Circo Experimental Negro convida para mostra de números circenses na Ilha de Itamaracá

Foto: Divulgação

 Culminância do projeto "Circo na Ilha", evento acontecerá no Clube Municipal de Jaguaribe, a partir das 19h, com apresentação de números de acrobacias e tecido, além de performances de maracatu e capoeira. Acesso é gratuito


Celebrando o picadeiro como palco para transformações sociais e trampolim para novos protagonismos pretos e periféricos, o Projeto Circo da Ilha realiza, nesta sexta (25), uma mostra de novos talentos circenses no Clube Municipal de Jaguaribe, na Ilha de Itamaracá. A partir das 19h, serão apresentados diversos números circenses, de acrobacias e tecido, além de performances de maracatu e capoeira. O acesso é gratuito. Para incluir e acomodar todos os públicos, o evento contará com intérprete de Libras.

Nesta primeira e comovida edição, a mostra é a culminância do Projeto Circo na Ilha, de formação artística e fortalecimento comunitário, realizada pelo Circo Experimental Negro (CEN) e encabeçado pelos artistas Hammai Assis Vieira e Rob Silva, com patrocínio do Funcultura, mecanismo de incentivo cultural mantido pelo Governo de Pernambuco, por meio da Fundarpe.

Realizado na comunidade de Jaguaribe, na Ilha de Itamaracá, neste mês de outubro, o projeto ofereceu uma extensa programação de oficinas, que contemplaram atividades de circo, maracatu, capoeira e um mini curso de LIBRAS, contribuindo com a alfabetização centrada na inclusão.

O projeto teve como objetivo central oferecer à comunidade local, especialmente às crianças e adolescentes, uma oportunidade única de vivenciar o aprendizado artístico e cultural, fortalecendo laços comunitários e promovendo a valorização das estéticas afro-brasileiras e populares.

Pautadas pelo compromisso com a inclusão social e cultural, refletido na diversidade de atividades oferecidas, como estratégia de resistência às adversidades do público alvo, as oficinas contemplaram uma modalidade especial de maracatu, o “de balde”, uma versão acessível e criativa da tradicional manifestação cultural, que utiliza materiais recicláveis como instrumentos musicais, facilitando o aprendizado e estimulando a consciência ambiental.

Foram oferecidas também oficinas de capoeira, com seus movimentos e ritmos, para promover a prática física e a musicalidade, mas também reforçar o papel dessa arte como uma expressão histórica de resistência cultural afro-brasileira. Outro destaque foi o mini curso de LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais), uma ação voltada para a promoção da acessibilidade, permitindo que o projeto abraçasse a inclusão de participantes com deficiência auditiva.

O Projeto Circo da Ilha reflete o compromisso do Circo Experimental Negro com a democratização do acesso à arte e à cultura. “Essa culminância é justamente a celebração dessa missão, de cultivar talentos e esforços para promover cidadania. Será um momento de orgulho para a comunidade de Jaguaribe, que abraçou o projeto e participou ativamente de todas as etapas. A festa de encerramento reflete o espírito de coletividade e união que o Circo Experimental Negro busca fomentar em todas as suas ações”, celebra Hammai Assis, articuladora do CEN e proponente do projeto.

Para a artista, o impacto do projeto na Ilha de Itamaracá vai muito além das técnicas artísticas ensinadas, contribuindo para o fortalecimento da identidade cultural da comunidade de Jaguaribe e permitindo que os jovens participantes se apropriem de práticas ancestrais e contemporâneas ligadas às culturas afro-brasileiras e indígenas, para ressignificar sua relação com materiais do cotidiano e, principalmente, com seus corpos e ancestralidades. “Por meio do Circo na Ilha, vimos o quanto a arte pode ser um instrumento poderoso de inclusão, educação e fortalecimento comunitário. As crianças e adolescentes não apenas aprenderam técnicas circenses e culturais, mas também tiveram a oportunidade de fortalecer sua autoestima, reconhecer suas raízes e se sentirem parte de algo maior”.

Para Rob Silva, articulador do CEN e coordenador pedagógico, o projeto semeou a arte como caminho de resistência: “Nossa proposta é implantar o ‘quilombismo’, defendido por Abdias do Nascimento, e a ‘consciência contra-colonial’, de que falava Nego Bispo em sua pretagogia nos processos de autonomia e emancipação para o povo negro".

Sobre o CEN - Além do Projeto Circo na Ilha, o Circo Experimental Negro desenvolve uma série de projetos culturais e sociais que visam a promoção das culturas afro-brasileiras e populares. Entre os seus principais projetos estão o espetáculo "O Encontro da Tempestade e a Guerra: Jornada pelos Arquétipos e Narrativas de Yansã e Ogum", que mescla circo e dança para explorar as forças míticas dos orixás; e "Cultura Negra e Circo: Uma Investigação em Busca da Estética Negra Contemporânea", um estudo artístico que busca aprofundar a estética negra no universo circense.

O CEN é também um importante agente de formação, oferecendo cursos e oficinas de Letramento Racial para educadores, artistas e professores do ensino fundamental, médio e superior, contribuindo para a implementação da Lei 10.639/03, que obriga a inclusão da história e cultura afro-brasileira nos currículos escolares. Com essas formações, o Circo Experimental Negro promove a conscientização sobre o racismo estrutural e reforça a importância de uma educação voltada para a diversidade e a reparação histórica.

Serviço
Circo na Ilha
Data: 25 de Outubro
Horário: 19h
Local: Clube Municipal de Jaguaribe, Ilha de Itamaracá
Entrada Gratuita

Equipe:
Rob Silva: Coordenador pedagógica e professor de acrobacias
Hammai Assis: Proponente, produtora e professora de Tecido
Walleson da Silva: Assistente de produção
Dayana Carolina: Professora de Maracatu de Balde
João Gabryel: Professor de LIBRAS
Mateus Silva: Professor de Malabares
Herculano Junior: Professor de Acrobacias
Ju Barbosa: Vídeo e fotografia
Anderson França: Designer
Apoio: Prefeitura da Ilha de Itamaracá e Gráfica Famart
Monitor: Guilherme Pereira

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