Por Raquel Freitas
Arnia Escobar
“Como vocês são jovens. Eu adoro estar no meio dos jovens”. Foi essa a primeira afirmação que a Dona Arnia Escobar fez ao nos ver. É dessa forma que ela leva a vida desde que fundou a Escola de Circo Arrecirco (Arraial Intercultural de Circo do Recife), localizada atualmente na cidade Universitária, convivendo com jovens, crescendo com as relações mais simples e obtendo em troca algo inestimável: o sorriso. Foi rabiscando um papel em branco, nem tão branco assim, que ela falou dos momentos que mais a emocionam e da sua contribuição como fomentadora do circo através da educação. “O circo tem um valor cultural e educativo enorme”, afirma.
Para ela, o circo não é tratado como uma escola no Brasil, mais sim como um local para diversão. Essa forma de enxergar o circo a deixa triste, pois a falta dessa visão cênica é capaz de surtir o efeito contrário da socialização que ele permite proporcionar. Sendo assim, os olhares da Madre viajam o mundo inteiro na tentativa de trazer para o seu país a melhor maneira de empregar os estudos relacionados à arte circense. “Fui ao Japão e me encantei com o circo de lá”, relembra. Na tentativa de realizar recursos semelhante aos de outros países, ela permeia o universo dos estudos a partir da quebra das fronteiras. “Os holandeses, por exemplo, têm uma preocupação imensa com o circo, eu fiquei encantada com a escola deles”, ressalta.
É com olhar visionário e ao mesmo tempo sereno que o circo é encarado por essa mulher das artes, sendo visto também como uma atividade capaz de arrancar do espectador um sorriso único.
Esse trabalho de mudar a vida de alguns jovens começou quando a educadora dirigiu o Cecosne, onde na época era desenvolvido um trabalho no circo Oioioi, o qual ela qualifica como muito infantil. “Luiz Maurício Cavalheira deu toda a orientação para quem iria instruir”, afirma com o ar cheio de elogios ao integrante que ajudou os principiantes a ter formação circense. Toda essa contribuição serviu para formar os futuros monitores. “Os monitores de hoje foram alunos daquela época”, explica.
Mas mesmo com toda essa diferença do nosso país em relação aos outros, ela acredita que os Estados brasileiros estão galgando uma melhor forma de se fazer e de se praticar a arte do circo. Há quem pense que circo é somente uma forma de atuação corporal. Não. O circo é muito mais que isso, é necessário fazer um estudo biológico para que os resultados sejam satisfatórios, sendo a alegria o estado pleno dessa recompensa.
Além de dar apoio às crianças da rede municipal, Arnia pretende estender essa filosofia também para escolas particulares. Afinal, essa maneira de agregar às estruturas da Escola todos aqueles que gostam de circo é um sonho da Madre, uma religiosa que não usa mais o hábito e que tenta transformar o picadeiro em um ambiente plural. 

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