Receita de samba promove seis shows em julho e termina com homenagens a Marlene e Assis Valente

Depois de dois meses com shows semanais no Teatro Arraial, na Rua da Aurora, o projeto Receita de samba entra na reta final promovendo seis apresentações em julho. Os shows, que desde o início se propõem a mostrar um panorama do que é feito em samba no Brasil e, mais especificamente, em Pernambuco, começam nesta quarta-feira (11) com Herbert Lucena. Gonzaga Leal, curador do projeto, e Dalva Torres recebem ainda Karynna Spinelli (12), Jussara Silveira (14), Cláudia Beija (15), Lucinha Guerra (18) e Déa Trancoso (19).

O último show, no dia 19, terá um mote especial. Vai homenagear dois grandes nomes do samba e da música popular brasileira: Marlene e Assis Valente. “No primeiro show do projeto, nós já homenageamos Assis Valente, um dos mais modernos sambistas e compositores brasileiros. Um homem de uma tristeza profunda, que fez uma obra linda. Carmem Miranda não seria Carmem Miranda sem as músicas de Assis Valente”, explica Gonzaga Leal. “Agora queremos homenagear também Marlene, que está completando 90 anos. Ela cantou Luiz Gonzaga, Capiba, Nelson Ferreira, veio várias vezes ao Recife e, assim como Maria Bethânia, encarava o palco de forma muito cênica. Afinal, era uma atriz”, relembra Leal, que conheceu Marlene nos corredores da TV Jornal. Marlene foi uma das estrelas da época de ouro do rádio.


O repertório do show será o mesmo do disco Marlene apresenta sucessos de Assis Valente, do fim da década de 1950. “Descobri esse disco em que Marlene canta as músicas de Assis Valente. É perfeito. Vamos conseguir celebrar os dois ao mesmo tempo e encerrar o Receita de samba em grande estilo, reverenciando esses artistas”, diz Leal.

A cenografia do show será composta por figurinos usados por Marlene em vários de seus shows. Os vestidos estão vindo do Rio de Janeiro; Marlene não virá por conta de problemas de saúde. Hoje, a cantora está numa cadeira de rodas. O primeiro figurino é um vestido longo, da Maison Dior, usado por Marlene em várias apresentações na década de 1950; outro é um vestido usado no show Te pego pela palavra, de 1974; e há ainda outros dois vestidos. Um branco e um vermelho, usados nas apresentações de Na boca do povo, de 1981. As comemorações pelos 90 anos de Marlene e 70 de carreira incluem duas biografias; uma delas sairá pela Coleção Aplauso e já tem título: Incomparável Marlene.

A mineira Déa Trancoso, que é a convidada deste último show, além de cantar suas composições, também participa da homenagem a Marlene e Assis Valente. Déa é uma pesquisadora da música popular brasileira e da nossa tradição oral, principalmente das músicas do Vale do Jequitinhonha.

Mas além de Déa, como forma de celebrar, já estão confirmadas as presenças de vários artistas, que fizeram esta segunda edição do Receita de samba. Sérgio Cassiano, Josildo Sá, Mônica Feijó, Geraldo Maia, Cláudia Beija, Xico de Assis e Selma do Samba, vão cantar, acompanhados por Déa, Gonzaga e Dalva Torres, a última música do repertório: Alegria, de Assis Valente.

Um detalhe importante é que o último show será no Teatro Apolo, no Bairro do Recife, e não no Teatro Arraial, por conta do tamanho do espaço. O horário também será modificado. Geralmente, as apresentações começam às 18h30; no último dia, o show está marcado para 20h30. Os ingressos para os shows custam R$ 10 e R$ 5 (meia-entrada).

Agenda do Receita de samba:
  
Herbert Lucena – 11 de julho, às 18h30, no Teatro Arraial

Vencedor de três categorias no Prêmio da Música Brasileira – melhor cantor regional, melhor álbum regional e melhor projeto gráfico, o cantor pernambucano Herbert Lucena é o próximo convidado do Receita de samba. O disco vencedor de tantos prêmios é Não me Peçam Jamais que Eu Dê de Graça Tudo Aquilo que Eu Tenho para Vender. Título inusitado, que é inspirado nos decassílabos dos violeiros, e torna-se paralelamente um protesto. “O disco faz uma homenagem a todos os artistas que com seus ofícios iluminam e alegram a vida do público, mas nem sempre têm o merecido reconhecimento financeiro na sua lida”, diz Herbert.

Neste que é o seu segundo álbum (o primeiro Na pisada desse coco, é de 2004), ele também apresenta um diálogo poético entre os instrumentos populares como pandeiros, pífanos e zabumbas com os eruditos piano, violino e violoncelo, dando uma nova voz à sua música..

A matéria-prima que é o principal elemento da sua arte, o coco, dá o tom das suas raízes em grande parte do disco, mas desta vez Herbert traz uma proposta inovadora, utilizando instrumentos da música erudita, criando novos territórios musicais e mostrando um grande amadurecimento vocal e de performance.

Jacinto Silva, Jackson do Pandeiro e Azulão foram decisivos na formação de Herbert Lucena como artista. E são também composições de Jackson que Lucena apresentará no Receita de samba.

Karynna Spinelli - 12 de julho, às 18h30, no Teatro Arraial
           
Samba com sotaque, com ginga, com gira, samba feito em Pernambuco com cara de Brasil, samba que pede passagem e abre caminhos. É assim a música de Karynna Spinelli. Morro de samba, gravado no Fábrica Estúdios, em 2010, marca a estréia fonográfica de Karynna, que além de cantora e sambista, é compositora. O álbum é resultado dos anos de pesquisa e convivência da artista no Morro da Conceição, no Recife, reduto de sambas e bambas, mestres e mestras do candomblé.

O show de Karynna é repleto de composições inéditas suas e de importantes autores, incluídos no CD, e marcantes sucessos do samba brasileiro, defendidas pela voz potente e cheia de nuances da cantora. Lançado há pouco mais de um ano, Morro de Samba já tem sete mil cópias vendidas; mesmo sem gravadora, com produção totalmente independente. O show do disco já foi apresentado não só aqui em Pernambuco, mas também no Rio de Janeiro, São Paulo e Salvador.

O disco de Karynna é banhado por arranjos percussivos que contracenam com a presença marcante de violas e violões somados aos Ilús, Djembês, Agogôs e Congas, fazendo de sua audição um passeio a nossa cultura afro, misturando rítmos encantados em composições próprias, de sambistas do eixo Rio-Recife-SP (Noel Rosa, Rafa Barreto,Jorge Simas, Selma do Samba, Paulo Perdigão e Rui Ribeiro) e dos artistas  pernambucanos Zeh Rocha, Yuri Queiroga e Rivaldo Pessoa . A produção musical é do percussionista Lucas dos Prazeres e da própria cantora.

Jussara Silveira - 14 de julho, às 18h30, no Teatro Arraial

Jussara Silveira estreou como cantora em 1989, no Teatro Castro Alves, em Salvador. No ano seguinte, já ganhava fôlego para mostrar seu trabalho no grande auditório do Museu de Arte Moderna de São Paulo (MASP). A partir daí, tem cantado nas mais importantes casas de shows de São Paulo, do Rio de Janeiro e muitas outras cidades do Brasil e do exterior.

Em outubro do ano passado, Jussara lançou o sexto da sua carreira: Ame ou se mande, produzido por Marcelo Costa e Sacha Amback, com direção artística do Dj Zé Pedro. E no início deste ano, a convite de Angola, lançou naquele país o álbum Flor bailarina, somente com músicas angolanas.

Jussara cresceu ouvindo o repertório erudito, na casa da família em Salvador. Depois cursou a prestigiada Academia Música Atual. Estudou canto com Adriana Widmer, no Curso Preparatório de Canto da Universidade Federal da Bahia, e canto coral com o maestro Lindembergue Cardoso. Mais adiante, viria a estudar técnica vocal com Maria Helena Bezzi, no Rio. Vencedora do Prêmio Copene de Cultura e Arte (hoje Prêmio Braskem), na Bahia, Jussara lançou seu primeiro disco solo em 1997 (selo Dubas Música/Universal) e participou de várias coletâneas, como o antológico CD Diplomacia - Tributo a Batatinha (EMI) e Cole Porter e George Gershwin – Canções, Versões, de Carlos Rennó (selo Geléia Geral/Warner).

Cláudia Beija – 15 de julho, às 18h30, no Teatro Arraial

Cláudia Beija é cantora profissional desde os anos 80, atuando como intérprete e como backing vocal em peças publicitárias e em gravações de discos dos mais diversos artistas, tais como: Alceu Valença, Mônica Feijó, Geraldo Maia, Gonzaga Leal, China, Hermeto Paschoal, Getúlio Cavalcanti, Claudionor Germano, André Rio, Edilza, Elba Ramalho, entre outros. O seu espetáculo mais recente é Noel dá Samba, sobre a obra de Noel Rosa. É exatamente esse repertório que deve apresentar no Receita de samba,

Lucinha Guerra – 18 de julho, às 18h30, no Teatro Arraial

O show Saias de Samba, título do novo CD da cantora Lucinha Guerra, traz o samba como temática maior, explorando suas possibilidades e misturas com outros ritmos. São o samba de roda, o samba canção e de gafieira, todos acompanhados de instrumentos que evidenciam a cultura musical pernambucana, como o acordeom. As músicas do álbum são de sua autoria, do cancioneiro popular e de diversos compositores e parceiros do samba pernambucano, como Alex Sobreira, Maurício Cavalcanti, Rui Ribeiro e Selma do Samba.

Lucinha Guerra interpreta com domínio ritmos diversos, como sambas, frevos e baião, além de trazer à cena elementos do teatro e da dança, até por ter formação em balé clássico e por ter atuado como atriz em diversos espetáculos.

Déa Trancoso – 19 de julho, às 20h30, no Teatro Apolo

Cantora, compositora e gestora cultural, forjada no seio da tradição do Vale do Jequitinhonha, sua terra natal, uma das mais ricas regiões brasileiras em cultura popular. Benzida em folia de reis, íntima do catimbó e do folclore cotidiano que ainda compõe o retrato de nossas pequenas comunidades, Déa se dedica, desde cedo, a mostrar o Brasil para os brasileiros e para o mundo.

Em 2006, lançou, por seu próprio selo, TUM TUM TUM Discos, o cd Tum Tum Tum, que registra longa pesquisa com a cultura popular brasileira, especialmente com a região do Vale do Jequitinhonha. O disco recebeu quatro indicações ao Prêmio de Música Brasileira 2007,  concorrendo com Maria Bethânia, Chico Buarque, Alceu Valença, Antônio Nóbrega, Margareth Menezes e Daniela Mercury. Em 2010, “Tum Tum Tum” foi relançado através de uma parceria entre a TUM TUM TUM Discos e a gravadora Biscoito Fino, com distribuição nacional e internacional.

Em 2008, Déa abriu o show do percussionista Naná Vasconcelos no projeto Festa da Música em Belo Horizonte e fez sua segunda turnê pela Europa (Itália, França e Portugal), integrando o grupo de artistas mineiros que representou o estado na Semana de Minas Gerais em Turim. Em 2009, viajou por seis cidades brasileiras, pelo Centro Cultural Banco do Brasil, abrindo o show do multiinstrumentista Egberto Gismonti e mediando o seminário: “Brasil, quem somos nós?”, com participação de grandes mestres da cultura popular brasileira.

Em 2012, comemora 25 anos de carreira, lançando, também pelo seu selo, caixa-box com os seus quatro CDs: O Violeiro e a Cantora, Tum Tum Tum, Serendipity e Flor do Jequi - Déa Trancoso e Paulo Belinatti.

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