GIRO LITERÁRIO
Ícone da
poesia underground tem livro publicado pela Cepe
A Cepe
lança coletânea do multiartista Jorge Lopes, Poem as reunidos, que
mostra a força da herança poética deste poeta pernambucano. O livro já pode ser
encontrado nas livrarias e na loja virtual da Editora
Considerado
uma referência da resistência underground na poesia pernambucana, Jorge Lop es,
cuja obra ficou conhecida a partir de publicações independentes, surge em Poemas
reunidos, publicação da Companhia Editora de Pernambuco
(Cepe). A coletânea de 94 páginas reúne
escritos produzidos entre as décadas de 1970 e
1990. “Não sou poeta de muitos poemas. E pra ser um bom poeta
não é preciso quantidade. Minh a poesia é curta,
rápida, um relâmpago”, diz o autor. Este trabalho tão visceral,
influenciado por poetas como o maranhense Ferreira Gullar e o
norte-americano Walt Whitman, já pode ser encontrado nas lojas da
Companhia Editora de Pernambuco e na loja virtual (https://www.cepe.com.br/ lojacepe/).
Contemporâneo
do autor, o poeta Zé de Lara refere-se à juventude criativa do amigo com a
propriedade de ter feito parte da geração que enfrentou as dificuldades
impostas pela ditadura militar. “A poesia de Jorge é bem
elaborada, apesar da herança marginal falar alto na literatura dele. Pois é:
meu grande amigo Jorge Lopes continua virado na febre-do-rato da
criatividade. Mas o cara já é avô (um beatnik pai-de-família)”, diz,
fazendo alusão aos cabelos brancos de J.L., com 68
anos, que se denomina poeta da Geração Xerox, um dos mais
atuantes integrantes do Movimento de Escritores Independentes de
Pernambuco.
Na
apresentação do livro, o poeta Juareiz Correya, primeiro
editor a publicar a obra de Jorge, destaca o perfil
do multiartista, que ao longo da carreira
tem chegado a explorar as mais
diversas linguagens culturais. É desenhista, ilustrador, contista,
músico, compositor e intérprete. “Se eu tivesse nascido nos Estados Unidos
estaria rico”, pensa.
“Anos
depois, no fim da década de 1980, o poeta Jorge Lopes, com dedicação
radical à poesia e a outras atividades culturais marginalizadas,
sacrificando empregos formais e a própria família, lança o número zero do
jornal alternativo literário Balaio de Gato (que circulou de 1989 a
1999)”, conta Juareiz, a quem o amigo tanto considera.
O
fanzine ajudou a promover e divulgar grandes nomes da poesia pernambucana, como
Alberto da Cunha Melo e Jacy Bezerra. “Foi o jornal literário mais importante
da época. Um dos meus maiores orgulhos é ter sido criador e editor do
Balaio de Gatos. Nunca imaginaria que um jornal que criei no Beco da Fome conseguisse
alcançar tanta força. Fui um dos maiores divulgadores da poesia pernambucana do
meu tempo, sem exagero”, ressalta Jorge.
O
autor transita entre o social e uma linguagem crua que escancara feridas
existenciais ou tiradas eróticas como no Conto de foda:
“De madrugada / Quando as crianças estão dormindo / O soldadinho de chumbo /
Abandona o seu posto / E vai trepar com a bailarina / Da caixinha de música”.
SOBRE
O AUTOR
Jorge Lopes nasceu no
bairro do Cordeiro (Recife), no dia 23 de maio de 1951, terceiro filho de
José Lopes e Edrízia Jorge, negros e semialfabetizados.
Estudou na Escola Técnica Federal de Pernambuco e, como desenhista técnico
trabalhou, de 1974 a 1986, na multinacional Themag Engenharia. Iniciou sua
produção artística retratando figuras de projeção e nomes da vida cultural da
cidade - a exemplo de José Ermírio de Moraes, Celina de Holanda, Tarcísio
Pereira, Raimundo Carrero, Marcus Accioly e Alberto da Cunha Melo, entre
outros.
Escreve poesia desde 1968, inspirado pelos trabalhos poéticos do
norte-americano Walt Whitman e do brasileiro Ferreira Gullar e pela ficção do
mineiro Roberto Drummond.
Sempre em edições
próprias, Jorge Lopes publicou livretos de poesia. Tem poemas
publicados em jornais, revistas, blogs e sites, incluídos nas seguintes
antologias pernambucanas: Poesia viva do Recife (Cepe Editora,
1986) e Marginal Recife — Coletânea poética 1 (2002).
Serviço
Preço do livro: impresso R$ 20,00 e e-book R$ 6,00
Leia também:
Diário Diagonal, de Valdir Oliveira
Depois de 60 anos na luta por mudanças sociais, políticas e
sucesso no amor, Dario se engana com o Sistema e assume uma condição de
isolamento. Mas ele não consegue libertar suas memórias e paixões por
Berenice. Perceba que uma solidão absoluta não pode passar de uma grande
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