Circo: Índia Morena
Índia Morena. Fotos: Acervo Pessoal |
Por Gianfrancesco Mello
Cantora,
trapezista voadora, contorcionista, além de ter feito números com escadas e
arames. Assim foi a vida circense de Margarida Pereira de Alcântara, mais
conhecida como Índia Morena. Mulher destemida, Índia Morena, patrimônio vivo do
Estado, completa 70 anos de idade no dia 13 deste mês. Desses, 60 foram
dedicados ao circo. Aos 10 anos, ela morava com os cinco irmãos e a mãe no
bairro de Afogados, na Vila São Miguel, e ajudava no sustento da casa catando
crustáceos nos mangues do Recife.
“Quando
o meu pai faleceu, passamos por muitas dificuldades. Minha mãe começou a vender
tudo o que tínhamos. O circo foi uma maneira de eu sair daquela situação.
Estudei só até a terceira série. No dia 1º de junho de 1954, o Circo Democratas
chegou à vila que eu morava. Fiquei muito animada e participei de um concurso
de calouros. Acabei ganhando o concurso. Foi nesse dia que vi meu verdadeiro mundo”,
explica. A partir daí, apaixonou-se pela
arte circense e, posteriormente, deixou sua casa para seguir a carreira no
Circo Itaquatiara.
A
artista circense, com seis décadas sob as lonas, passou por modalidades como
trapézio voador, escada giratória e arame vertical. Entretanto, foi com o
contorcionismo que fez história. Em sua carreira profissional, Índia Morena integrou
mais de 50 circos. “Passei pelo circos Bartolo, Garcia, os argentinos New
American Circus e Real, além de ter me apresentando em países como Paraguai,
Uruguai e Bolívia”, pontua. Considerada uma das melhores contorcionistas de
Pernambuco, ela diz que nunca teve medo de cair ou se machucar, mas tem medo de
levar vaias do público.
Depois
de ganhar o Gran Londres Circo, em 1977, como pagamento de uma dívida que o então
proprietário tinha com ela, Índia conseguiu tirar o circo da crise financeira
que ele enfrentava na época e fez com que o circo sobrevivesse por muitos anos.
“A dívida que o proprietário tinha comigo nem era tão grande assim, mas, como
ele ganhou na loteria, acabou me dando o circo. No entanto, depois que meu
trailer pegou fogo com tudo dentro, parei com as atividades circenses.”
Mesmo
com todas as dificuldades, Margarida continua lutando para manter viva a arte
do picadeiro. “Eu e meu esposo, Maviael Ribeiro de Barros, batalhamos pelos
artistas e seus benefícios. A Associação dos Proprietários e Artistas Circenses
do Estado de Pernambuco, que coordeno e funciona na Casa da Cultura Luiz
Gonzaga, já possui quase dois mil associados”, frisa. Com tantas vivências,
Índia Morena ainda possui um sonho: “Queria ter um museu na minha casa. Tenho
muitas cartas, recortes de jornais, fotos e documentos que serão perdidos se
não forem bem guardados. Tudo isso contribui demais para a história do circo em
Pernambuco. Eu fiz história e continuo fazendo”.
Eu vou apresentar ela na escola e ela vai pra la
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