Marconi Bispo celebra 30 anos de carreira com pré-estreia no Recife Antigo do espetáculo sobre a revolução haitiana
A apresentação “Ayiti, a montanha que assombra o mundo” ocorre no dia 2 de agosto, no espaço Solo Gens, às 19h, com ingressos custando R$ 20 e R$ 40
Em celebração aos 30 anos de carreira, o artista Marconi Bispo realiza atividades artístico-culturais no Recife, de maneira independente. Entre as iniciativas do ator, encenador e produtor cultural pernambucano está a pré-estreia do espetáculo “Ayiti, a montanha que assombra o mundo”, que acontece no dia 2 de agosto (sábado), no espaço Solo Gens (rua do Apolo, nº 70, Recife Antigo), às 19h. A entrada custa R$ 20 (meia) e R$ 40 (inteira). Esta apresentação une história, performance, percussão, poesia e dança, além de resgatar memórias.
A atuação e a encenação do “Ayiti, a montanha que assombra o mundo” são do próprio Marconi Bispo. Ele também assina a dramaturgia, juntamente com Kamai Freire, que é coordenador e orientador de pesquisa do projeto. Ainda por cima, diversos artistas locais participam dessa pré-estreia: Thulio Xambá e Beto Xambá, ambos musicistas do Grupo Bongar e lideranças do Centro Cultural Grupo Bongar - Guitinho da Xambá; Brunna Martins (atriz); Kadydja Erlen (atriz); e Arthur Canavarro (ator).
“Por que sabemos tão pouco sobre a revolução (haitiana) que fundou a primeira nação negra de ex-escravizados e escravizadas a derrotar o invasor, expulsar em definitivo todos os colonizadores de seu território, abolir a escravidão, proclamar seu império soberano e passar a incentivar, patrocinar e treinar movimentos abolicionistas e anticoloniais em diversos países? Quais as relações históricas entre Recife e Haiti? Que diálogos podemos e devemos realizar entre estes territórios e as revoluções que atravessaram o século XIX, cujos ecos precisamos ouvir, entender e se alimentar? A revolução haitiana não acabou“, argumenta Marconi Bispo.
O espetáculo é pensado como o primeiro em Pernambuco sobre a revolução haitiana. Inclusive, a pesquisa vem sendo desenvolvida para que na sequência ocorra a estreia oficial de “Ayiti, a montanha que assombra o mundo”. De outubro a dezembro de 2024, Marconi realizou uma residência artística na cidade do Porto, em Portugal, a partir da temática de estudo atual e a convite da Circolando Cooperativa Cultural, da Central Elétrica, do Programa InResidence e da Câmara Municipal do Porto.
“O imenso descompasso entre a importância da revolução haitiana e a atenção que se dá a ela, no Brasil em particular e no mundo em geral, não é por acaso. Justamente por ser o movimento revolucionário mais impactante de todos os tempos, mais do que a revolução francesa e a revolução russa, por exemplo. A revolução haitiana é completamente invisibilizada nas historiografia e plataformas hegemônicas de formação de opinião”, declara.
Vale destacar que Marconi tem pesquisado “Relações Raciais em Pernambuco — do século XVI aos dias de hoje” —, com interesse pela construção de demarcadores de gênero dentro das religiões de matriz africana e indígena e as epistemologias afropindorâmicas. Ele também é sacerdote iniciado para Ìyémọjá e Ọbàlùfọ̀n (2004) e Ọrúnmìlà Bàbá Ifá (2023), com reuniões na Jurema Sagrada. Já Kamai Freire é maestro, sacerdote de candomblé e doutorando que investiga, em modo transdisciplinar, música e espiritualidade na revolução haitiana, pela Universidade HfM Franz Liszt Weimar, na Alemanha, onde reside atualmente.
A equipe técnica da pré-estreia de “Ayiti, a montanha que assombra o mundo“ ainda reúne Arthur Canavarro, Diego Amorim, Fernando Camaroti e Hassan Santos no audiovisual, todos eles, João Guilherme de Paula nas projeções e iluminação e Daniel Lima na assessoria de imprensa.
Além do espetáculo, Marconi propõe a oficina “Um artista e suas espirais”, de 28 a 31 de julho, com os encontros da formação ocorrendo no espaço Solo Gens. O investimento para participar é de R$ 200. No dia 31, a conclusão é marcada por um experimento aberto ao público, a partir das 19h30. A ação formativa é para qualquer pessoa interessada em transdisciplinaridade no campo das artes, arte-educador, arte-educadora, atriz, ator e para quem tem interesse ou está inserido no campo artístico onde questões de raça e territórios afropindorâmicos são pontos centrais, ou até para quem quer se aprofundar sobre a cidade do Recife e suas possibilidades para performances.
“Essa iniciativa é uma oportunidade para quem quiser vivenciar, conhecer, recriar e aprender com as memórias e práticas destes meus 30 anos de carreira dedicados profissionalmente às artes. É uma vivência artística de celebração coletiva e compartilhada. A oficina começa com a socialização dos meus arquivos pessoais. A partir desta imersão, cenas serão recriadas nos dois dias seguintes. Neste diálogo, nestes jogos teatrais ancorados em suas memórias e depoimentos, técnicas de atuação, construção e encenação são demonstradas e praticadas em modo multidisciplinar. As leituras da obra de Leda Maria Martins, realizadas dentro de disciplinas no Programa Multidisciplinar de Pós-Graduação em Estudos Étnicos e Africanos/Universidade Federal da Bahia (UFBA), também guiam esse momento”, explica Marconi.
Carreira
Marconi Bispo completa três décadas de atividades profissionais nas artes da cena, tendo vivências com companhias, diretoras e diretores do estado de Pernambuco. Ao todo, são 45 produções cênicas na trajetória, onde atua como ator, cantor, bailarino, bonequeiro, dramaturgo e diretor. Ele tem graduação pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) no curso de licenciatura em Educação Artística e habilitação em Artes Cênicas (1999), além dos estudos em Canto Popular no Conservatório Pernambucano de Música (2015-2016). Ele também acrescenta realizações no audiovisual como ator, roteirista e diretor.
Espetáculo “Ayiti, a montanha que assombra o mundo” (pré-estreia)
Data: 2 de agosto de 2025 (sábado)
Local: espaço Solo Gens (rua do Apolo, nº 70, Recife Antigo)
Horário: 19h
Ingresso: R$ 20 (meia-entrada) e R$ 40 (inteira) - marconibispo77@gmail.com ou entrar em contato no perfil do artista no Instagram
Ficha técnica
Atuação e encenação: Marconi Bispo
Dramaturgia: Marconi Bispo e Kamai Freire
Orientação e coordenação de pesquisa: Kamai Freire
Audiovisual: Arthur Canavarro, Diego Amorim, Fernando Camaroti e Hassan Santos
Projeção e iluminação: João Guilherme de Paula
Assessoria de imprensa: Daniel Lima
Participação: Arthur Canavarro, Beto Xambá, Brunna Martins, Kadydja Erlen e Thulio Xambá
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