MAMAM recebe exposição da artista Adriana Varejão, hoje
Foto: Vicente de Mello
Mostra reúne 25 obras da carioca e ficará em cartaz até dia 8 de
setembro, com visitação gratuita
"Adriana
Varejão - Por uma retórica canibal" é o título da exposição que o Museu de
Arte Moderna Aloisio Magalhães (MAMAM) recebe a partir de hoje, com
evento de abertura às 19h. A mostra tem curadoria de Luisa Duarte e reúne 25
obras dos mais de 30 anos de trajetória da artista visual carioca. A visitação
aberta e gratuita ao público começa neste sábado (29) e vai até 8 de setembro.
O título
da exposição faz referência ao vínculo da obra de Adriana Varejão com a
tradição barroca. A retórica é uma estratégia recorrente do barroco, sendo um
procedimento que busca a persuasão. Se o método rendeu obras e discursos
suntuosos e exuberantes, a favor da narrativa cristã e do projeto de
colonização europeu, a retórica canibal, ao contrário, se apresenta como um
contraprograma, uma contracatequese, uma contraconquista.
Trata-se
de uma ruptura com as formas ocidentais modernas de pensamento e ação, em busca
dos saberes locais, como o legado da antropofagia. Saem de cena o ouro e os
anjos (tão presentes em igrejas barrocas no Recife e em Salvador), entram em
cena a carne e toda uma cultura marcada por uma miscigenação por vezes
violenta.
Influência
pernambucana
“Desde os
anos 1980, quando comecei a pintar e pesquisar sobre o barroco, tomei como
referência várias igrejas do Recife. Algumas imagens sempre permaneceram dentro
de mim e as carrego até hoje, como o altar da Basílica de Nossa Senhora do
Carmo, a azulejaria do Convento de Santo Antônio, ou mesmo o teto da Igreja de
Nossa Senhora da Conceição dos Militares. Todo esse repertório me ajudou a
moldar minha linguagem", revela Adriana Varejão.
De acordo
com ela, outra lembrança marcante da passagem por Pernambuco foi uma visita à
Feira de Caruaru. "Lá me deparei com as carnes de charque dobradas e
cortadas em nacos, com sua superfície marmoreada. A partir daí, iniciei a série
das Ruínas de Charque, que tenho desenvolvido até hoje. Esses e outros exemplos
reiteram a minha emoção de estar realizando esta primeira individual no Recife,
tão perto de algumas importantes referências”, conta a artista.
A
exposição "Adriana Varejão - Por uma retórica canibal" faz parte de
um projeto que pretende descentralizar o acesso à criação da artista, realizada
entre 1992 e 2018. Trata-se de um conjunto significativo de sua produção, que
inclui trabalhos seminais como Mapa de Lopo Homem II (1992-2004), Quadro Ferido
(1992) e Proposta para uma Catequese, em suas Partes I e II (1993).
A mostra
vai ocupar todas as salas do MAMAM, equipamento cultural mantido pela
Prefeitura do Recife. No andar térreo, o público poderá ver a instalação em
vídeo Transbarroco (2014). Nos demais andares, as outras obras serão dispostas
junto com um conjunto de textos curtos, que descrevem e contextualizam cada uma
delas, funcionando como ferramenta de mediação com o visitante.
SERVIÇO:
Adriana
Varejão – Por uma retórica canibal
Abertura: 28 de junho de
2019 (sexta-feira), 19h às 22h.
Visitação:
29 de junho a 8 de setembro de 2019. Terça a sexta, 12 às 18h.
Sábados e domingos, 13 às 17h
Onde:
Museu de Arte Moderna Aloisio Magalhães / MAMAM
Rua da
Aurora, 265. Informações: (81) 3355-6870
Quanto:
Gratuito
Classificação
indicativa: Livre
Do Sertão e da fartura e fertilidade
cultural daquele povo resiliente, Joquinha Gonzaga, sobrinho e também
descendente artístico do Velho Lua, será o representante.
Cada um desses artistas fará uma
apresentação de 40 minutos, levando litoral e Sertão para se encontrar e
arrastar pé no bairro portuário.
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