Mostra Expressão da Liberdade reivindica garantia de direitos de meninas e mulheres

Foto | Rodrigo Garcia

Exposição será aberta no 1º andar do Museu da Abolição, às 14h desta terça-feira (30/7),  Dia Internacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas. Vinte telas de 66 jovens artistas da RMR estarão expostas, em iniciativa que ocorre de forma simultânea no metrô de Londres


Nesta terça-feira, 30 de julho, Dia Internacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas, o Museu da Abolição abre suas portas, a partir das 14h, para a mostra Expressão da Liberdade. Promovida pelo Freedom Fund, em parceria com a Casa Menina Mulher, o Centro das Mulheres do Cabo, o Coletivo Mulher Vida e o Instituto Aliança, a exposição ecoa as vozes de 66 jovens artistas do Recife e Região Metropolitana contra ameaças de exploração sexual comercial e outras formas de violência.

O grito artístico em defesa da garantia de direitos de meninas e mulheres reúne 20 telas produzidas coletivamente por jovens em situação de vulnerabilidade social participantes do programa Com.Direitos. A inauguração da mostra ocorre de forma simultânea no Recife e na Estação London Bridge do metrô de Londres. Haverá, ainda, um intercâmbio com iniciativa semelhante desenvolvida em Bangladesh.  

"Por meio da arte, queremos chamar a atenção para graves violações que ainda persistem em nossa sociedade e são invisibilizadas, não só no Brasil, mas no mundo. A situação de exploração sexual comercial de crianças e adolescentes têm muito em comum seja na periferia do Recife, seja em locais que enfrentam as mesmas desigualdades socioeconômicas, como as cidades de Bangladesh", ressalta a assessora de Programas do Freedom Fund e coordenadora da exposição, Cecília Cuentro. Na abertura da mostra no Museu da Abolição também será possível assistir a uma exibição das telas produzidas pelas meninas do país asiático. "Conectar essas duas geografias e esses dois projetos, dando visibilidade a eles também na Inglaterra, é nossa forma de esperançar  coletivamente", acrescenta Cecília.

Cada obra é uma expressão de resiliência e afirmação de identidade, que transforma vivências em arte, ressignificando violências e reivindicando a liberdade em suas mais diversas expressões."Eu nunca tinha pintado e me surpreendi com o resultado. Eu não sabia que seria capaz. Liberdade pra mim é se conhecer. E não se limitar ao que os outros determinam que a gente tem que ser”, compartilha Bruna Costa, 18 anos.

As organizações envolvidas com a iniciativa tiveram autonomia para conduzir o processo criativo de acordo com a sua metodologia. Na Casa Menina Mulher, por exemplo, o trabalho foi desenvolvido em três etapas, segundo descreve a arteterapeuta Leila Palmeira: “Primeiro, lemos o livro O que é a liberdade?, de Renato Bueno, seguido por uma escrita criativa, em que cada uma escreveu o que é liberdade para elas, culminando na produção coletiva das telas. As ideias surgiram delas, tornando o processo muito potente e transformador”.

O método permitiu que as jovens abordassem temas como abuso, empoderamento feminino, emoções e cultura popular, resultando em obras que refletem suas lutas e esperanças.  

As pessoas que visitarem a mostra também serão convidadas a compartilhar suas reflexões, colando post its no painel interativo "O que é liberdade para você?". O acesso à exposição é gratuito e segue até o dia 30 de agosto, de segunda a sexta, das 9h às 17h, e sábados, das 13h às 17h.

Coordenadora local do Projeto Com.Direitos pelo Instituto Aliança, Akueline Padilha destaca a relevância da iniciativa: "O projeto proporciona uma formação de quatro meses, focada no desenvolvimento de habilidades socioemocionais, planejamento de vida e preparação para o mercado de trabalho. Nosso objetivo é oferecer a essas jovens a oportunidade de um futuro mais promissor, retirando-as de situações de risco e violação de direitos e fortalecendo-as para que possam ter uma vida segura e digna".

SOBRE O COM.DIREITOS
O Programa Com.Direitos apoia nove organizações que atuam na linha de frente no combate à exploração sexual comercial de crianças e adolescentes. São elas: Instituto Aliança, Coletivo Mulher Vida, Casa Menina Mulher, Grupo ruas e praças, Grupo Adolescer, Unicap, Childhood, Fundação Roberto Marinho e Centro das Mulheres do Cabo. Através de ações de prevenção, atendimentos, desenvolvimento de pesquisas e incidência política, as organizações vêm construindo modelos escaláveis e centrados nas sobreviventes e adolescentes em risco, como forma de garantir direitos, e construir projetos de vida sustentáveis e de bem-viver para elas e suas famílias.


SOBRE O FREEDOM FUND
O Freedom Fund é uma organização internacional dedicada a combater todas as formas de escravidão moderna. Através de parcerias com entidades locais, o fundo apoia iniciativas que resgatam e reabilitam vítimas, além de prevenir novas ocorrências de tráfico de pessoas.

SERVIÇO
O quê: Exposição Expressão de Liberdade - 20 telas pintadas coletivamente por 66 jovens artistas da RMR participantes do programa Com.Direitos
Onde: 1º andar do Museu da Abolição - Rua Benfica 1150 - Madalena
Quando: de 30 de julho a 30 de agosto, com visitação gratuita
Horário: 14h às 20h na abertura; 9h às 17h de segunda a sexta; e 13h às 17h nos sábados.

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