Recife recebe hoje,pela primeira vez, tradicionais Sambadas dos maracatus de baque solto
Maracatu Cruzeiro do Forte
Neste domingo 24 de novembro e 8 de dezembro, a capital vai virar
Terreiro, com a realização das tradicionais Sambadas de maracatu no Pátio de
São Pedro e no Boulevard Rio Branco, com os maracatus Cruzeiro do Forte do
Recife e Pavão Dourado de Tracunhaém, Piaba de Ouro de Olinda e Gavião da Mata
de Glória do Goitá
Para
celebrar os rituais que servem de raízes às tradições culturais mais autênticas
de Pernambuco, a Prefeitura do Recife, por meio da Secretaria de Cultura e da
Fundação de Cultura Cidade do Recife, vai encurtar a distância entre a capital
e o interior e promover pela primeira vez, hoje, domingo, 24 de novembro e 8 de
dezembro, duas Sambadas de maracatu no Recife, com a participação
do Cruzeiro do Forte do Recife e Pavão Dourado de Tracunhaém, Piaba de
Ouro de Olinda e Gavião da Mata de Glória do Goitá, no Pátio de São Pedro e no
Boulevard Rio Branco.
Celebração
de dança de terreiro pouco conhecida e nunca realizada na capital, as Sambadas
são um ensaio para preparar os grupos de maracatu de baque solto para as
apresentações do carnaval. “Antigamente, durante o período pré-carnavalesco,
cada agremiação realizava pelo menos quatro sambadas. Hoje, quando fazem, os
Maracatus de Baque Solto realizam no máximo uma sambada antes do carnaval. Os
jovens folgazões (brincantes) estão mais preocupados com o brilho de suas
fantasias do que em preservar esses rituais. E o risco é que os Maracatus de
Baque Solto se tornem uma brincadeira apenas de Carnaval”, preocupa-se
Manoelzinho Salustiano, presidente da Associação de Maracatus de Baque Solto de
Pernambuco.
Maracatu-de-Baque-Solto-Pavao-Dourado-de-Tracunhaem.
Foto deRenata-Pires
As
Sambadas no Recife, segundo ele, celebram duas tradições: as origens das
brincadeiras dos Maracatus de Baque Solto e a fundação da Associação dos
Maracatus de Baque Solto de Pernambuco, criada há 30 anos para defender a
tradição que hoje é patrimônio imaterial do Brasil. “É a primeira vez que as
sambadas chegam à capital. Estamos fazendo isso para fortalecer a cultura do
Maracatu de Baque Solto. Vamos transformar o Pátio de São Pedro e a Rio Branco
em verdadeiros Terreiros, para mostrar que maracatu não é só Carnaval. É também
dança, poesia, música e terreiro.”
Hoje,
domingo (24), a Sambada recifense será no Pátio de São Pedro, a partir das
16h, com o colorido, força e tradição dos maracatus Cruzeiro do Forte do Recife
e Pavão Dourado de Tracunhaém. No dia 8 de dezembro, também um domingo, a
Sambada será no Recife Antigo e contará com os maracatus Piaba de Ouro de
Olinda e Gavião da Mata de Glória do Goitá. A brincadeira começa às 16h, no
Boulevard Rio Branco.
Sambada - Tradição centenária, a Sambada reúne folgazões de 8 a 80
anos. Cada maracatu chega na Sambada com sua diretoria, seu Mestre e seus
brincantes, realizando coreografias chamadas por eles de manobras. Os folgazões
vestem-se à vontade, com calça e camisa estampada de manga longa, galho de
arruda (ou alguma planta de caráter purificador, como pinhão roxo, alfavaca de
caboclo, manjericão) na boca, atrás da orelha ou pendurada no peito. A guiada
(lança do caboclo) é substituída por um pedaço de madeira, que é manejado mais
facilmente.
Após o
ritual de chegada de cada um dos dois Maracatus, é dada a largada para a
peleja. O Mestre é acompanhado pelo terno, composto de músicos de percussão
(surdos, taróis, cuícas, gonguês e ganzás) e instrumentos de sopro. O clima é
festivo. Os dois mestres, um de cada maracatu, passam a alternar as estrofes da
peleja, com desaforos, para disputar a admiração do público.
Os
folgazões dançam como se estivessem lutando, de dois em dois, ou em pequenos
grupos. E se movimentam com agilidade, já que a pesada vestimenta carnavalesca,
caracterizada pelas golas bordadas, não é usada na brincadeira.
Maracatus
de Baque Solto - A cultura do Maracatu de Baque
Solto surgiu nos Engenhos da Mata Norte no final do século XIX e início do
século XX com os trabalhadores dos canaviais que reuniam-se nos momentos de
folga para brincar e festejar.
Sobre os maracatus participantes:
Cruzeiro
do Forte
Com 90
anos de atividades, o Cruzeiro do Norte é o mais antigo Maracatu de Baque Solto
do Recife. Foi durante onze vezes Campeão do Grupo Especial do Concurso de
Agremiações, promovido pela Prefeitura do Recife. Contrariando a tradição,
o Maracatu de Baque Solto Cruzeiro do Forte surgiu na zona urbana, junto às
ruínas do Forte do Arraial Novo do Bom Jesus, em Torrões, em 7 de setembro de
1929, inicialmente como Clube Carnavalesco Misto Cruzeiro do Norte. Somente em
1980 é que o Maracatu recebeu o nome atual, sob a presidência de Ionete Maria
da Silva.
Contato
Ceça:
(81) 98825-1098
Gavião da
Mata
Tradicional
Maracatu de Baque Solto de Glória do Goitá, o Gavião da Mata completou 13 anos
de atividades em 2019. No Carnaval de 2020, participará do Grupo Especial do
Concurso de Agremiações, promovido pela Prefeitura do Recife.
Contato
Edson:
(81) 99760-3140
Piaba de
Ouro
Fundado no
dia 11 de setembro de 1977, por Manuel Salustiano Soares, Augustinho Pires e
Manoel Mauro de Souza, com o intuito de relembrar as brincadeiras de terreiro
da infância, no campo de cana de açúcar da Zona da Mata de Pernambuco, o grupo
conquistou diversos prêmios. Sob a liderança de Mestre Salustiano, o Piaba de
Ouro foi campeão do carnaval pernambucano por sete vezes consecutivas. Hoje sob
o comando dos filhos de Mestre Salu, o Piaba de Ouro é referência na
preservação da cultura do Maracatu de Baque Solto, além de ter se tornado uma
entidade sem fins lucrativos, que desenvolve trabalhos culturais voltados para
a formação de cidadãos, envolvendo vários segmentos da cultura popular.
Contato
Pedro
Salu: (81) 99601-0181
Pavão
Dourado de Tracunhaém
Depois de
fazer parte de vários grupos, os folgazões Juraciel Cândido de Lima, Carlos
Barbosa da Silva, Pedro Barbosa do Nascimento, Antônio Cândido de Lima, João
José de Lima e Euclides João Gomes queriam fazer um Maracatu que mantivesse a
tradição do Baque Solto que conheciam deste os tempos de menino. No Carnaval de
1999, o Pavão Dourado manobrou pelas ruas de Tracunhaém com 36 componentes. Nos
anos seguintes, a trajetória do Pavão Dourado foi uma sucessão de vitórias e
títulos. No Carnaval 2019, o maracatu foi o campeão do Grupo Especial do
Concurso de Agremiações, da Prefeitura do Recife.
Contato
Nem
do Pavão: (81) 98915-5708
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