Entrevista: Lírio Ferreira

Foto: Divulgação
Por Erika Fraga

Um grande recifense que ajudou a construir a história do cinema de Pernambuco. Ao lado do seu parceiro Paulo Caldas, ganhou notoriedade na década de 1980 e início de 1990 (período que ficou conhecido como primavera dos curtas). Entre seus trabalhos estão: Baile perfumado (1997), dirigido em parceria com Paulo Caldas, vencedor do prêmio de melhor filme, melhor cenografia e ator coadjuvante para Luiz Carlos Vasconcelos do Festival de Brasília. Assombrações do Recife Velho (2000), dirigido em parceria com Cláudio Barroso e Adelina Pontual. Árido movie (2005), prêmio de melhor filme, direção, ator coadjuvante para Selton Mello, fotografia, montagem e o prêmio da crítica no 10º Cine PE; foi selecionado para a mostra Horizontes do Festival de Veneza e prêmio de melhor direção no Festival de Miami. Cartola – música para os olhos (2007) e o Homem que engarrafava nuvens (2008). Em uma rápida conversa com a Agenda Cultural do Recife, ele contou um pouco de sua carreira e a visão do atual mercado cinematográfico. 

Como começou sua carreira no mundo cinematográfico? 

Foi na Universidade Federal de Pernambuco e foi por acaso. Eu cursava jornalismo na faculdade e nos finais de semana praticava surf ou ia ao cinema. Sempre fui cinéfilo. Paulo Caldas, que era da mesma turma que eu, já tinha feito alguns filmes. Numa brincadeira de mímica durante uma aula de cinema, ele me descobriu e eu me descobri cineasta.


Você ficou conhecido nacionalmente com o Baile perfumado. Que lição de vida você tirou desse longa?

Que tenho sempre que pensar no próximo filme. O filme, para o cineasta, se encerra quando é projetado para o público. A partir desse instante, quem assiste é quem é o dono do filme.


Os seus longas demonstram claramente o seu gosto pelo “estilo ficção”. Mas além de ficção você produziu dois documentários (Cartola - Música para os olhos e O homem que engarrafava nuvens), o primeiro sobre o universo do samba e o segundo sobre o universo do baião. Você pretende parar por aí ou vai continuar mostrando outros grandes personagens da música brasileira? 

Pretendo no futuro fazer um filme sobre o universo do rock. Aí fecharia bem uma trilogia ou quem sabe uma tetralogia incluindo o frevo.


Você é produtor, diretor e roteirista. De qual dessas profissões você mais gosta? E por quê?

Eu na verdade gosto mais é de montar filmes. O processo de montagem para mim é o instante sublime, é quando mais discuto cinema e linguagem. É o momento soberano.


Como você analisa o atual momento da política pública de incentivo ao cinema pernambucano?

“Nunca antes neste estado” se investiu tanto em audiovisual quanto agora. É um momento único e cabe a nós manter. Mas tudo isso não nasceu por acaso ou nos foi dado de favor. Nós cineasta é que conquistamos esse estágio. Foi um processo que nasceu nos finais da década de 1980 e que permanece embalando o sonho de quem quer fazer audiovisual neste estado. Creio que o que conquistamos tem que virar lei. Nada mais justo!


As facilidades do mundo digital e o “boom” dos cursos de cinema estão permitindo fazer surgir a cada semestre centenas de novos cineastas. Hoje, fazer cinema virou moda entre os jovens. Como você analisa esse comportamento?

Espero que o mercado de exibição dê conta dessa demanda de novos e talentosos cineastas que estão surgindo. Todos devem se empenhar para que esse momento mágico seja perene, espontâneo, revelador e, acima de tudo, tenha sempre uma inquietude latente.


Atualmente, você vem produzindo algum filme? Qual?

Meu próximo filme se chamará Sangue azul e será cercado de água e fertilidade por todos os lados...

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