Exposição “Desterro: enquanto eles cresciam” entra em cartaz no Museu da Cidade do Recife a partir deste sábado
Frame: Muda3 - Videodepilação Imagem: divulgação |
Exposição
de Juliana Notari apresenta o conjunto de obras concebidas ao longo
dos dois anos em que a artista ficou sem cortar os pelos do corpo.
A exposição
“Desterro: enquanto eles cresciam”, da artista visual
pernambucana Juliana Notari, entra em cartaz no Museu da Cidade do
Recife a partir do próximo sábado (17). A mostra apresenta o
conjunto de obras concebidas ao longo dos dois anos em que a artista
ficou sem cortar ou retirar os pelos do seu corpo. No decorrer do
tempo e à medida que os pelos cresceram, novos significados e
possibilidades estéticas surgiram e seu resultado será exposto
através de fotografia, desenho, escultura e as vídeos
performances.
No dia
da abertura, no sábado (17), às 18h, Juliana Notari participa de um
bate-papo aberto ao público sobre o seu trabalho e processo de
criação. A exposição, que tem o incentivo do Funcultura e apoio
do Museu, possui acessibilidade através do recurso da
áudio-descrição. Indicada para o público adulto, a mostra tem
censura de 18 anos e ficará em cartaz até o dia 17 de janeiro. Com
entrada franca, o Museu funciona de terça a domingo, das 9h às 17h.
Exposição
- Pela
primeira vez a artista exibirá o resultado final dessa experiência
que culminou na realização da obra Muda
1, que
é a escultura da sua cabeça composta pelo resíduo da sua depilação
com cera após passar os dois anos sem se depilar. Compõe a
escultura a videodepilação Muda
2 na
qual é possível perceber o processo da depilação da artista em
detalhes e aproximações que expressam ao mesmo tempo a violência e
a beleza estética da ação.
Na
série Ar-Dor, composta por desenhos em nanquim, sangue e pelos da
artista, a questão da histeria feminina é trazida à tona por meio
da estética das referências fotográficas de pacientes que compõem
a iconografia entre 1875 e 1880. Nos estranhos sintomas, convulsões
e acrobacias do chamado "grande ataque histérico",
essas mulheres colocavam em cena seus corpos e desafiavam a
moralidade vitoriana. A mostra traz também fotografias da
série Sorterro e
vídeos-performances Mimoso e Soledad, produzidos também ao longo
dos dois anos.
Pesquisa
- O
processo de trabalho envolvendo o “tempo” e o “corpo” foi o
início. Muitas questões atravessaram esse trabalho, que se insere
no debate acerca do humano e do “pós-humano”. No cerne dessa
discussão encontram-se os processos de autodesconstrução /
reconstrução, que a transformação externa tornou-se mais
visível.
O
corpo e a construção de gênero feminino na série “SORTERRO”
são postos em cheque, na medida em que os pelos não se encaixam em
certo clichê da beleza feminina, culturalmente construído. Os
trabalhos, no entanto, abrem brechas para olhares ambíguos uma vez
que do informe do corpo piloso, um outro modo de perceber o corpo
feminino ganha força: o pelo não denota uma tentativa de
aproximação ao masculino nem automaticamente pode ser enquadrado na
categoria do “feio”. A beleza do pelo pode decorrer da própria
erupção de uma outra estética feminina que subverta o padrão
dominante de beleza. A artista estaria, desse modo, cultivando e
construindo um caminho para outro modo de pensar o que é o belo e
o feminino.
O
cabelo e o pelo desde sempre despertaram o interesse da artista, em
função do potencial simbólico que carregam: remetem à
animalidade, a forças originárias e instintivas. Ao mesmo tempo,
permitem extrema flexibilidade para cambiar significados. Embora
façam parte do corpo, os cabelos possuem características que são
diferentes daquelas que passam a ter após terem sido
retirados (quando inspiram nojo, por exemplo). Essa insistência
no retorno, na repetição e na impossibilidade de controle da
aparição dos pelos, faz com que eles frequentem, no imaginário da
artista, a mesma região das pulsões, no sentido psicanalítico.
Sobre
a artista - Artista
visual pernambucana, vive atualmente no Rio de Janeiro, é
doutoranda em Artes Visuais pela Universidade do Estado do
Rio de Janeiro (UERJ, 2016). Em 2001 Juliana realiza sua
primeira individual “Assinalações” no Museu da
Abolição em Recife, PE. Juntamente com outros artistas funda
em 2000 o espaço coletivo “Atelier Submarino” no Recife,
onde desenvolve atividades artísticas e produções coletivas dentre
as quais está a “Exposição Casa Coisa”, marco na arte
contemporânea do Recife nos anos 2000.
Desde lá realizou várias exposições individuais, participou de diversas mostras e recebeu prêmios onde se destacam os: “Prêmio do Salão Arte Pará 2014”, “Prêmio Funarte – Mulheres nas Artes Visuais 2013”; “Prêmio Bolsa de pesquisa no Salão de Arte Contemporânea de Pernambuco, 2004.”
Representa
o Nordeste em 2005 no Ano do Brasil na França nas
mostras: “Brésil Pernambuco Art contemporain” na École
Supérieure d’Art d’Aix-en-Provence e na mostra “Territoires
Transitoires” no Palais de la Porte Dorée em Paris.
Integra as mostras: “O Corpo na Arte Contemporânea
Brasileira”(2005); “Trilhas do Desejo – Rumos Artes Visuais”
(2008/2009) no Instituto Itaú Cultural, São Paulo;
“Tripé/Escrita” no SESC Pompéia, São Paulo, 2010;
“Festival Performance Arte Brasil” no Museu de Arte
Moderna do Rio de Janeiro, MAM-RJ, 2011; “Metrô de
superfície” no Paço das Artes, São Paulo, 2012;
“Transperformance 2 – Inventário dos Gestos” no Oi Futuro/
Flamengo, Rio de Janeiro, 2012. Em colaboração com a crítica e
curadora de arte Clarissa Diniz, Lançou o livro “Dez
Dedos” em 2011, o qual reúne fotos de trabalhos da sua
primeira década de carreira com textos críticos de diversos,
curadores e críticos de arte. Possui trabalhos em coleções
privadas e públicas entre elas; Museu de Arte do Rio (MAR, Rio de
Janeiro), Museu de Arte Moderna Aloisio Magalhães (MAMAM, Recife) e
Coleção do Banco do Nordeste (CCBNB, Fortaleza).
Serviço:
Juliana
Notari – Desterro: enquanto eles cresciam
Curadoria
– Clarissa Diniz
Lançamento
e bate papo com artista: sábado, 17 de dezembro, 17h
Em
cartaz até 17 de janeiro de 2017
Visitação:
terça a domingo, das 9h às 17h
Museu
da Cidade do Recife - Praça das Cinco Pontas, s/n – São José
Entrada
gratuita
Censura:
18 anos
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