Projeto “Recife Anfíbio” é o grande vencedor no concurso Travessias Capibaribe

Projeto - JW Urbana Arquitetura e Urbanismo Ltda 2
 

Proposta é inspirada no conceito “cidade anfíbia", descrita por Josué de Castro, que valoriza a contemplação da paisagem unido a integração ao meio ambiente ao baixo dano ao manguezal. Ao todo 49 projetos foram inscritos. Iniciativa faz parte do Parque Capibaribe


O plano para viabilizar novos eixos de mobilidade ao longo do Rio Capibaribe avança mais um passo. O Travessias Capibaribe - Concurso Nacional de Passarelas no Recife premiou o projeto Recife Anfíbio, da JW Urbana Arquitetura e Urbanismo Ltda., como o vencedor da disputa. A proposta do escritório, com integrantes de São Paulo/SP e do Recife/PE, valoriza a contemplação da paisagem, reunindo a ideia de integração ao meio ambiente com baixo dano ao manguezal. O segundo colocado foi o escritório Arquitetura Faz Bem, do Recife, e o terceiro, o Escritório Z Arquitetura, ambos do Recife. O concurso é realizado pela Agência Recife para Inovação e Estratégia (ARIES), em conjunto com a Prefeitura do Recife e o Núcleo de Gestão do Porto Digital. A cerimônia de entrega ocorreu nesta terça-feira (8), com a presença do Prefeito João Campos, no Jardim do Baobá.


“A gente acabou de fazer a premiação para o concurso das passarelas sobre o Capibaribe. Foram três ganhadores, mas no total foram mais de 40 participantes do Brasil inteiro. O concurso de arquitetura, aberto para o país inteiro, foi para a construção de duas travessias, teve uma alta concorrência, projeto de altíssimo nível. Com compromisso, a gente vai construindo o Parque Capibaribe, uma cidade-parque, uma cidade melhor para todo mundo. E com participação popular e social, o que é fundamental”, comentou João Campos na ocasião. “Contamos com mais de dez entidades participando da realização. Quando a gente chama as pessoas para perto, universidades, instituições representantes de classes, tudo isso traz credibilidade e a gente traz pertencimento, que é o que é mais importante. Entendendo que um projeto como esse não é apenas da Prefeitura, é da cidade, as pessoas têm que participar”, completou.


O Travessias Capibaribe teve 49 inscrições homologadas, vindas de 10 estados brasileiros e do Distrito Federal. Critérios como coerência, integração com o entorno, impacto ambiental, soluções inovadoras, análise do contexto urbano, criação de ambientes relacionados ao Rio Capibaribe e alinhamento com o Plano Recife 500 Anos e Projeto Parque Capibaribe, guiaram os três dias do julgamento que elegeu vencedor o projeto Recife Anfíbio, da JW Urbana Arquitetura e Urbanismo Ltda. A iniciativa visa construir duas passarelas para os pedestres, sendo uma entre a Praça Antônio Maria, no bairro de Santana, e a Rua Marcos André, na Torre; a outra entre a Rua Marcos André, na Torre, ligando à Rua Malaquias, nas Graças.


PROJETO VENCEDOR - Inspirados no conceito “Recife cidade anfíbia”, do autor e cientista social recifense Josué de Castro, que denunciou a fome e a miséria na geografia social do Recife conectando homens e caranguejos, o projeto vencedor utiliza o mangue como elemento norteador.


Durante a premiação, a arquiteta Lígia Rocha, da JW Urbana Arquitetura e Urbanismo Ltda, agradeceu a todos os envolvidos na realização. “É um ato de coragem fazer um concurso público e colocar a cidade na pauta, nas conversas, nas ruas, nos sites e nas universidades. É um privilégio para nós urbanistas. Com o Parque Capibaribe, a cidade vai olhar de volta para a cidade”, disse ela. Já a arquiteta Leia Cavalcanti, do mesmo escritório, vencedor do concurso, falou sobre as ideias por trás do projeto campeão: “A gente sempre pensou em fazer uma intervenção que fosse integrada à cidade, que entrasse pelo rio, o Recife Anfíbio, aquela mistura de terra e água de Josué de Castro. E a ideia é essa, fazer uma travessia discreta, que entre e se integre, e que a gente possa passear por dentro do mangue”.


O concurso é viabilizado sem a utilização de recursos públicos municipais. O Fundo Global para o Meio Ambiente, da Organização das Nações Unidas (ONU), é o financiador do Projeto CITinova e, consequentemente, o financiador de seus projetos-pilotos. Como premiação, o terceiro colocado no concurso receberá R$ 20 mil; o segundo, R$ 30 mil; e o valor da contratação do vencedor será de R$ 1.034.880,00, já incluída a premiação no valor de R$ 51.744,00. 


ESTÍMULO A MOBILIDADE ATIVA - O secretário de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação do Recife, Rafael Dubeux, ressalta que as entregas foram alinhadas com o princípio do concurso e que a cidade vai receber um projeto exemplar. “A ideia era estimular a mobilidade ativa, reduzindo impactos ao meio ambiente, integrando bairros, comunidades e ampliando os acessos das pessoas. Os projetos contemplaram tudo isso, com o adicional de atender a necessidade das pessoas nas conexões à natureza e ainda contemplando a especificidade da flora local. Então, o concurso cumpriu sua missão e o Recife terá mais um projeto integrador para a cidade”, destacou. O concurso é parte essencial do projeto do Parque Capibaribe (SDECTI/Prefeitura do Recife) e consolida o avanço na direção do Recife Cidade Parque, como aponta o Plano Recife 500 Anos.


Para Marcos Baptista, presidente da ARIES, a realização de um concurso para a definição de um projeto de intervenção no espaço público é um grande desafio e, ao mesmo tempo, uma enorme satisfação. “A gente está muito feliz pois foram dezenas de participantes de 10 cidades e do Distrito Federal, não foi uma escolha fácil. Os critérios foram relacionados à qualidade do desenho, a integração à natureza, a integração ao projeto do Parque Capibaribe, o custo do projeto. Vários critérios para poder entregar, à cidade e à população, o melhor que a gente pode. Vamos concluir o projeto executivo do vencedor até o fim do primeiro trimestre do próximo ano e a Prefeitura vai ser responsável pela execução”, afirmou Marcos Baptista.


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Totem Relicário, grupo mais longevo das artes cênicas de Pernambuco, lança acervo virtual

Projeto “Frevo, Capoeira e Passos” promove três meses de oficinas gratuitas de dança popular em Olinda

Semana Hermilo oferece espetáculos de teatro e dança, debates e oficinas gratuitas