“O menino que vendia palavras” volta ao Recife para temporada na Caixa Cultura

Foto: Alexandre Coronato
Parietal, Tetragonóptero, Catáfora, Epísio, Nacele, Gorgolão, Hoste, Matroca, Alforje. Qual o significado das palavras? O universo infantil é recheado de curiosidades e conhecer todas as palavras pode ser encantador para as crianças. O prazer da descoberta é destaque em "O menino que vendia palavras", montagem baseada no livro de Ignácio de Loyola Brandão, vencedor do prêmio Jabuti de 2008. Com Eduardo Moscovis no elenco, o espetáculo volta ao Recife após excelente receptividade em maio do ano passado. Serão três apresentações nesta semana, dias 22 (às 10h e 15h) e 23 (às 11h), na Caixa Cultural, com ingressos a R$ 20 e R$ 10 (meia), à venda a partir de 20 de junho. Dia 21 haverá sessão fechada para estudantes de escolas públicas..

A direção de Cristina Moura e a dramaturgia de Pedro Brício apresentam uma montagem que dialoga com as crianças de maneira lúdica, com linguagem criativa e inteligente. Apostando em recursos visuais, o espetáculo tem projeções em vídeo, trilha sonora original com canção interpretada por Adriana Calcanhotto e figurinos e cenários que estimulam a imaginação. "O menino que vendia palavras" estreou em 2011, cumpriu temporadas no Rio de Janeiro e São Paulo e fez turnê pelas cidades de Belo Horizonte, Porto Alegre, Juiz de Fora, Brasília, Goiânia, afora Recife.

A peça foi montada em processo colaborativo de toda a equipe desde os ensaios no Rio. "Inventamos histórias, cenas, personagens, mas a narrativa que conduz o espetáculo e os conflitos principais são os originais da obra de Ignácio de Loyola Brandão. Gosto muito da liberdade, da imaginação, da força que o menino descobre quando se aventura pelo universo das palavras. É um livro que fala do prazer de ler, e de contar histórias e de entender o mundo", completa o dramaturgo Pedro Brício. 

Ele manteve o foco da adaptação na descoberta das palavras. "É uma aventura que oferece grande prazer intelectual e emotivo. Também destaquei a relação afetiva com o pai, passando da admiração à percepção de que ele é um cara normal, que também não sabe certas coisas. O momento da crise do não-sei é fundamental na peça."

Com forte apelo visual, opção da diretora Cristina Moura, a peça transita entre corpo, texto, imagem, pensamento. "Aqui, todas as disciplinas se combinam para promover essa viagem teatral. Há a tentativa de contar algo com palavras e com imagens, da mesma maneira que funciona o pensamento narrativo de uma criança", explica Cristina Moura (de "A mulher que matou os peixes ... e outros bichos", peça criada a partir dos textos de Clarice Lispector).

Pela maneira criativa e lúdica com que o assunto é tratado, o espetáculo não ganha tom didático ou enfadonho. "Ler pode ser uma grande brincadeira, uma aventura. E aquele que lê e se interessa por livros pode também brincar de pique ou bola ou surfar. Este é um dos focos da peça", explica Cristina. "É muito instigante debruçar-se sobre o universo infantil, que é estimulante, desafiador e delicado. Crianças são inteligentes e merecem ser tratadas com inteligência. O desafio é encontrar a maneira de dialogar com seu universo e também tratar de assuntos interessantes para eles", conta.

Eduardo Moscovis comemora a boa relação com o elenco da peça. "Somos seis atores em cena o tempo todo. Isso faz com que o espetáculo seja defendido e conduzido integralmente por nós. Encontrei um elenco bastante talentoso e  harmonioso, onde a troca existe como alimento cênico", diz o ator, que entre suas experiências com o público infantil está “Pedro Versus O Lobo”, que foi apresentado no Teatro Municipal do Rio de Janeiro há 10 anos.


O figurino explora elementos como utensílios domésticos, bolas infláveis ou pompons de lã. "Eles estimulam a imaginação, a liberdade de conceitos e formas e o exercício de intuir como criança, sem procurar sentidos, apenas agindo, construindo pelo sentimento", conta Thanara Schonardie, que utiliza materiais diversos, tons foscos e brilhantes, formas simples e abstratas. Criação de Paola Barreto, projeções em vídeo se revelam ao longo da peça. Animações em stop motion, gravações em estúdio e uma edição de milhares de imagens, em uma mistura de processos artesanais e digitais, são exibidas em três telas. A trilha original é assinada por Domenico Lancellotti e Pedro Sá e conta com participação de Adriana Calcanhotto, que gravou uma canção exclusiva para o espetáculo. Tomás Ribas está a cargo da iluminação.

Sobre a obra de Ignácio de Loyola Brandão:
O livro “O menino que vendia palavras” foi vencedor do prêmio Jabuti de 2008 como melhor obra de ficção. Para escrever esta história, o autor se inspirou em sua própria infância, na cidade de Araraquara, interior de São Paulo, nos anos 40. Seu pai, assim como o pai do personagem do livro, era um apaixonado pelas palavras que conseguiu formar uma biblioteca com mais de 500 volumes. Segundo Ignácio conta, foi o pai quem o incentivou a ler desde que foi alfabetizado. E revela outra verdade: sim, ele chegou a trocar com seus colegas de classe palavras por bolinhas de gude e figurinhas.

Ficha Técnica:
Baseado na obra de Ignácio de Loyola Brandão. Direção: Cristina Moura. Colaboração: Mariana Lima. Assistente de direção: Fernanda Félix. Dramaturgia: Pedro Brício. Elenco: Eduardo Moscovis, Pablo Sanábio, Leticia Colin, Renato Linhares, Luciana Froes, Raquel Rocha. Direção Musical / Trilha Sonora Original: Domenico Lancelotti e Pedro Sá. Figurino: Thanara Schonardie. Iluminação: Tomás Ribas. Vídeos: Paola Barreto. Produção Executiva: Marcia Goulart. Gerente de Projeto: Elisa Padilha. Coordenação de produção: Gabriela Munhoz. Direção de produção: Gustavo Nunes. Produção e realização: Turbilhão de Ideias Cultura e Entretenimento

Serviço:
"O menino que vendia palavras"
Caixa Cultural - Av. Alfredo Lisboa, 505, Marco Zero, Bairro do Recife
Dia 22/junho, às 10h e 15h
Dia 23/junho, às 11h
Ingressos: R$ 20 e R$ 10 (meia), à venda na Caixa Cultural a partir do dia 20, das 12h às 20h.
Informações: 3425-1900

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