Circo: Carlla do Amaral

Carlla do Amaral. Fotos: Divulgação

Por Gianfrancesco Mello

Já imaginou entrar na arte circense meio que por acaso? Pois é. Foi o que aconteceu com a bailarina Carlla do Amaral, que também é formada em Educação Física. Em 2006, ela procurou a Escola Pernambucana de Circo (EPC) e, sendo a única adulta no meio da criançada, começou a aprender algumas técnicas do circo. “Foi assim, sem planejar nada... Lá, na época, ainda não tinha grupo de formação, então eu era a única adulta no meio de diversas crianças. Era muito engraçado”, comenta.

Em troca dos ensinamentos circenses, Carlla deu aulas de alongamento e de dança para as crianças. “Eu fui muito bem recebida por eles. A gente fazia apresentações no meio da rua e nas praças, porque, antes, a EPC não tinha essa sede atual e a antiga era muito pequena. Depois de um tempo, eu comecei a me envolver apenas com a dança”, esclarece. Mas, em 2010, o acaso fez com que a bailarina voltasse para a magia do circo. “Uma colega se machucou. Ela fazia parte do Circo da Trindade e me pediu para substituí-la. Tudo foi muito inusitado. Eu disse que iria tentar, porque era ela e outro amigo que faziam apresentações no tecido. A gente teve só uma semana de treino e já me apresentei pelo Circo da Trindade com o tecido acrobático”, recorda.

Carlla do Amaral
Ao mesmo tempo em que aprendeu a trabalhar com o tecido, começou a desenvolver o adágio, diz Carlla, e completa: “Por ser bailarina, o pessoal me convidou para absorver esse trabalho que é mais de mão com mão. Eu fiz dois números em apenas uma semana. Apaixonei-me e fui fazer aula de trapézio e lira. Este último, também foi outro susto. Isso porque a menina se machucou e eu a substituí. Ou seja, eu queria trabalhar com circo desde 2006, entretanto, foi em 2010 que tudo começou a acontecer e de forma muito inusitada.”


Em 2011, Carlla do Amaral e outros artistas entraram em temporada de um mês com os trabalhos desenvolvidos pela Obra de Maria, que faz evangelização por meio do circo. “A gente fazia tudo, isto é, desde a produção e figurinos até as coreografias. Passamos um mês trabalhando na rua e viajando. Foi uma experiência muito rica e o mais importante: foi em lona, que é o sonho de trabalho de todo artista circense contemporâneo”, diz.

Depois de tantas experiências, não teve como ser diferente. Carlla se encaixou na magia circense para sempre. “Na ocasião, pensei: não tem jeito, eu sou bailarina [e] artista circense [e] profissional de educação física [e] apaixonada pelo que faço.” Foi a partir desse momento que a profissional de educação física do Colégio Lubienska, na Torre, conversou com os diretores da instituição e colocou na grade escolar um trabalho pedagógico por meio da arte circense. “Está sendo muito valoroso. Ensinamos o trabalho de mão com mão, que é a acrobacia de solo, e o tecido. Nesse próximo semestre, iremos aprender a lira. Por enquanto, temos apenas meninas, mas irão entrar meninos também”, explica.

Carlla do Amaral, que é pós-graduada em dança e faz parte da companhia Sete&8, não consegue mais separar a dança contemporânea do circo. “É um trabalho muito híbrido. Os elementos do circo estão muito presentes na dança. Na Sete&8, por exemplo, mais para frente, vamos desenvolver trabalhos de dança com cunhos teatral e circense.”

Como não poderia ser diferente, a artista revela como o circo lhe deu mais confiança para enfrentar os desafios do dia a dia. “A gente entrega a nossa vida a outro ser humano ou a algum aparelho. No circo, percebemos como é forte a relação de uma mão com a outra e de um olhar com o outro olhar. Aprendemos a respeitar o outro e a desenvolver um trabalho coletivo. O circo é uma espécie de contágio, pois faz com que respeitemos o outro, ouçamos o outro, sintamos o corpo do outro ou sintamos o aparelho”, frisa. Na qualidade de educadora, Carlla fala da mudança de suas alunas, de como se tornaram meninas mais determinas depois do circo. “Elas possuíam algumas fragilidades afetivas, emotivas ou de relacionamento e, com as aulas de circo, a postura delas mudou. Elas enfrentam o mundo de outra forma, pois não são mais frágeis.”

Oficina de circo no Colégio Lubienska
Oficina de circo – A partir do pensamento de que o circo pode ser trabalhado como uma ferramenta pedagógica, o curso pretende construir um conjunto de saberes, técnicas e valores que contribuam para a formação de cidadãos produtivos, criativos, conscientes e que saibam refletir acerca dos valores artístico-culturais e do seu papel social no mundo. O trabalho circense pode ser realizado com todos os públicos – crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos –, tendo em vista suas características artísticas e lúdicas, além da possibilidade de utilização de diversas técnicas. Nesse projeto, desenvolve-se um trabalho que envolve a apreensão das técnicas de mão a mão, acrobacias e iniciação aos aéreos, como tecido, trapézio e lira. Dessa forma, o trabalho pode ser desenvolvido com alunos do Ensino Fundamental II ao Ensino Médio. Ou seja, nas faixas etárias entre 11 e 18 anos, subdividas em iniciação ao circo (6º ao 7º ano) e técnicas circenses (solo e aéreos), com alunos do 8º, 9° ano e Ensino Médio.

Serviço:
Curso de circo do Colégio Lubienska
Rua Paraguassu, 255, Torre
Dias: Terças e quintas-feiras 
Horário: 14h às 16h
Aberto para todos os públicos.
Informações: www.lubienska.com.br / 3312 1444

Comentários

  1. ótimo trabalho esse aqui. o conteúdo de circo é o maior e mais atualizado que ja vi por aqui.

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