Riqueza artística da Igreja de Nossa Senhora da Conceição dos Militares, tombada pelo Iphan, é retratada em livro



Com pesquisa histórica e textos do arquiteto e pesquisador, José Luiz da Mota Menezes, que é professor emérito da Pós-Graduação em Arqueologia e Conservação do Patrimônio, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), e imagens do fotógrafo, Gustavo Maia, o livro “Igreja de Nossa Senhora da Conceição dos Militares no Recife – a arte da imagem” será lançado nesta terça-feira, dia 3 de dezembro, às 17h, no Museu do Estado, em Recife. A publicação apresenta aos leitores a riqueza artística desse bem material tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). O projeto do livro é elaborado pelo Bureau de Cultura com produção executiva da turismóloga, Clarisse Fraga. A edição tem o incentivo do Fundo de Incentivo à Cultura do Estado de Pernambuco (Funcultura).

Localizada na Rua Nova, no bairro de Santo Antônio, a Igreja de Nossa Senhora da Conceição dos Militares e seu rico interior é um dos monumentos mais importantes do Recife, onde a devoção marial trouxe uma série de representações de temas retirados da iconologia pela Igreja e nela encontram-se apresentadas. Ela está incluída entre as edificações do século XVIII, resultantes da importância que a cidade adquiriu depois da presença da gente da Companhia das Índias Ocidentais. As igrejas e a casa religiosa, de ordens as mais diversas, são as primeiras ações culturais valiosas na recuperação urbana, especialmente após a destruição causada pelo incêndio de 1631.

A Irmandade da Conceição dos Militares foi organizada por oficiais, sargentos e praças dos corpos de fuzilaria e cavalaria, no início do século 18, para promover o culto divino e a ajuda mútua entre seus membros. Iniciada como construção depois de 1720, teve seus alicerces concluídos após cinco anos. Apesar das obras terem sido concluídas em 1771, os ricos acabamentos do seu interior só foram finalizados em 1870. É conhecida primordialmente pela extraordinária obra entalhada que veste seu interior, aplicando-se sobre as paredes, ascende aos tetos em rico e pujante revestimento. O forro do templo é o mais ornamentado da cidade. Suas janelas e portas são decoradas com sanefas trabalhadas. O forro do coro apresenta um painel histórico da Primeira Batalha dos Montes Guararapes, datado de 1781, pintado em tábuas.

No livro, com 80 páginas iluminadas pelas imagens do fotógrafo e pesquisador, Gustavo Maia, é apresentada a arquitetura da Igreja, analisando a iconografia do forro da sua nave. “Em 2014, desenvolvi o trabalho autoral de pesquisa e documentação fotográfica com as pinturas dos forros das igrejas do século XVIII, sob a orientação do professor José Luiz da Mota Menezes. Foi desse ensaio fotográfico realizado naquele período em Conceição dos Militares, que resultou as imagens que compõem esta publicação”, enfatiza Maia. 

De acordo com José Luiz, a obra se propõe a disseminar a história e arquitetura, destacando a sua posição no corpus da arte portuguesa no Brasil, onde a liberdade do representar estava longe das garras dos inquisidores e muito distante de proibições tão frequentes na Europa. “Com o gradual esvaziamento do centro da cidade, a Rua Nova perdeu interesse quanto à sua possível verticalização. Existem poucas moradias no centro e a Igreja de Conceição dos Militares durante anos vem resistindo como um lugar de passagem em meio ao comércio. Existiam poucos fiéis nas missas, destaca o pesquisador falando da importância de fazer esse registro em livro. “É uma igreja que está entregue basicamente às instituições de proteção dos bens culturais e que já foi submetida a diversos projetos de restauração. E esses longos períodos em que passa fechada, dificulta o acesso e conhecimento dos visitantes a um imóvel de grande valor e tombado em nível federal”, considera Menezes.

O pesquisador aponta que, por muito tempo, a arquitetura para fins da religião e destinada às demais utilizações, fez uso na ornamentação da talha em madeira, mármore ou outro material. Também a presença da pintura é permanente, seja de forma isolada nas paredes, ou mesmo associada àquela talha. No Brasil, a situação adquiriu grande relevância por conta da quantidade de edificações diante da dimensão do território. Em Pernambuco e com mais frequência no Recife e em Olinda, os interiores ornamentados são numerosos e em maior quantidade no período artístico denominado de Barroco. Tais características são reveladas nas publicações sobre história da arte.

Os temas tratados nas pinturas estão, de modo geral, interligados com o orago da igreja, ou têm, em caso diferente deste, grande importância para os lugares onde estão as obras. No caso da Igreja de Nossa Senhora da Conceição dos Militares, a temática adquire uma importância maior por apresentar pinturas entre as quais algumas proibidas de representações, na época em que foram realizadas. Gustavo Maia aponta que o seu  principal objetivo, além  da arquitetura, foi o de capturar as pinturas e seus elementos iconográficos, individualmente e em detalhe. “É uma maneira de dar ao leitor um conhecimento histórico sobre o monumento e seus objetos de arte únicos, suas pinturas quase desconhecidas, encerradas em suas molduras entalhadas no alto dos forros ou nas paredes”, complementa. 

E para tornar público o rico documento histórico, em especial às pessoas com deficiência visual, a edição impressa virá acompanhada de um QR Code com o pdf em formato acessível para leitura da tela do texto e áudio descrição das ilustrações e será disponibilizado na internet. Além disso, parte dos exemplares produzidos serão distribuídos gratuitamente em bibliotecas públicas do Estado, Secretaria de Educação, universidades e faculdades com cursos de Arquitetura e Urbanismo, História e Turismo, prioritariamente, Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN, Fundação Joaquim Nabuco – FUNDAJ, Fundação Gilberto Freyre, Museu do Estado de Pernambuco, Instituto Ricardo Brennand, Instituto Arqueológico Histórico Geográfico Pernambucano – IAHGP, Instituto dos Arquitetos do Brasil – IAB, Conselho de Arquitetura e Urbanismo – CAU, Biblioteca Nacional, Superintendência Estadual de Apoio à Pessoa com Deficiência (SEAD), associações de pessoas com deficiência visual, e, por fim, para a Arquidiocese de Olinda e Recife – AOR e a Igreja de Nossa Senhora da Conceição dos Militares. Os demais exemplares serão vendidos a preços acessíveis ao público em geral.

SERVIÇO:
Lançamento Livro: Igreja de Nossa Senhora da Conceição dos Militares no Recife – a arte da imagem”, de José Luiz da Mota Menezes e fotografias de Gustavo Maia.
Dia: 3/12 (terça-feira)
Hora: 17 h
Local: Museu do Estado, na Av Rui Barbosa, nº 960 - Graças.

Comentários

  1. Nossa!!!! Quanta hoje tá!!! Parab÷na a você e um abraço bem apertado Guga.

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  2. Nossa!!! Meu comentario saiu todo atrapalhado. Quanta honra!! Parabéns a você e ao Guga. Um abraço bem apertado nesse garoto lindo

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