Meu Bairro... Moro Aqui: Bongi

Por: Anax Botelho
Fotos: Roberta Menezes

O Recife das pontes e dos rios a cada dia cresce e se verticaliza mais. Nesse contexto, bairros residenciais estão cada vez mais desaparecendo da visão panorâmica da cidade. Apesar disso, continuam resistindo graças aos esforços dos seus moradores e às histórias apaixonantes dessas localidades. Nesta edição do Meu Bairro... Moro Aqui, a Agenda Cultural do Recife percorreu as ruas do Bongi, bairro conhecido pelas grandes empresas instaladas no local, mas que possui uma rica experiência de relações humanas. O bairro pertence à Região Político-Administrativa 5 (RPA-5), na Zona Oeste, e possui cerca de 8 mil habitantes.



Com 159 anos de fundação, a história do Bongi tem duas versões sobre a origem do seu nome. O primeiro registro diz que deriva do verbo mugir, por causa da Estrada das Boiadas, por onde passavam muitos bois. A segunda versão é de origem indígena. No Tupi, bon’ji significa o rio que faz a curva, referindo-se à geografia do local. Para conhecer as histórias dessa localidade, nosso guia não poderia ser mais bem escolhido: Antônio José, morador que, desde o seu nascimento, em 1945, vive no Bongi. Mestre Teté, como é conhecido na vida cultural do Recife, diz que o Bongi é um bairro pequeno, mas grande ao mesmo tempo. “Há 30 anos, tudo era mangueira, o bairro cresceu muito residencialmente e ainda mantém esse caráter residencial, mesmo com grandes empresas aqui”, diz Teté.

Uma das referências culturais do bairro, o Maracatu Nação Almirante do Forte, que há 70 anos tem sua sede no mesmo local no Bongi, foi fundado pela família do Mestre Teté, que hoje preside o grupo. Em 2014, o maracatu foi campeão do grupo 1 do carnaval recifense e também é credenciado como ponto de cultura pelo Ministério de Cultura. “Dos maracatus nação, esse é o único que está no mesmo local”, afirma o presidente. Teté, que já foi presidente do conselho de moradores, destaca a criação da Praça Vitalina como fundamental para o bairro. Atualmente, é na praça que ocorrem as principais festas e, segundo os moradores, a maior é no dia 7 setembro, em comemoração à fundação do Bongi.

Na praça, Mestre Teté encontra um grupo de amigos do bairro. No local, está o dono do popular bar da região – Francabar –, Luiz Monteiro da França, que, com 67 anos de idade, orgulha-se de ter vivido todo no Bongi. Para Luiz, o bairro é bom para morar e possui boas pessoas. É nesse local podemos sentir a tranquilidade do bairro. Ao lado do terminal do ônibus das linhas Bongi/Imip e Bongi/Centro, a praça e os moradores convivem sossegadamente junto das grandes empresas e instituições instaladas no local, como a Companhia Hidroelétrica do São Francisco (Chesf), a Companhia Energética de Pernambuco (Celpe) e a Secretaria Estadual de Saúde.

 No campo social, destaca-se o Projeto Levante – Responsabilidade Social que há 10 anos exerce forte poder de inserção no bairro. Fundado pelo Pastor Andreas Pascher, o projeto enxergou no Bongi uma possibilidade de apoiar crianças e adolescentes. Atualmente, funciona como casa aberta, pondo à disposição dos interessados oficinas de tae kwon do, judô, xadrez, violão, artes e tênis de mesa, com a finalidade de ocupar as crianças com atividades produtivas. No Bongi, o grupo tem como educadores sociais três pessoas do próprio bairro, Albergino Silva, Gustavo Silva Júnior e Flávio Magalhães. “A responsabilidade não é só da gente, fomos ao bairro dizer que é de todos, é da comunidade”, relatam Albergino e Gustavo, sobre as iniciativas do projeto. O Projeto Duas Rodas, que reforma bicicletas para as crianças do bairro, é um dos destaques do Projeto Levante. O Cineclube Gol pra Vida também se destaca no Bongi. O projeto apresenta filmes educativos para toda a comunidade, com o propósito de aproximar a família e melhorar a vida das crianças.


Distante da vida corrida da metrópole, assim vive o Bongi, com suas casas, seus moradores e suas tranquilas ruas. Após percorrer mais um bairro da capital pernambucana, fica o sentimento de que a cidade está presente em cada comunidade, em cada morador de uma forma específica e que juntos formamos essa forte diversidade cultural recifense.

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