Por trás das cortinas: Jeison Wallace

Fotos: Divulgação
Por Manoel Constantino
A arte, na Grécia Antiga, era representada por duas máscaras: a da tragédia e a máscara da comédia. Enquanto a tragédia trata dos homens superiores (no conceito grego da época), a comédia nos falas dos homens inferiores (pessoas comuns da pólis), conforme o filósofo Aristóteles, em sua Arte Poética. Nos festivais gregos, o júri das peças trágicas era formado por pessoas da nobreza enquanto o júri das comédias era formado por pessoas sorteadas da platéia. Então, qual a importância da comédia? Com as peças cômicas havia a possibilidade democrática de satirizar a todo tipo de ideia e, assim como hoje, ninguém ficava a salvo de ser alvo das críticas e até mesmo os Deuses não eram poupados.
Hoje a comédia tem seu espaço garantido nos teatros e nos vários meios de comunicação e sua forma crítica passeia por várias esferas, desde a política a esfera social, sendo consumida por um grande público consumidor.
Por trás das cortinas entrevista um dos maiores humoristas do Recife, Jeison Wallace, que há mais de duas décadas defende no palco e também na televisão uma personagem: Cinderela, que já virou até tese de mestrado. O carisma de Jeison Wallace e a enorme paixão por tudo que faz, o transformou num artista que é referência para muitos que desejam trilhar o caminho da comédia. Do ator, do autor e diretor, um pouco para vocês.
Cinderela e Gugga Macel
Manoel Constantino – Como você analisa sua carreira artística, desde sua estréia até o comando de um programa de televisão, quais foram os obstáculos e o que você considera como os melhores momentos?

Jeison Wallace - Bom, acredito que a minha carreira começa desde a infância,adolescência quando despertou em mim a vontade de atuar,cantar,o gosto pelas artes. Meu primeiro público, costumo dizer, foi a minha própria família,minhas irmãs para quem eu amava fazer imitações,músicas,paródias. E já na adolescência entrei num curso de teatro em Olinda com o queridíssimo professor Carlão e, posteriormente, passei a fazer espetáculos infantis, adultos e atuar também nas casas de shows na cidade fazendo personagens de humor. Também tive a grata satisfação de ser premiado no V Festival de Teatro de Bolso - TEBO - como ator revelação o que impulsionou meu início de carreira.


Descobri humor nos primeiros trabalhos tendo a resposta imediata do público traduzida em gargalhadas. Tive a certeza de que esse era o meu caminho – inicialmente o meu primeiro sonho era ser cantor. O público foi quem me direcionou, me conduziu e me presenteou com o sucesso, graças a Deus.

Um dos grandes momentos da minha carreira? Bem,no teatro foi o surgimento,a construção e a consagração do meu personagem Cinderela -  que surgiu no espetáculo escrito por Henrique Celibi: Cinderela a estória que sua mãe não contou. Foram o nove anos ininterruptos com enorme sucesso.

Preta de Neve e 1 anão
E a televisão foi uma conseqüência desse personagem. Fiz meu debut nas transmissões de carnaval da TV Jornal para anos mais tarde ganhar um quadro de 15 minutos, depois um programa semanal e em seguida um programa diário o Papeiro da Cinderela, ainda na TV JORNAL/SBT e hoje o Clube da Cinderela/TV Clube/Record. Ainda na TV um dos grandes momentos foi a minha participação semanal no programa da Eliana no SBT. E destaco também a minha parceria com o humorista Nairon Barreto - o Zé Lezin – “Em briga de Marido e Mulé ninguém mete...”

Obstáculos? Os obstáculos sempre surgem, pois fazer um programa de humor diário - o único no Brasil - é um grande desafio. É um exercício diário de criatividade procurando superar a nós mesmos sempre.

A gente trabalha muito. A minha convivência com meus amigos, colegas é muito divertida no trabalho. Trabalhamos com prazer e alegria e isso as pessoas de fora sentem. Os bastidores, camarins são tão divertidos quanto o que vai ao ar na TV ou no palco do teatro. Isso reflete.

Manoel Constantino – Além de ator, como surgiu a necessidade de escrever comédias e também dirigir?  Quais foram os motivos e como você sente-se trabalhando em várias áreas?

Jeison Wallace - Essa necessidade criar e dirigir surgiu da vontade não de querer impor as minhas idéias - mas de procurar atender melhor o que o público espera, cria expectativa de mim. Escrever é uma necessidade de traduzir um turbilhão de ideias que estão dentro de mim, batendo pra sair. Hoje eu tenho uma parceria muito feliz com meu produtor Gugga Macel que há muitos anos é o roteirista do programa na TV e de alguns espetáculos. Essa parceria funciona super bem onde eu trago as minhas ideias, minha vivência com o humor e ele desenvolve o texto agregando outras ideias, discutindo,debatendo até alcançarmos um resultado que a gente diga: realmente está pronto pra ser transformado em ação. A gente procura, de forma até artesanal, digamos, trabalhar cada elemento, cada nova ideia dos textos. E a minha direção tenta dar o tom para conduzir aquilo que foi criado e desenvolvido na arte de fazer rir. Trabalhar em varias áreas nos torna mais amplos, múltiplos. Só pelo fato do humor ter um efeito muitas vezes terapêutico e transformador na vida de cada pessoa já é um dos grandes motivos que me faz continuar a minha carreira e querer trabalhar cada vez mais. 

Manoel Constantino – Quais são os seus próximos trabalhos e como você pretende lançá-los?

Jeison Wallace - Continuo com o meu programa diário na TV, de segunda a sexta, às 13h40 - também viajando bastante com meu parceiro,amigo Zé Lezin, com o nosso espetáculo, há mais de 8 anos em cartaz.

Ultimamente, a montagem dos nossos espetáculos tem um tempo maior de preparação. Passamos um ano preparando e ensaiando Preta de Neve e um Anão que está a dois anos em cartaz. E o próximo espetáculo (há quase um ano ensaiando e preparando) e encabeçado pelo ator Flavio Luis é: Mãezona - A Comédia. Existe figura mais agradável e tão próxima a nós do que a mãe? Nessa comédia retrataremos alguns diferentes tipos de mães, mulheres que povoam o nosso universo de forma muito, muito bem humorada. 

Manoel Constantino – Teatro e televisão. Duas linguagens e públicos também diferentes. O que você diria para um jovem artista que deseja atuar nesses dois veículos, quais são os caminhos e como lidar com a carreira?

Jeison Wallace - Realmente o teatro e a TV são duas linguagens bem diferenciadas. A TV é intimista, está ali enquadrada, fechadinha em você e recheada de detalhes - às vezes técnicos que não dependem somente da gente. E você consegue alcançar milhares de pessoas. No Teatro a gente tem mais liberdade. Até a linguagem que usamos no palco é diferente. 

E para quem está iniciando a sua carreira eu diria que todo artista quando está começando sempre busca em quem se espelhar. A Elis Regina começou se inspirando na Ângela Maria e depois trilhou seu próprio caminho iluminado. Eu tive artistas como referência como o meu saudoso, amigo maravilhoso o ator Luiz Lima. Aprendi demais com Lima. Também o Chico Anysio que, sem dúvida, foi para mim um grande mestre. Anos mais tarde tive a honra de dividir o palco em algumas de suas apresentações. O Chico deu um Up na minha carreira. 

Mãezona - A comédia
Foi de muita importância, uma glória. As pessoas passaram a acreditar mais em Cinderela. Foram nessas apresentações com Chico que surgiu o convite dele para que a Cinderela fosse a nova contratada da escolinha do professor Raimundo na Rede Globo. Infelizmente, o programa deixou de ser realizado pouco tempo depois.

Aprendi muito com o Chico Anysio. E uma das coisas que mais me marcaram foi quando ele me disse: Jeison, você é ator. Além de muitas dicas e lições que só um mestre feito ele saberia. Chico um dia me disse: você é, ou não é engraçado. Não existe meio termo no humor. 

Por isso digo aos que estão começando a carreira: “Se espelhe e depois busque o seu próprio caminho, ouça, se veja, tenha autocrítica e revele o que há de melhor no seu talento. Mas cada um dentro dos seus talentos  - revelados,desenvolvidos  e aperfeiçoados. E estudar sempre !  O bom da vida é que nunca estamos terminados,concluídos. A gente meio que renasce todos os dias . Observem,sejam curiosos,tenham percepção das coisas e também das sutilezas. O segredo é observar,absorver e traduzir dentro da arte tudo que você carrega na sua bagagem. Sem perceber tem coisas que você pega aqui e usará lá na frente.

Vivo inúmeros personagens no Rádio, Teatro,TV . Eles são inspirados no que vejo e vivo nas ruas e é por isso que as pessoas gostam tanto da Cinderela, pois não é apenas uma invenção. Todos se identificam com ela e acabam se sentindo à vontade, como se ela fosse uma velha amiga, ou comadre. 
Se você pretende ser ator faça com que seus personagens tenham vida própria. Faça com gosto.


Que tenham hombridade e humildade como artistas. E sejam sensíveis e generosos com seus colegas. Plantem boas sementes, nunca fechem portas. As amizades valem muito mais que dinheiro ou qualquer outra coisa. O carinho que eu recebo nas ruas, em todos os lugares  onde vou é fruto do que procuramos plantar todos os dias. Isso é o que há de melhor e mais gratificante e colheremos durante toda a nossa existência. No fundo, no fundo.... bem lá no fuuuuuundo (risos)....buscamos ser artistas  pra ser amados.”  

MÃEZONA - Tem mãe que é cega, tem mãe coruja, mãe de aluguel, mãe canguru, mãe solteira, supermãe, mãe desnaturada, mãe liberal, mãe guerreira, mãe avó, mãe moderna, mãe natureza… Cada um tem uma mãe para chamar de sua. É nesse clima que a Ôxe Mainha Produções apresenta sua mais nova produção: MÃEZONA - A COMÉDIA. Trata-se de uma divertida homenagem a todas as mães que marcam a vida de todos nós. O hilariante espetáculo é uma criação de Jeison Wallace, a nossa querida Cinderela, que também assina a direção e a trilha sonora. Conta ainda, figurinos e adereços de Roberto Costa, com cenografia e projeto gráfico de Célio Pontes coreografias de André Lins, Projeto de Luz de Jathiles Miranda, execução de iluminação de Inaldo Fernando, execução de som de DJ Mosca Com texto de Henrique Celibi e Diógenes de Lima, o espetáculo reúne três divertidas histórias interpretadas por Flávio Luiz, André Lins, Diógenes de Lima, Múcio Ricardo, Vanessa Porto e Peterson Eloy. É um elenco afinado que agrega experiência, novos talentos do humor, beleza e tiradas engraçadíssimas. Será no Teatro Valdemar de Oliveira, aos sábados, às 21h, e aos domingos, às 19h.

Comentários

  1. mim chamo benedito zambeta 171 metro gostaria muito de participa do programa da cinderela vamos fazer um teste beneditocastrod@gmail.com prometo uma coisa sou feio pra pra ver 81988290695

    ResponderExcluir
  2. Esse programa papeiro da Cinderela da TV Jornal daqui de Recife é um programa superdivertido com sátiras do SBT e também das concorrentes

    ResponderExcluir
  3. Um quadro muito legal é o quadro blitz da Cinderela (sátira do extinto programa sabe ou não sabe de André Vasco na Band) onde toda semana cada personagem diferente vai até as ruas e cidades sortear Prêmios fazer perguntas e desafios

    ResponderExcluir
  4. Outro quadro muito interessante é o quadro cozinhando com a vovó (sátira aos programas culinários) onde no qual uma idosa muito louca com o seu assistente fazem um programa ao vivo fazendo receitas ruins que as pessoas não gostam como bolo de alho água de peixe entre outras

    ResponderExcluir
  5. Outro quadro de maior sucesso do programa é o caso de família sátira ao coisas de família de Cristina Rocha do SBT onde no qual cada treta e cada relato ruim sempre vão para as edições e no final todo mundo acaba em briga

    ResponderExcluir
  6. Outro quadro de maior sucesso é o é pau sátira do policialesco Cidade Alerta da Record onde no qual um Jornalista chamado Barbosinha sátira ao saudoso jornalista Marcelo Rezende aparece com a sua comentarista fofeia sátira do (comentarista Percival de Souza)aparecem com as matérias bombásticas e Engraçadas do dia junto ao lado de seu filho Barbosinha Little (sátira a Diego Esteves filho de marcelo rezende)

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

SÃO JOÃO SINFÔNICO

São João e Corpus Christi: confira o abre e fecha dos serviços no Recife

Natura Musical Apresenta: Bagaceira, Videoclipe de Dona Onete faz uma homenagem à cultura paraenseF