Festival Reside Amaro movimenta bairro recifense com ações artísticas e culturais gratuitas construídas com os moradores
Numa ação inédita no Brasil, de 7 a 9 de fevereiro, casas, bares, ruas e outros espaços de Santo Amaro serão palco de atividades construídas a partir do teatro comunitário, celebrando as histórias dos vizinhos e daquele território, além de ações especiais, como peças argentinas
Quantas
histórias um bairro guarda e, também, produz diariamente? Como um território e
as pessoas que nele habitam constroem uma identidade e se influenciam uns aos
outros? Instigado por essa premissa e a potência que emerge da ideia de
vizinhança, entendendo o coletivo e o pessoal, nasce o Reside Amaro, festival
que, entre os dias 7 e 9 de fevereiro, movimenta a quadra entre as ruas Capitão
Lima e Rocha Pita, em Santo Amaro, bairro na região central do Recife, com
trabalhos produzidos com e a partir das vivências de seus moradores, em
parceria com artistas convidados. Com 20 atrações gratuitas - e mais de 70
apresentações -, o projeto conta, além das cenas e performances locais, com a
apresentação de dois trabalhos da Argentina. A programação completa está disponível
no site do
festival.
O Reside
Amaro marca a quinta edição do Reside.FIT/PE - Festival Internacional de Teatro
de Pernambuco e dá continuidade à proposta de estabelecer parcerias com outros países,
fortalecendo, simultaneamente, o teatro local. Para isso, a produtora Paula de
Renor, criadora do festival recifense, se uniu ao curador e produtor Celso Curi
(SP) e a Wesley Kawaai, do Guia Off, e à artista e encenadora argentina Monina Bocele,
idealizadora da proposta, para gestar no bairro de Santo Amaro uma iniciativa
inédita no Brasil. Inspirados na experiência do Bombom Vecinal, projeto
capitaneado por Monina em Buenos Aires, eles vêm desenvolvendo há meses
ativações com os moradores da área entre as ruas Capitão Lima e Rocha Pita, em
Santo Amaro, conhecida como “Vila” por conta de sua configuração, criada por
trabalhadores de antigas fábricas das redondezas, como a Renda Priori e a
Antártica.
Como
anfitrião, tiveram o produtor e agitador cultural Roger de Renor, morador do
local, que abriu as portas da sua casa e a transformou em um terreno fértil
para a criação de vínculos entre os vizinhos, os idealizadores do projeto e os
artistas que foram se agregando ao projeto. Neste processo de escuta e
entrosamento, foram realizadas diversas ações, como bingo, cineclube na
calçada, campeonato de dominó, um álbum de fotos com imagens dos vizinhos,
rodas de conversa, entre outras. Os que se sentiram confortáveis para
compartilhar suas histórias, viram que toda vida é cheia de teatralidade – e,
com a ajuda da equipe e dos artistas convidados, foram dando vazão à
criatividade.
Personagens
conhecidos do bairro, como Geraldo, proprietário do restaurante que leva seu
nome e que é chamado também de Rei do Omelete; Lene, cujo fiteiro é, ponto de
socialização de moradores, trabalhadores e transeuntes; e o padre Caetano, funcionalizam
suas vidas, junto aos vizinhos, em cenas e experiências criadas especialmente
para o festival. Os locais de apresentação são simbólicos: bares, residências,
a rua e outros estabelecimentos são ressignificados e transformados em espaços
de arte e fabulação.
Os
encontros foram facilitados por Monina Bonelli, com sua especialização em site-specific e
teatro comunitário, e dessas trocas e conexões se desenvolveram dramaturgias e
cenas. Os habitantes do bairro perceberam que até no mais prosaico da vida há
teatralidade e, em alguns casos, além de coautores, se tornaram intérpretes das
próprias histórias. Tudo isso em um processo coletivo, que estimula a relação
dos moradores com seus vizinhos e com o território.
Além do
núcleo fundador do Reside Amaro e dos moradores de Santo Amaro, o festival tem
sido criado a muitas mãos. Artistas locais, como encenadores, atores,
cenógrafos, performers e figurinistas, colaboraram com a criação das obras.
Entre eles, o dramaturgo Newton Moreno, que desenvolveu uma instalação
dramatúrgica inspirada em Roger de Renor; o próprio Roger, que fará uma
instalação na sua casa; Giordano Castro, Quiercles Santana, Mônica Lira, Helder
Vasconcelos, Ivana Moura, Ivo Barreto, HBlynda Morais, Anderson Leite, Júnior
Sampaio, Luiz Felipe Botelho, Douglas Duan e Rogério Alves.
Durante o
festival, serão apresentadas 10 ações para espaços fechados, como as
residências, tendo vizinhos como artistas e intérpretes, e 10 ações para
espaços abertos, cada uma com duração máxima de 30 minutos. Esses trabalhos
serão apresentados várias vezes ao dia, com as sessões acontecendo de forma
simultânea, o que permitirá ao público criar seu próprio roteiro diário. Entre
as ações que serão realizadas ao ar livre estão uma festa comandada por Roger e
sua Som na Rural, no sábado (07/02), uma performance/quadrilha junina e um
cortejo do Boi Marinho.
Algumas
atividades acontecerão de forma contínua, ou seja, é possível chegar a qualquer
momento. É o caso da performance “Hey, Hey, Hey! Roberto é o nosso rei”, um
karaokê com músicas de Roberto Carlos, inspirado na devoção de João Paulo
Silva, morador da Vila que é fã do cantor. Entre as mobilizações feitas antes
das datas propriamente ditas do festival (pois, ele, de fato, vem sendo
construído há meses), o beco que dá acesso à área do karaokê foi revitalizado e
decorado com desenhos em alusão ao Rei.
Além das
obras criadas especificamente para o Reside Amaro, também serão encenados dois
espetáculos argentinos: “Rainha” (“Reina en el Gondo”, em espanhol) e “Da
Melhor Maneira“ (“De La Mejor Manera”), também criações site-specific. Com
isso, o Reside Amaro apresentará mais de 70 apresentações ao longo dos três
dias do Reside Amaro.
Para dar
suporte a jornada num clima de celebração artística comunitária, a gastronomia
informal será um convite aos vizinhos para venderem pratos típicos, comidas
caseiras, bebidas, ocupando a rua com mesas e bancos comunitários. Os espaços
de gastronomia formal, como bares e restaurantes do território também
oferecerão cardápio especial durante o festival.
Um
folder/mapa com todas as localizações de espaços, dias e horários das
apresentações será distribuído no local e guias/receptivos auxiliarão o
público, inclusive PCD. As apresentações serão totalmente gratuitas, com
distribuição de ingressos uma hora antes, no local com tradução de libras
em uma sessão por dia de cada obra local e instalação de rampas e banheiros
para PCD.
Formação:
Além das
apresentações teatrais, a formação artística também está no DNA do projeto.
Alunos do Curso de Interpretação para Teatro (CIT), do Sesc Santo Amaro, têm
participado nos últimos meses de todos os processos de ativação da comunidade,
além de estarem envolvidos em etapas da produção e criação das ações. Os alunos
têm trocado experiências com os idealizadores do Reside Amaro, assim como com
artistas da cena local, com experiências em diferentes áreas, como dramaturgia,
encenação, entre outras.
Participam
da residência os alunos Anne Andrade, Bibi Santos, Caví Baso, Diogo Cabral,
Djalma Albuquerque, Fanny França, Lua Alves, Márcio Allan e Mateus Condé, além
dos ex- alunos João Pedro Pinheiro e Larissa Pinheiro.
O Reside
Amaro é uma realização da Remo Produções Artísticas, Teatro Bombón e Off
Produções Culturais. O festival tem patrocínio do Banco do Nordeste, através da
Lei de Incentivo à Cultura (Lei Rouanet), Ministério da Cultura e Governo
Federal. O projeto tem incentivo do SIC - Sistema de Incentivo à Cultura do
Município do Recife, Fundação de Cultura da Cidade do Recife, Secretaria de
Cultura do Recife e Prefeitura do Recife, e do Funcultura, através da Fundarpe,
Secretaria de Cultura e Governo de Pernambuco.
Serviço:
Festival Reside Amaro
Locais: espaços
diversos do bairro de Santo Amaro, no quarteirão entre as ruas Capitão Lima e
Rocha Pita
Datas e horários: 7 de fevereiro, das 19h às 22h; 8 e 9 de fevereiro, das
18h às 22h
Ingressos gratuitos, com retirada de ingressos 1h antes, a cada dia, na Central
de informações, na Rua Capitão Lima
Mais informações: www.residefestival.com.br (site) @residefestivalbr
(Instagram)
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