Thiana Santos apresenta um olhar diferente para o “lixo urbano”


Por: Erika Fagra | Fotos: Divulgação

Há pouco mais de sete anos, surgiu na cidade um conceito ecológico de como elaborar roupas (de algodão cru), acessórios (biojoias, pet) e objetos de decoração para casa (com madeira de demolição). Uma tarefa nada fácil se levarmos em consideração que os designers tinham como desafio não apenas aprimorar novas técnicas para desenvolver as peças, mas também um papel importante na reeducação de uma clientela que não era acostumada com o consumo consciente.



Apropriando-se da proposta inspirada no Movimento dos Três Rs: Reduzir, Reutilizar e Reciclar, a designer Thiana Santos iniciou, em 2006, suas produções, tendo como matéria-prima, descartes de lixo urbano. “Vi na garrafa pet a possibilidade de desenvolver novas técnicas que me possibilitaram modificar a sua textura e sua composição, com o objetivo de desenvolver produtos inovadores”, explica a designer e ainda afirma que a ideia de trabalhar com o pet surgiu graças a sua filha, Juana Santos, na época estudante de serviço social envolvida com discussão sobre o consumo consciente do descarte do lixo. 

Pernambucana de maior referência quando se fala em sustentabilidade com o pet, ela contribuiu para que pudéssemos deixar de lado o preconceito e tivéssemos um novo olhar para o material reutilizado. Sim, reutilizado, pois é bom frisar que existe uma diferença entre a reciclagem e a reutilização.  A reciclagem é um processo químico-industrial no qual a garrafa é triturada, derretida e processada para ser feita uma nova chapa que irá possibilitar criar um novo produto. Já o trabalho da Thiana consiste no processo de reutilização, ou seja, a garrafa é transformada na sua forma natural sem interferência industrial. Entre as suas variedades de técnicas e instrumento de trabalho está o ar quente. “Não existe uma ferramenta específica para trabalhar com esse material, fui adaptando, a pet se molda através do calor, que pode ser o calor da água, do fogo ou do ar quente”, detalha.

Hoje, aos 48 anos, ela é a única designer pernambucana convidada para apresentar suas joias nas galerias: The Civic; The Hub; Walford Mill Crafts; e Flow Gallery, em cartaz até 30 de julho de 2012. Segundo Thiana, é mais fácil penetrar no mercado exterior que no de Pernambuco, mesmo assim ela nunca desistiu e declara estar sempre aberta a novos desafios, que são cruciais para o seu sucesso.

Quem vai à Mostra sustentável da Ferreira Costa, pode apreciar algumas das suas peças, entre elas as famosas luminárias elaboradas a partir do pet. Conquistas como essas são atribuídas à sua persistência e à paixão pelo trabalho herdadas do avô Valdemar de Oliveira. “Tenho no meu avô um grande exemplo de empreendedor cultural e isso tem me ajudado muito, principalmente nesse momento em que estou resgatando o acervo dele e iniciando um projeto chamado As sete façanhas de um certo Valdemar”, lembra Thiana.

Além de produtos como colares, pulseiras, anéis, luminárias, a artista vem investindo na questão da ambientação de espaços para eventos, como é o caso da decoração da parte externa do parque das esculturas no Shopping Center Recife que utilizou cerca de 6 mil garrafas, sem falar da decoração de Natal do Tribunal de Contas que em breve estará pronta para ser apreciada.   


Thiana Santos
3222.4379 | 92326273 | tianasantos.blogspot.com
| santostiana@gmail.com

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