Lia de Itamaracá é confirmada no Baile do Menino Deus de 2024

Artista consagrada internacionalmente sobe ao palco do Marco Zero no principal espetáculo natalino baseado na cultura brasileira. 

A magia cativante e agregadora da ciranda deságua no espetáculo natalino mais brasileiro do país em 2024 através da participação confirmada de um ícone desse gênero artístico no elenco encarregado de encenar uma das histórias mais famosas e tocantes da humanidade. A pernambucana Lia de Itamaracá, considerada a Rainha da Ciranda, admirada nacional e internacionalmente pelo virtuosismo e pela representatividade negra e feminina, está escalada para abrilhantar o “Baile do Menino Deus: Uma brincadeira de Natal”, ópera popular apresentada em 23, 24 e 25 de dezembro no Marco Zero do Recife com público estimado de mais de 70 mil pessoas e transmissão ao vivo pelo YouTube.

A participação inédita da Rainha da Ciranda na encenação realizada no principal palco a céu aberto da capital pernambucana é para entoar a canção da burrinha Zabilin, personagem icônico do auto natalino, e fortalece, agora sob testemunho da plateia, o envolvimento entre o espetáculo e a artista estreitado em 2021, quando Lia participou do filme dirigido pela cineasta Tuca Siqueira. A versão especial para a TV e a internet (disponível no YouTube, assim como a íntegra do espetáculo encenado em 2023) havia substituído a edição ao vivo na rua cancelada pela proibição de aglomerações sociais imposta pela pandemia da Covid.

A cirandeira Lia de Itamaracá é patrimônio vivo de Pernambuco, expoente inegável da cultura brasileira e artista com prestígio internacional. É uma das homenageadas do WME Awards by Billboard 2024 e se apresentou com um dos mais expressivos nomes do jazz e R&B da atualidade, o músico estadunidense Jon Batiste, a convite dele, fã confesso da pernambucana, no Montreux Jazz Festival. Lia também enveredou no cinema e aparece em “Bacurau”, dos cineastas Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles, filme sobre resistência contra violência estrangeira.

A burrinha Zabilin é uma criatura fantástica originada no reisado a quem se credita uma dança com poderes mágicos. A ela, se juntam o boi e o temido Jaraguá, figuras do folclore marcantes para o festejo das tradições populares e representantes da brasilidade inoculada na essência do Baile - espetáculo surgido como contraponto às celebrações marcadas por estrangeirismos e sem aderência à realidade do país. Na encenação nacional, renas, trenós, neve, pinheiros, papai Noel dão lugar a maracatus, pastoris, cavalo-marinho, caboclinho, frevo e personagens representativos da alma brasileira a partir da miscigenação cultural entre os povos indígena, negro e ibérico. 

O Baile desempenha um duplo papel de construir, absorver e dar visibilidade à formação da identidade brasileira - de ontem e hoje - e estimular reflexões a partir do diálogo com questões contemporâneas relativas a inclusão, diversidade, representatividade, ecologia e dilemas sociais como pobreza, desigualdade e acesso a oportunidades. Nos anos recentes, o espetáculo contou com um José indígena e uma Maria negra e abordou a destruição do meio ambiente pelo ser humano a partir da representação de queimadas nas florestas - temas atuais e sob efervescente debate.

Fotos de Morgana Narjara/divulgação:

Lia de Itamaracá durante as gravações do filme do Baile em 2021

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