Por trás das cortinas: Totem, o teatro performático e resistente como as grandes árvores frutíferas

Fred Nascimento e Lau Veríssimo. Foto: Uirá Veríssimo
Por Manoel Constantino

Em agosto de 1988 nascia uma companhia, um grupo de teatro inquieto, buscador de linguagens, sem medo de rupturas, disposto a questionar e conversar com o tradicional, mas abrindo os olhos para o presente, para o homem contemporâneo sem sentimentos de culpas. Na horizontalidade, onde a criação pertence a todos do grupo. Hoje, o Totem comemora 25 anos e a Agenda Cultural do Recife tem o prazer de entrevistar Fred Nascimento, o artista-semente dessa longa e frutífera jornada que ao lado de Lau Veríssimo mantêm viva a chama e a paixão pelas as artes cênicas.

Manoel Constantino - Há 25 anos o Totem percorre um caminho quase solitário quando falamos de um teatro performático aqui em Pernambuco. Como foi o processo para chegar a este caminho?

Silência por Claudia Rangel IV. Foto: Divulgação
Fred Nascimento - Já fomos mais solitários, com o passar dos anos, tem surgido artistas e grupos que pisam nosso território, quando não o habitam. Também é fácil entender porque fomos solitários por um bom tempo, nossa arte é um confronto direto com a autoridade em si. Temos posições que vão de encontro aos cânones estéticos, às leis do drama, a tradições que não ecoam em nós, a ter que montar autores dramáticos, ao teatro que tem que acontecer em palco, que tenha que ter uma arquitetura anterior à montagem. Nossa dramaturgia, encenação e tudo o mais, são processuais. O tipo de trabalho que fazemos contraria a ideia da produção teatral ser apenas a encenação de uma peça, a realização ou interpretação de um texto. Trilhamos um caminho que não passa por conhecer intensões do autor, é outra coisa. Desde que começamos, nossas ideias coadunam com procedimentos que vêm acontecendo no mundo, há décadas. Basta ver o Living Theatre na década de sessenta, que construiu textos para performance, textos performativos. O The PerformanceGroup de Richard Schechner, grupo de teatro experimental performático de New York, que levava à cena “trabalhos” apresentados dentro de “eventos”, faziam “teatro de ambiente” (environmentaltheater) – não partiam da “peça de teatro”. Nós não conhecíamos esses trabalhos quando começamos no início dos anos 80, os descobrimos tempos depois.O fato é que esse ‘modus operandi’ de produção/criação artística, desloca o centro do teatro para a performance, para a ação efetivamente realizada, para o corpo, a presença, para a linguagem da cena, para o que Richard Schechner chama de texto performativo (performance text), que pode perfeitamente dispensar o texto dramático. Isso mexe com muita coisa, com conceitos arraigados do que vem a ser teatro, com mercado, com controle de produção. Quem controla os meios de produção? No Totem os atores/performers, os músicos, e outros artistas envolvidos nas criações, são coautores e produtores de sua arte. Aqui, na década de setenta Carlos Bartolomeu com o Teatro Experimental de Olinda, experiênciou a dramaturgia do fragmento, o Vivencial e o Ponta de Rua, ambos de Olinda, também foram transgressores, cada qual a seu modo. Nos anos oitenta a Cia. Ilusionistas trabalharam uma dramaturgia renovadora e de encenações impregnadas de performances, assim como o Trem Fantasma. Nesse período outros grupos também trilharam pelo experimental, pelo performático, um quase movimento de um “teatro alternativo” pulsante e renovador.

Rebentum por Claudia. Foto: Divulgação
Mas vamos à história, ou melhor, existe uma pré-história do Totem, o início do nosso percurso. Desde sempre preferimos o experimental, a pesquisa, a performance. Nosso caminho começou a ser trilhado ainda na década de 80, no Abraxas, espaço cultural, galeria e bar (1983/1984) na Rua de São Bento em Olinda, onde eram realizados shows, festas, eventos poéticos performáticos, e muitas performances. OAbraxas, pelo seu perfil anárquico, transformou-se num território livre para a experimentação artística, um espaço que congregou artistas de diferentes naipes, independentes, franco-atiradores, kamicases, músicos, poetas, performers. Lá Nasceu o Trem Fantasma, um grupo de teatro experimental, nossa ‘escola’ de performance. Com o trem fantasma iniciamos a fusão do teatro com a performance. Ali sim, fazíamos o que queríamos como queríamos, as regras eram nossas.
O Trem Fantasma surgiu da necessidade de se criar um canal de escoamento das nossas ideias, alguns artistas se organizaram de maneira cooperativada. Durante sua existência, o Trem Fantasma passou por fases distintas, agregou artistas ligados ao teatro, à dança, poetas, artistas plásticos e estudantes de arte. A primeira performancedo grupo foi O Lobo da Estepe (1983), construída a partir de livre apropriação de trechos extraídos do livro homônimo de Herman Hesse apresentada no Abraxas. O roteiro dessa performance foi perdido, mas era uma performance ritual, baseada no ‘teatro mágico’ descrito no livro O Lobo da Estepe. Outro trabalho importante foi Penso Nessa Vida, (1985), criado a partir de poema de Paulo Costa e Ricardo Pessoa. Essa performance foi apresentada no evento O Despertar dos Magos, uma festa performática no Bar e Espaço Cultural Fundo do Poço, no Poço da Panela. A produção mais arrojada do Trem Fantasma foi a performance ritual Zona Fantasma - Rock Performance (1987), também apresentada apenas uma vez, dentro do evento com o mesmo nome. Construída a partir de fragmentos de um poema de Jorge Mautner, cuja temática é baseada na condição humana descrita por Nietzsche. Estes trabalhos já estavam contaminados pelas ideias do teatro da Crueldade de Antonin Artaud, nossa mola impulsionadora. Experimentamos alguns elementos estruturais de linguagem, que hoje fazem parte da poética do Totem, como a ritualidade, a não utilização do texto dramático, a fusão do teatro e da dança, um corpo evidenciado, estrutura não linear, a colagem de textualidades, amplo espaço para criação em cena, a interação com o público, palco sem limites, cenas simultâneas, o uso de elementos sensoriais, textos em off, o uso de recursos eletrônicos como componentes importantes do corpo da encenação, e principalmente a quebra da hierarquia entre os elementos constitutivos da encenação.
Ímã por Fernando Figueirôa
Paralelo ao Trem Fantasma, eu trabalhava no CEO, colégio localizado em Olinda - Cidade Alta, onde desenvolvia um trabalho laboratorial de teatro performático, com um grupo que mais tarde viria a ser o Totem, na verdade, um Totem amador, estudantil. Muitas das ideias experimentadas no Trem Fantasma migravam para o Totem e vice-versa. Enfim, ao sair do colégio, um bom número de participantes continuou trabalhando comigo, e o grupo se tornou independente, momento da chegada de novos integrantes, como Tereza Farias, que trabalhou um bom tempo comigo, e Lau Veríssimo do Trem Fantasma. Fundamos ‘oficialmente’ o Totem em 27 de agosto de 1988.
Voltando os olhos para o presente, atualmente assistimos a instalação de um novo paradigma, vemos coisas acontecendo nas nossas artes cênicas que não existiam anos atrás, trabalhos híbridos, infectados pela performance. Para citar alguns nomes como Visível Núcleo de Criação, o Teatro de Fronteiras, o d’Improvizzo Gang, o Coletivo Grão Comum, o Coletivo Loucura Roubada, no teatro, temos também na dança, a Cia Etc, o Coletivo Lugar Comum, além de inúmeros performers como Júnior Aguiar, Eli Maria, Conrado Falbo, Kleber Mendonça, Angélica Costa, Jailson Oliveira, Letícia Damasceno, Liana Gesteira e tantos outros.
Os experimentos do chamado teatro alternativo dos anos 1980 abriu alguns espaços e reverbera nos dias atuais, muito do que foi experienciado cenicamente por artistas e grupos pioneiros, criadores de uma dramaturgia ajustada para espaços não convencionais, estão sendo refeitos e ampliados pelas novas gerações. Atualmente os procedimentos de atuação não só se pautam pelos antigos métodos de interpretação, os atores buscam se colocarem de maneira mais efetiva no espetáculo, levando mais verdade e menos mimeses para a cena. Algumas encenações já são bem mais performáticas e/ou performativas, do que as de alguns anos atrás. Vemos performatividade nos trabalhos do Poste, do Angu, do Magiluth. Vemos que a produção de performancese de espetáculos de teatro e dança infectados pela performance tem crescido, apenas não é tão vasta, em comparação com os espetáculos convencionais, mas significativa, o suficiente para arranhar a tradição mais cartesiana. Um movimento que aos poucos começa a colocar a fala do corpo em evidência, colocando-o como veículo de se falar das coisas do mundo.

Nicho Portal do Imaginarium
Manoel Constantino - Como vocês não sobrevivem de editais, como o Totem desenvolve os seus projetos e quais formas de sustentabilidade?

Fred Nascimento - O Totem é um grupo de pesquisa de linguagem, com uma linha de atuação performática, pós-dramática, (conceito criado por Hans Thies-Lemann), no qual também nos encaixamos. Nos nossos laboratórios trabalhamos com a pedagogia da performance, um movimento mundial emergente de prática experimental, uma pedagogia humanística, que coloca o sujeito no centro do processo, que promove o encontro de individualidades criadoras – sejam performers, professores, encenadores, estudantes. Realizamos estudos teóricos/práticos das artes do corpo, e também outros campos do conhecimento como a antropologia e a psicologia, realizamos laboratórios corporais, ensaios e apresentações, também promovemos oficinas, ministradas por nós e por artistas convidados, tanto daqui quanto de outros estados.Dentro desse processo, assumo o papel de manter alimentado nosso campo conceitual e de atuação artística, além de organizar a pesquisa e criação artística do grupo, ligando o trabalho dos diversos artistas, (atores-performers, músicos, artistas visuais) envolvidos na criação de nossas performances e espetáculos performáticos. Nossa sobrevivência se deve a diversos fatores, o primeiro é que amamos muito o que fazemos, acreditamos intensamente naquilo que fazemos, também. Do ponto de vista prático, existe uma autogestão, não ainda como uma empresa, pois não sobrevivemos do grupo, mas desejamos isso, e sim impulsionados pela proposta artística/estética do grupo. O dinheiro que entra é dividido em partes iguais, sem distinções, e sempre deixamos algo em caixa para as necessidades do grupo. Já realizamos mais de cinquenta trabalhos, dentre os quais, apenas a pesquisa A Performance do Humano: da pedra ao caos, foi financiada pelo Funcultura, todos os outros foram bancados pelo próprio grupo. Os custos de nossas oficinas e cursos são cobertos pelas matrículas e/ou mensalidades pagas pelos participantes. Como se deu recentemente com a oficina Corpo Ritual. O Totem conta também com uma ampla rede solidária, formada por amigos, e ex-membros do grupo, que por acreditar no que fazemos, ajudam-nos a viabilizarmos nossos projetos, abrindo portas, espaços, corações. Importante lembrar que muitas das nossas produções encontram canal de circulação nos eventos de artes visuais. Algumas vezes parte dos cachês são utilizados para financiar o trabalho seguinte. Também existem projetos que nós trabalhamos com artistas convidados, e em parceria, como aconteceu com a oficina Corpo Ritual, na qual trabalhamos com cinco fotógrafos, cujo resultado estético, foram as foto performances, uma linguagem que estamos pesquisando e buscando.

MITA - Inaê Veríssimo em Performance por Fernando Figueirô
Manoel Constantino - Para o Totem, quais as principais lutas do cotidiano?

Fred Nascimento - Criar não é problema, é só ter tempo para fazê-lo. Problema é ser um grupo criador, que não se enquadra nos parâmetros hegemônicos do que é teatro ou do que o teatro deveria ser. É o artista não sobreviver de seu trabalho, o que o obriga a ter outras profissões a fim de se sustentar. Outra dificuldade é escoar o trabalho artístico, numa cidade pequena e míope do ponto de vista cultural, como a nossa, onde conseguir pautas nos teatros públicos, por exemplo, que são ‘tratados’ como se fossem privados, é um absurdo. Difícil é conseguir participar de eventos que são capitaneados por pessoas de olhos velhos, daí vem o ‘não espaço’, o ‘não convite’. Tudo isso já foi pior.Triste é perceber que no meio de gestão cultural há profissionais que desconhecem totalmente o que é contemporâneo, o que é híbrido, o que é pós-dramático, o que é performático, que não entendem o que você faz. Comissões que pegam teu projeto e te transformam em réu. Onde o importante não é ver que ali existe uma proposta interessante, e sim procurar algum motivo, alguma brecha, para limar seu trabalho de um edital ou de um festival.Luta, é sempre ter que perceber quem é verdadeiro e quem não é, no meio artístico. Já tivemos, por mais de uma vez, ideias roubadas, por pessoas que participaram de comissões.

Manoel Constantino -  Na opinião de vocês, quais seriam os instrumentos para uma verdadeira política pública para as artes cênicas?

Fred Nascimento - Discutimos muito sobre esses problemas no Movimento GRITE, durante os últimos anos, há algumas coisas que poderiam se tornar reais, mas para isso seria preciso vontade política. Vou falar do ponto de vista de grupos, principalmente os grupos de pesquisa permanente de linguagem, não de produtores culturais. São muitos os pontos para serem apontados, vou tentar elencar alguns: 1) Um ponto primordial seria um fomento (subsídio) exclusivo para a manutenção dos espaços (sedes) dos grupos, que mantêm seus espaços funcionando a duras penas, pois os grupos prestam um grande serviço para a sociedade, isto é, ao oferecer cursos e oficinas, estão garantindo a perpetuação das artes cênicas para as futuras gerações, estão iniciando pessoas na linguagem, levando profissionais a ampliarem seus repertórios, fomentando a pesquisa e a criação. Os espaços também garantem a montagem de novos espetáculos. O Totem já teve dois espaços, o Espaço Totem no Pátio de São Pedro (2005/2007). Lá promovemos oficinas, festas, A Mostra FRONT – que reuniu dez grupos de Recife, também alugávamos o espaço para ensaios de outros grupos, lá o Grupo Omoiós montou A Chegada da Prostituta no Céu, lá o Totem montou o espetáculo “Caosmopolita” e algumas performances, das quais a mais importante foi  “Como Uma Lua Alta Sobre a Impossibilidade” a partir do universo de Charles Bukowski. Depois tivemos o Espaço Totem na Av. Cruz Cabugá, (2010/2012), nos quais aconteceram inúmeros eventos e atividades formadoras. Lá realizamos a pesquisa “A Performance do Humano: da pedra ao caos”, quando mergulhamos nos rituais, resultando nas performances Silência, Rebentum, Ímâ e Mita. Ambos foram mantidos com recursos próprios, e fecharam justamente pela dificuldade de mantê-los funcionando. Os espaços de grupos fecharem por não conseguirem se manter, em Recife é uma regra. 2) Outro ponto importante seria a inclusão dos espaços dos grupos na grade produtiva dos festivais, todos eles. Uma política que incentivasse a ocupação das sedes dos grupos com apresentações, residências artísticas, oficinas, roda de dialogo, demonstração de trabalhos, debates sobre processos de criação, entre outras ações, durante os festivais. 3)Outro ponto importante seria a criação de uma rede de residências artísticas subsidiadas pelo poder público. Por exemplo, atualmente quando o Totem traz alguém de fora, tem que arcar com todas as despesas, inclusive garantir hospedagem e passagens para os profissionais. O que demanda um enorme esforço para trazer propostas artísticas importantes para a cidade. 4) Outro ponto primordial, que discutimos muito no GRITE, é a ocupação por grupos de artes cênicas, cooperativados, de espaços ociosos e/ou abandonados, casarões, galpões, etc.Não se trata da implantação de ‘usinas de cultura’ ou coisas do tipo, a proposta seria esses espaços serem geridos pelos próprios grupos, à sua maneira, sem o dedo institucional. Fazendo florescer arte em todos os cantos da cidade. Sem falar dos próprios teatros municipais, que não se abrem para ensaios, que poderiam abrigar ensaios durante vinte e quatro horas, ininterruptamente.
Os grupos desempenham um papel formador e de pesquisa que o poder público não faz, portanto deveria ser subsidiado sim, é um dever do estado. A política neoliberal é excludente, vivemos uma ditadura dos editais, e em se tratando de arte, nem tudo dá lucro, nem tudo pode ser vendido, principalmente o ensino e a pesquisa.
Além do mais, quando um grupo tem seu próprio espaço, ele tem facilidade de criar sua identidade, ou melhor, sua singularidade. Se manter produtivo tendo que peregrinar em outros espaços é cansativo, pois há o inconveniente de transportar materiais, instrumentos, equipamentos, etc. Um transtorno. Um espaço próprio permite um maior aprofundamento nas pesquisas, na linguagem, ampliando o campo de criação. Permite a troca com outros profissionais, a vivência de outras experiências.
Esses pontos que elenquei, não podem depender de leis de incentivos, SIC, ou coisas do gênero, é uma linha de financiamento a fundo perdido mesmo. O poder público tem a obrigação de convidar os grupos para discutir, saber das dificuldades, saber sobre suas ideias, etc. Agora nada disso se faz sem dinheiro, chega de negação e de pires na mão. O poder público tem que querer enxergar, fomentar e garantir tudo isso. Sabemos que é difícil porque atualmente as corporações empresariais encarregam-se de governar, o capitalismo dita as regras do jogo, e os que ocupam as gestões apenas antenas repetidoras da forma empresarial de gerenciar. Não há espaço para propostas ousadas e realmente inovadoras, os gestores das instituições públicas, têm a obrigação de ter visão ampla e enxergar além, pois temos fortes tradições populares, mas também temos as mais diversas manifestações da contemporaneidade. Existem “teatros” e “teatros”, e não apenas o teatro. O papel do gestor público é enxergar a multiplicidade estética.

Manoel Constantino - Quais são os "segredos" para manter uma companhia há 25 anos, com trabalhos ininterruptos?


Fred Nascimento - Não há segredos! Trabalho!  Trabalho!  Trabalho! Um fator que nos mantêm vivos, produzindo, é que somos obstinados, não medimos distâncias nem esforços. Nossa proposta artística atrai pessoas que pensam próximo ao que pensamos, que acreditam no que fazemos, na maneira como fazemos, no nosso processo de criação. Viemos na pós-modernidade, e isso reflete no que fazemos, somos artistas do tempo em que vivemos, do tempo presente, pois se o artista não for uma pessoa do seu tempo, do tempo presente, passa a ser um reprodutor de arte morta, fica apenas repetindo fórmulas alheias. As formas artísticas são frutos do tempo histórico, depois perdem o sentido. Há também um fluxo no grupo, mas os artistas que passaram pelo Totem estavam interessados em romper fronteiras e invadir territórios. Gente como Alexandre Nunes, Nara Salles, Jailson Oliveira, Angélica Costa, e outros, que contribuíram para o crescimento do Totem e levaram muitas ideias, que de alguma maneira foram reprocessadas e ampliadas mundo afora. Todos eles alimentaram e sustentaram o Totem todos esses anos. O fato de trabalharmos com a quebra da hierarquia, a horizontalidade de criação, fazendo de cada participante um criador em potencial, um sistema contrário aquele em que concentra a criação e o ‘poder’ na mão de um ou de poucos, talvez seja um fator agregador, impulsionador e perpetuador do grupo. Outro ponto que posso relacionar como importante é que somos uma escola de arte, onde socializamos pesquisas e conhecimentos, numa tentativa de democratização de conhecimento em arte. Há também nosso público, que nos acompanha e lota os espaços onde nos apresentamos, é essencial. Nas recentes apresentações no XXII Congresso da FAEB, na Mostra PE, na mostra a Porta Aberta, na VII Semana de Cênicas da UFPE, na qual fomos homenageados, entre outras, sentimos um enorme carinho e curiosidade em relação ao Totem, principalmente da rapaziada. Posso dizer que há um crescente interesse pelo nosso trabalho por parte das novas gerações, isso também nos fortalece. Há também o interesse de pesquisadores acerca do nosso trabalho, que também tem crescido, e se transformam em artigos, TCC’s, monografias, dissertações, teses. Há também grupos e coletivos que estão realizando re-performances de nossos trabalhos, como o fórum de Encenadores de Natal/RN, coordenado por Naira Ciotti. Bem, continuamos, pois apesar de solitários, estamos bem acompanhados. 

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