Meu bairro... Moro aqui: Córrego do Jenipapo

No período do Carnaval, o local ferve com
os grupos carnavalescos
Texto e fotos: Gianfrancesco Mello

Integrante da 3ª Região Político-Administrativa e situado na Zona Norte do Recife próximo aos bairros de Dois Irmãos, Nova Descoberta e Macaxeira, mais precisamente no final da Avenida Norte, uma das principais artérias de trânsito da cidade, o Córrego do Jenipapo está localizado em um dos pontos mais altos da Veneza brasileira. Logo de início, parece uma área urbana qualquer. No entanto, ao conversarmos com os moradores, percebemos detalhes históricos e culturais peculiares. No período do Carnaval, o local ferve com os grupos carnavalescos O Corno do Sofá, Alto da Rola em Folia, Bloco do Vampiro, As Catraias do Fernandinho e Grupo Cultural Tupinambá, que anima a região com o seu Maracatu Nação Tupinambá. Para nos explicar melhor sobre esse bairro, convidamos o secretário do Maracatu Nação Tupinambá, Luiz José de Melo, e a moradora Iêda Ventura, que há 58 anos ajuda a construir a história do bairro.

Nossa guia Iêda Ventura
De acordo com Iêda, o nome do bairro surgiu porque existiam muitas plantações de jenipapo. Trata-se de um fruto do jenipapeiro, árvore nativa das Américas do Sul e Central. Chega a medir 14 m de altura e 60 cm de diâmetro. A fruta de polpa aromática, ácida, de cor marrom clara que chega a ter 10 cm de comprimento e 7 cm de diâmetro, pode ser usada na feitura de compotas, doces, xaropes, sucos, refrigerante, sorvetes, licores. Na região, também existia um riacho de água corrente (hoje, esgoto). Por esse motivo, os primeiros moradores batizaram o lugar de Córrego do Jenipapo. “Há uns 60 anos, existia a família Campos, que se dizia dona de toda essa região do Córrego. As pessoas que vinham do interior ou até mesmo de outras regiões do Recife compravam os terrenos dessa família. Na Era Arraes, o Governo comprou os terrenos dos Campos e isso tudo aqui passou a ser do Estado”, pontua.

O Córrego do Jenipapo está localizado em um dos pontos mais altos da Veneza brasileira
Ainda segundo Iêda, na década de 1970, trabalhos voluntários começaram a ser desenvolvidos na Igreja católica do bairro. “Foi a partir desse trabalho que começamos a nos organizar melhor. Surgiu, então, algum tempo depois, a Comissão de Moradores. Essa comissão resultou na criação da Associação dos Moradores do Córrego do Jenipapo”, completa. E foi com união e dedicação que conseguiram a Capela São José, construída há mais de quarenta anos, onde funcionava a Escola Monsenhor Teobaldo Souza Rocha, pertence à Paróquia da Macaxeira. Também não podemos esquecer de Seu Antônio “Abelha”, dono de um fiteiro que funciona no local há muitos anos e é muito conhecido na região.


Rua Erundina Negreiros de Araújo
Percorrendo as Ruas Adolfo Caminha (antiga São José), Erundina Negreiros de Araújo, Fernandino, Nove de Março, Extremoz, Popular, Três Morros, Álvaro Flores, Bento de Abreu, Pedro Toledo, Trajano Morais, Dias Adorno, Alto dos Coquinhos e Alto do Pitu, pudemos perceber a tranquilidade do local. Foi andando pelos logradouros que chegamos até o Largo Popular e ainda ao Largo do Maracanã (atualmente o terminal da linha de ônibus homônima). Os largos servem de point para festas e encontros. No Largo do Maracanã, pode-se encontrar o Barracão (posto de saúde), que funcionava desde 1995 e foi interditado em janeiro de 2012 por se situar perto de um canal. Caminhando pela Rua Erundina Negreiros de Araújo, deparamo-nos com o Cruzeiro F.C., que serve como opção para quem quer curtir um pouco de pagode, samba ou brega.

Cruzeiro F.C., na Rua Erundina Negreiros de Araújo
Voltando às riquezas culturais do Córrego do Jenipapo, Luiz Melo nos explica que o Grupo Cultural Tupinambá ganhou força com a criação do Maracatu Nação Tupinambá. Segundo ele, o gosto pelo ritmo surgiu por causa das frequentes visitas à Noite dos Tambores Silenciosos. “Foi inspirado naqueles batuques que trouxemos a oficina de percussão para a sede do grupo. Pouco tempo depois, estávamos nos filiando à Federação dos maracatus. No decorrer dos anos, precisamente em 2013, chegamos ao primeiro grupo. O nosso objetivo agora é conquistar espaço, cada vez mais, e brigar pelo título”, explica.

Nosso guia Luiz José de Melo
Os ensaios da agremiação acontecem na sede, que fica na Rua Araripe Júnior, todas as terças, quartas e quintas-feiras, das 19h30 às 21h. Aos domingos, os ensaios são realizados das 15h às 19h. Com 50 integrantes permanentes, o grupo conta com oficina de percussão. Na Rua do Vasco, no Vasco da Gama, eles ainda participam de criação de adereços e escolha de figurino. O nome Tupinambá se deu por causa de uma nação indígena que habitava várias áreas do litoral brasileiro. As diversas tribos tupinambás possuíam uma língua comum, conhecida como tupi, porém não mantinham uma unidade e chegavam até mesmo a guerrearem entre si.


O sol já começa a sua despedida e, com a sua partida, deixamos o Córrego do Jenipapo. Em meio ao fluxo de veículos que percorrem a BR 101, pode-se dizer que há, no Recife, um bairro pacato, com pessoas especiais e esforçadas que lutam para manter viva a cultura local e a tradição de um povo guerreiro. 

Mais fotos:

Largo do Maracanã

Largo Popular
Um dos locais de ensaio do Maracatu Nação Tupinambá
Estandarte do Maracatu Nação Tupinambá, que foi criado em 1998

Comentários

  1. Eu morei no corrego do jenipapo a minha vida toda o bairro esta bem evoluido minha família toda mora aqui .desde 1970.beijo meu querido corrego do jenipapo.

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  2. Eu morei no corrego do jenipapo a minha vida toda o bairro esta bem evoluido minha família toda mora aqui .desde 1970.beijo meu querido corrego do jenipapo.

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  3. também morei no córrego.Rua do Maracanã. tenho muitos amigos e parentes.faz muitos anos que não apareço ai.sinto muitas saudades.que tal colocar mais fotos.

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  4. Estou fazendo uma pesquisa genealógica sobre esse lugar jenipapo. Alguém que tenha morado na vila de jenipapo e que tenha ou seja parente do Manuel Alves de Veras?

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    1. Eu sou parente de Sebastião lopes cordeiro e Mariana araujo

      .minha avô nasceu aí..

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  5. Assisti agora (16/12) no NETV que a biblioteca do bairro estava recebendo livros, coleções, etc. Tenho muitos livros para doar. Contato (81)99150.2263 (ligação ou WhatsApp)

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    1. Eu também tenho alguns livros para doar á biblioteca. Preciso do endereço completo. Vc tem?

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  6. Eu nasci no Córrego do Genipapo.Sou filha do senhor Eliodorio e Etelvina.Moravamos na terceira casa da rua principal do bairro.

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  7. Eu sou Edinaldo A Silva. Meu pai Manoel Aleixo da Silva. O primeiro enfermeiro do córrego Jenipapo. Moramos perto da casa do Sr neco siri

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