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Igreja Santa Terezinha e Centro Comunitário Santa Terezinha |
Texto e
fotos: Gianfrancesco Mello
Campina do Barreto
O
Recife respira Carnaval no mês de fevereiro. Muitos bairros da cidade vivem a
Festa de Momo o dia todo e todo dia. Na sua singularidade, o pequeno bairro de
Campina do Barreto também se preparou para acompanhar as tradicionais festas de
um ritmo que anima qualquer cidadão que se disponha a cair na folia. Foi com
esse olhar que aportamos nesse bairro que integra a segunda Região
Político-Administrativa do Recife (RPA-2), ao Norte da capital pernambucana,
formada por 18 bairros. Localizado próximo às localidades de Chão de Estrelas,
Peixinhos e Cajueiro, Campina do Barreto surgiu em terras que, antes, eram
formadas pelo sítio de um comerciante português chamado Manuel Barreto. Sendo
assim, o nome ficou Campina do Barreto, com o sobrenome do antigo proprietário.
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Nossa guia Adriana Maranhão |
Para
nos guiar no bairro, convidamos a moradora Adriana Maranhão, que nasceu em
Campina do Barreto e acompanhou a passagem evolutiva da região e,
consecutivamente, o crescimento local. Logo de início, fomos até a Rua
Passarela, onde encontramos o Centro de Educação e Cultura Daruê Malungo, que
existe há 24 anos e é liderado por Vilma Carijós. Lá, ao todo, cinquenta
crianças e adolescentes praticam a arte da dança afra, colocando em prática as
características de suas raízes africanas. Muitos consideram o local como sendo
parte de Chão de Estrelas e outros dizem que é do lado de Campina do Barreto.
Por sinal, é possível identificar essa “confusão” de limitações por todos os confins
de Campina do Barreto. Dessa maneira, por via das dúvidas, vamos nos estender
além das limitações territoriais. Um pouco mais à frente, deparamo-nos com a
Igreja Santa Terezinha e o Centro Comunitário Santa Terezinha, que foram
construídos em memória da Irmã Terezinha que viveu e morreu no local, e sempre
lutou pelo povo do bairro.
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Centro de Educação e Cultura Daruê Malungo existe há 24 anos |
Seguindo
adiante, passamos pela Praça Chão de Estrelas e pelo Campo Chão de Estrelas,
que servem como espaço de lazer e entretenimento esportivo para a população.
Não pudemos deixar de observar as artes estampadas nos muros de algumas casas e
as peculiaridades do modo de se estender roupas em cima dos muros por falta de
espaço territorial, uma vez que a comunidade é formada por diversas residências
e que, muitas vezes, aumentam em ritmo desordenado. Uma característica peculiar
de cidade grande. Paramos, então, na Academia da Cidade. “A academia possui
três horários pela manhã e três horários à noite para atender à demanda da
população em diferentes práticas esportivas. Aqui, tem um grupo de capoeira que
se exercita todas as noites, há ainda um grupo juvenil e outro adulto para
jogar bola todas as noites. O espaço também permite aos moradores jogarem dama
e dominó nos locais apropriados para isso”, explica a nossa guia.
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Academia da Cidade de Campina do Barreto |
Ao lado,
ali perto da Academia da Cidade, adentramos a Rádio Capibaribe Jovem Cap (1.240
AM), que existe desde 25 de dezembro de 1960 e surgiu com o propósito de
informar e entreter a comunidade de Campina do Barreto. No início era uma rádio
musical, passando em seguida para uma rádio eclética, com uma programação
diversificada, realizando, inclusive, jornadas esportivas. “A gente faz muita
prestação de serviço na comunidade. Na verdade, o bairro começou a crescer por
causa da rádio. Fomos atores principais no desenvolvimento local. Tudo foi
surgindo em função da rádio”, frisa Pereira, diretora da Rádio Capibaribe Jovem
Cap. A nossa próxima parada foi o Centro de Referência da Assistência Social
(CRAS). O local está em funcionamento desde agosto do ano passado e os serviços
ofertados são de atendimento social (Acolhida e escuta das demandas dos
usuários), Entrevista Familiar (Acolher, coletar dados, orientar, acompanhar e
avaliar a família em seu processo de mudança), Visita domiciliar (Acolher,
coletar dados, orientar, acompanhar e avaliar a família em seu processo de
mudança no ambiente familiar) e Grupos socioeducativos para famílias (oficinas
de convivência, de trabalho socioeducativo e de desenvolvimento familiar), além
das atividades socioeducativas como Inclusão em núcleos de convivência
geracionais, Supervisão dos núcleos dos programas PETI e “Que História é
Essa?”, Ações Complementares, Cadastramento para o serviço de transporte
acessível, Apoio às ações integradas da Prefeitura, Fortalecimento da rede socioassistenciais,
através de reuniões sistemáticas, Mapeamento e atualização da rede de serviços
socioasssistenciais de proteção social básica e especial e, por fim,
Articulação na perspectiva de complementariedade das ações. Na área ao lado,
tem um espaço dedicado ao futebol e existe um professor de educação física que
ajuda os jovens da comunidade a saírem da ociosidade e se desenvolverem por
meio do esporte.
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Adeilda de Santana do Amaral, costureira da Rua dos Peixinhos |
Sabe as
citações referentes ao Carnaval no início deste texto? Pois bem, é através do
trabalho dedicado de costureiras como, por exemplo, a Adeilda de Santana do
Amaral, da Rua dos Peixinhos, que a festança toma vida nessa época. “Faço
costura há mais de cinco anos e o período que eu mais trabalho é durante o
Carnaval e o São João.” Quem estiver procurando fantasias para a temporada
momesca, passa lá em Campina do Barreto ou liga para a costureira Adeilda pelo
telefone 8418-8445. Campina ainda é palco de projetos sociais como a ONG
Sementes do Amanhã, que oferece aulas de balé, música e serve como ponto central
da iniciativa Leite de Todos. Com o programa, o Governo do Estado busca reduzir
as deficiências nutricionais das populações carentes, com prioridade para
crianças, gestantes e nutrizes, fornecendo diária e gratuitamente um litro de
leite fluido pasteurizado pra família.
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Limite dos bairros de Campina do Barreto e de Cajueiro |
Estamos
quase chegando ao final do nosso passeio por esse bairro tão pequeno e, ao
mesmo tempo, vivo. Isso mesmo. Vivo porque onde há vida, existem histórias
interessantes e prontas para serem exploradas. Ainda fomos ao limite dos bairros
de Campina do Barreto e de Cajueiro. As localidades são separadas pelo Rio
Capibaribe e, para atravessar, basta pegar uma pequena balsa improvisada pelos
moradores. Enfim, chegamos ao nosso ponto de dispersão e despedida. Campina do
Barreto nos deixou livres e descobertos de limitações. Fomos embora. Deixamos o
bairro. No entanto, saímos de lá com uma sensação de dever cumprido.
Outras fotos:
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Rádio Capibaribe Jovem Cap |
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Rádio Capibaribe Jovem Cap, que existe desde 25 de dezembro de 1960 |
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Pracinha de Campina do Barreto |
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Projeto Sementes do Amanhã traz solidariedade a comunidade |
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Pracinha da divisa de Campina do Barreto e Chão de Estrelas |
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Centro de Referência da Assistência Social (CRAS) |
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Espaço dedicado ao futebol ao lado do CRAS |
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Artes estampadas nos muros de algumas casas |
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