Palhaço Maluquinho


Palhaço por vocação, Cícero Damião Dantas da Silva faz parte da segunda geração de uma família circense iniciada por seu pai, conhecido como “Pedro dos Malabares”. Nascido literalmente sob a lona, Damião conta com orgulho: “eu nasci com a ajuda de uma parteira, dentro da barraca do circo”. Na época – corria o ano de 1964 – o circo de seu pai estava na cidade de Mossoró (RN).

Automaticamente integrado à trupe de artistas, Damião começou sua caminhada no picadeiro encarnando o Palhaço Juquinha. Em certo ponto da vida, ele deixa de interpretar o palhaço, que é assumido pelo seu Irmão mais novo, José do Amparo. Um pouco depois, com 17 anos, ele passa a ser o Palhaço Maluquinho. O artista conta, se divertindo, que a ideia do nome surgiu dos comentários das pessoas, que sempre diziam que ele era meio “maluco”.

Damião também passa, com o tempo, a exercer diferentes atividades, como é habitual entre os circenses, atuando como mestre de cena e locutor, além de fazer números no trapézio. Quando seu pai desfaz o Circo Guadalajara, que reunia toda a família, seus integrantes se dispersam e Damião continua trabalhando em diferentes circos. O primeiro foi o Circo Babilônia, de Tarzan Moreno, aos 19 anos, idade em que também se casou. Tem também passagens pelos circos Tropical e Trans-América, entre outros.

A experiência culminou na aquisição do seu primeiro circo, o América, comprado do seu irmão em 1989. Damião manteve esse circo até 1994. Há quase um ano, ele mantém o Circo do Palhaço Maluquinho, com o qual continua espalhando arte e alegria por onde passa. “Essa vida é uma arte pra mim. Já apareceram outros empregos, mas não me acostumo”, diz o Palhaço Maluquinho, ponderando: “só penso em parar quando a idade chegar”.

Hoje Maluquinho circula com seu circo – que congrega 12 pessoas entre artistas e funcionários – por vários bairros e cidades da Região Metropolitana do Recife. Dos quatro filhos que tem, dois continuam com ele no circo: Michele da Silva, de 22 anos, e o mais novo, Diego, com apenas três anos, que já trabalha no picadeiro encarnando o Palhaço Formiguinha. “Estou vivendo o momento mais feliz da minha vida”, comemora Damião, satisfeito por ser um dos responsáveis por manter viva a tradição do circo.

Mesmo com todas as dificuldades, especialmente financeiras, que por vezes acompanham a vida dos artistas mambembes portadores da arte circense, há ainda muitos obstinados reconstruindo diariamente essa expressão, guiada pela magia e pelo riso. “Pra gente é uma alegria fazer o povo rir. Melhor do que chorar, ?”, explica o Palhaço Maluquinho.

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