de
diversos Estados. Nesse sentido, o Centro Cultural procura promover uma
conversa entre os visitantes e o expositor, o que proporciona uma boa troca de
experiência. “É bom deixar claro que acima de tudo somos um espaço acadêmico. Além
de promover a arte, estamos aqui para discutir a arte, por isso, promovemos com
os artistas um momento de discussão, em que ele possa interagir com o público,
para que saia mais crítico e com um novo olhar, pois o nosso papel também é o
de formação”, explica Renata Wilner, diretora do IAC. Ainda, segundo Renata, o
grande desafio que enfrentam é atrair o público leigo, pois lá é um ambiente de
extensão que vai além da universidade, que trata de arte contemporânea e não
arte acadêmica, sendo assim, as portas estão abertas para todos.
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