Circo: Williams Sant’Anna – O Chicó

Apresentador de Circo.
Foto: Edvane Bactista
Por Gianfrancesco Mello

O Circo sempre encanta. Todos os meses, publicamos matérias sobre artistas, movimentos e instituições circenses. Para frisar a importância dessa arte, a Agenda Cultural do Recife entrevistou o ator e encenador, palhaço, educador, historiador e gestor público Williams Sant’Anna – O Chicó. Atualmente, ele é presidente do Centro Sociocultural de Promoção à Cidadania (Carcará) e diretor do Teatro Luiz Mendonça (Parque Dona Lindu). Além disso, Sant’Anna já integrou diversas comissões de análise de projetos de teatro e circo, dentre elas a comissão de seleção do Prêmio Funarte Carequinha de Estímulo ao Circo.

Agenda Cultural - Como começou o seu envolvimento com o circo?
Williams Sant’Anna - Meus pais sempre me levaram ao circo. A lona colorida, iluminada, aquele povo que chegava e partia... Tudo isso faz parte do meu imaginário desde criança. Na segunda metade dos anos de 1970 – ainda garoto –, integrei um grupo de teatro popular que se apresentava nas ruas e espaços alternativos de Camaragibe. Com ele, pisei pela primeira vez em um picadeiro. Era o Circo Mágico Alakazam que geralmente abria sua lona para receber artistas locais – os circos itinerantes ainda mantêm essa prática. Fiz um palhaço chamado Stromboly. Depois, fui me envolvendo com o teatro, fazendo o Stromboly vez por outra. Ao final da década de 1980 e início de 1990, por influência do professor Marco Camarotti, passei a olhar os circos também como objeto de pesquisa. E em 1997, criei ou encontrei Chicó da Burra, o meu palhaço. Em 2004, fundamos o Centro Sociocultural de Promoção à Cidadania (Carcará), no Cabo de Santo Agostinho. O Centro é uma ONG que desenvolve ações formativas na linguagem artística do circo e assessoramos os circenses tradicionais na gestão de seus circos.


AC - Atualmente, como está o cenário circense no Recife?
WS - A organização do movimento de circo ainda é muito recente. Sofremos mudanças reestruturadoras nas últimas décadas. Os artistas passaram a se organizar, os mecanismos públicos de fomento à produção cultural adquiriram novo formato, o processo formativo do artista ganhou outras variáveis, passou-se a incorporar o circo no bojo das políticas públicas para a cultura e o movimento circense do Recife acompanhou esse processo assumindo novas posturas. É importante registrar o papel da Escola Pernambucana de Circo (EPC) e do Arricirco como fomentadores dessa discussão, ou seja, a aproximação dos circos itinerantes dos mecanismos de fomento e o vigoroso papel das trupes e artistas independentes.

Lia de Itamaracá, Selma do Coco e Chicó da Burra.
Foto: Acervo Pessoal/Divulgação
AC - Fale um pouco sobre o Circo da Trindade.
WS - O Circo da Trindade é uma empresa que se dedica ao circo atuando por vertentes diferenciadas: artística, técnica e formativa. É um exemplo de autogestão com seus erros e acertos, mantendo-se há 15 anos. Minha ação colaborativa com Circo da Trindade e com a Trupe Circense Irmãos Santana é voltada para a orientação da gestão político-administrativa e artística, sempre buscando compreender a ideia de seus participantes e opinando dentro de seu conceito. É dessa forma que busco contribuir também com os circos itinerantes – dentro do contexto e das especificidades de cada um. Um colaborador, um consultor tem que saber até onde vai o seu limite criativo e seu poder de interferência.

AC - De que maneira o seu lado pesquisador contribui com o Circo?

WS - Sou artista, educador, gestor e historiador de formação. Por isso, burilar o conhecimento, estimular a memória e o registro e difundir informações fazem parte da “persona” que sou. Lamento ainda a falta de pesquisas, acadêmicas ou não, sobre os diversos aspectos que integram a arte e a cadeia produtiva do circo brasileiro. Espero muito em breve poder publicar minha monografia de Especialização em Gestão Cultural sobre “Políticas Públicas para o Picadeiro”, no intuito de contribuir com a reflexão sobre essas questões ainda tão imaturas em nosso País. Encaminhei um projeto para o Funcultura, intitulado Um Jeito Trupe de Ser, no intuito de pesquisar, a partir dos 15 anos do Circo da Trindade, o papel das trupes circenses em Pernambuco e sua relação com algumas trupes do Rio Grande do Norte e da Paraíba.

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