Cepe lança O Condomínio, primeiro romance de Frederico Toscano
Manchas de infiltração expandem-se pelas estruturas de um prédio antigo do Recife. Por trás das portas de seis apartamentos estão as histórias — e segredos, medos, solidões, passados e cicatrizes — dos seus moradores. É nesse contexto (e ambiente) que se desenrola a trama de O Condomínio, primeiro romance da carreira do escritor Frederico Toscano, menção honrosa no Prêmio Vânia Souto Carvalho - Ficção, da Academia Pernambucana de Letras. A obra será lançada pela Cepe Editora no próximo sábado (06.07), a partir das 16h, no Castigliani Cafés Especiais, bairro do Parnamirim. Na ocasião, também acontecerá um bate-papo entre o autor e o jornalista e também escritor Roberto Beltrão.
Com narrativa dividida em capítulos que retratam cada apartamento e o próprio condomínio, o leitor passa a conhecer personagens que enfrentam a decadência do edifício, o tensionamento das relações sociais e as suas tragédias íntimas. O Condomínio aponta para a perturbadora impressão de que os problemas mais cotidianos podem ser os menos corriqueiros, e também os mais insólitos.
Sob a lente do horror para escancarar as relações condominiais e fazer com que atinjam a um ponto de fervura, envolvendo o sobrenatural e o fantástico, o autor desperta no leitor uma reflexão sobre as relações da vida real. “Esse romance veio de uma vivência minha. O Condomínio se passa em um prédio da década de 1940, em que eu morei no Recife, e em que pude perceber um isolamento das pessoas que moravam ali, mesmo sendo um prédio pequeno, com tensões que borbulham atrás das portas dos apartamentos no dia a dia”, pontua o autor que ainda pontua a efemeridade das relações sociais. “Viver em edifício força as pessoas a uma convivência fugaz, seja na escada, na garagem, na reunião de condomínio, na entrada e saída do prédio. Ao mesmo tempo, há um isolamento dessas pessoas”. Seis anos depois de deixar de ser morador, Frederico Toscano volta a revisitar o Edifício Nossa Senhora da Conceição, na Estrada do Encanamento, matéria-prima do seu romance, para lançar o livro a poucos metros, no Castigliani Cafés Especiais.
A partir de marcadores que ressaltam que a história é ambientada no Recife, o leitor dá de cara com diálogos verossímeis repletos de sotaque, gíria e expressões locais. “Essa é uma história que se passa no Recife e essas falas são apenas mais um marcador entre o geográfico, sentimental e histórico, por exemplo, usados para aproximar o leitor da história e fazer com que ele fique mais imerso no ambiente da narrativa”, explica o autor.
Como apreciador de gêneros literários, Frederico se dedica a escrever horror, ficção científica, para além dos trabalhos como historiador. Com história de temática adulta, seguindo recomendação etária dos leitores, esse é um livro que traz temas pertinentes à sociedade, trazidos com sensibilidade e originalidade. “A maneira como as palavras são encaixadas, os capítulos e palavras postas, somadas à representações gráficas, ajudam a contar a história e a criar o suspense e tensão da história dentro dos arcos narrativos. Para aqueles que hesitam em ler, porque esse livro pode fazer com que mudem a perspectiva sobre a literatura de gênero nacional e mundial”.
Da obra, o leitor pode esperar um história que traz reflexões e empresta complexidade aos personagens, com verossimilhança da realidade, com camadas, profundidade e tensões, para trazer uma narrativa com personagens de diversas temáticas relevantes para a contemporaneidade. “No final das contas, a literatura deve, antes de tudo, contar uma ótima história. E é a isso que o livro se propõe”, afirma o autor.
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