Editora Ática lança autobiografia de Ana Maria Machado
Livro de estreia da Coleção Delas, “Rastros e Riscos”, reúne memórias da autora com seus leitores e celebra seus 80 anos de vida
Feito durante a pandemia, a autora conta que, em meio a angústias do isolamento social, as lembranças de seus encontros com leitores traziam alento. “Esse livro foi de onde eu tirei forças para viver aquele início da pandemia, um momento tão terrível, que a gente não sabia o que era. Eu me agarrei a essas pequenas alegrias e vi que vinham de momentos que os leitores me propiciaram. E eu percebi que a minha passagem pelo mundo não havia sido inútil, que eu toquei as pessoas e que, de alguma maneira, essas pessoas me realimentavam de uma coisa boa. Então, mergulhar nisso me deu força, me nutriu, me deu seiva, me deu coragem para seguir viagem.”
Professora, artista plástica, jornalista, ensaísta, tradutora, editora e livreira, Ana Maria desenvolveu ao longo de sua carreira múltiplas atividades intelectuais e profissionais. Suas diferentes atuações transparecem nessa obra por meio de reflexões relacionadas ao seu público, à educação e às letras. “Rastros de uma jornada que me trouxe até aqui. Uma boa jornada, apesar dos riscos”, comenta a autora.
Mais do que “boa”, a sua jornada é reconhecida: a escritora está entre os três brasileiros vencedores do Prêmio Hans Christian Andersen, considerado o Nobel da literatura infantojuvenil, além de ter recebido o Machado de Assis – maior prêmio da literatura nacional, entregue pela Academia Brasileira de Letras pelo conjunto de sua obra. Ana também foi eleita pela Academia Brasileira de Letras – uma honra destinada aos “imortais” da nossa literatura e cultura.
Além disso, Rastros e Riscos estreia a Coleção Delas, novo eixo da Editora Ática criado por mulheres e que tem como objetivo dar espaço e voz a grandes mulheres da literatura e da educação, para que elas contem algumas de suas memórias, inspirando leitores de todos os gêneros e eternizando nestes livros o lugar de destaque merecido.
O legado de Ana Maria Machado
Com mais de 50 anos de carreira literária, Ana Maria Machado tem um público fiel, incluindo pessoas que cresceram com suas obras infantojuvenis, com histórias criativas repletas de aprendizado de forma lúdica, e que agora, na fase adulta, também têm a oportunidade de apreciar sua escrita mais complexa.
Para valorizar ainda mais o legado da escritora carioca, a Editora Atual reformulou Esta força estranha, obra vencedora do Prêmio Jabuti, em 1997, na categoria Literatura Juvenil. Já em pré-venda, o livro-depoimento traz detalhes da infância e experiências raras da vida da Ana Maria que servem como ensinamento.
Seus personagens questionadores abordam temas como autoritarismo, racismo e identificação e formam leitores ativos. Para a autora, esse é um papel natural da literatura. “A literatura está inserida em toda a criação humana e a relação entre as pessoas. As perguntas nos fazem avançar em busca de respostas. Por isso, a literatura é uma forma muito fecunda de fazer isso”, afirma.
Entre crianças e jovens, Ana Maria possui várias obras de destaque, como: História meio ao contrário (Editora Ática), livro ganhador do 1º lugar do Prêmio Jabuti em 1978 na categoria Literatura Infantil – uma narrativa ao contrário, na qual o príncipe e a princesa não se contentam em ser felizes para sempre –; Fiz voar meu chapéu (Editora Formato), história que traz por meio de prosa poética e musicalidade o ponto de vista de uma criança. Ela também foi ganhadora do Hors-Concours no Prêmio FNLIJ e 3° lugar no Prêmio Jabuti, na categoria “Infantil ou Juvenil”, em 2000; e Menina Bonita do Laço de Fita (Editora Ática), livro publicado em 1996 e que recebeu Menção Honrosa (Uma das Cinco Melhores Obras do Biênio, 1988) pela Bienal de São Paulo, além de várias outras distinções internacionais da América Latina. Esse queridinho das famílias é um livro que aborda de forma delicada temas como racismo e identificação.
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