Exposição coletiva Voragem na Amparo 60
Foto: Divulgação |
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Galeria Amparo 60 recebe, a partir do próximo dia 24 de julho, a sua segunda
exposição coletiva deste ano, intitulada Voragem,
em sua nova casa no Edifício Califórnia. A mostra, que tem curadoria de Eder
Chiodetto, reúne tanto artistas que fazem parte do casting (Bárbara Wagner e Benjamin de Búrca,
Gilvan Barreto, José Paulo, Lourival Cuquinha, Paulo Bruscky e Isabella
Stampanoni), como outros convidados especialmente para essa ocasião (André
Hauck, Ivan Grilo, Jonathas de Andrade).
Chiodetto conta que já havia trabalhado em outras
exposições cujos artistas participantes refletiam sobre a relação entre o poder
institucionalizado e as pessoas mais desassistidas. Mas o atual momento vivido
no Brasil foi o impulso para conceber Voragem para a Amparo 60. O nome da mostra
remete aos redemoinhos que se formam nas águas, arrastando tudo para baixo, de
forma truculenta. “O nome Voragem vem justamente desses ciclos de
movimentos à direita, à esquerda, instantes de maior liberdade civil e
tolerância racial, religiosa, comportamental e outros momentos de refluxos que
levam parte dessas conquistas para trás sob a sombra do obscurantismo”, explica
o curador.
O ponto de partida foi a obra Postcards from Brazil, de Gilvan
Barreto, que ganhou recentemente o Prêmio Pierre Verger. A obra mapeia as
belezas naturais que serviram de cenário para crimes da ditadura militar e toda
a sua violência institucionalizada, a tortura e o desaparecimento de corpos.
"Gilvan trabalha de modo contundente a forma dissimulada com a qual os
brasileiros lidam com o passado, especialmente com os assassinatos cometidos
durante o período da ditadura militar. A série propõe imagens muito bem
articuladas, capazes de expor as feridas do mal estar histórico que
continuamente voltam a cobrar uma tomada de posição, uma coerência, uma
reflexão sem concessões", diz Chiodetto.
Partindo da ideia de apagamento, ocultação e esquecimento,
o curador foi em busca de artistas cujos trabalhos trouxessem esse debate
social e político. Esses corpos que não importam, que são esquecidos e
marginalizados, estão presentes na mostra, ainda que não apareçam diretamente.
Os trabalhos reunidos apontam que, apesar deles não encontrarem legitimação
social, de serem excluídos, eles não desaparecem.
“Ao ocultar os corpos o silêncio ficou ensurdecedor. O
grupo de trabalhos é muito incômodo. Não se trata de uma exposição
contemplativa, é um barril de pólvora com o pavio aceso e alguns coquetéis
molotov à espreita. Falamos do ocaso da política, do diálogo, da mediação, da
temperança”, reflete Chiodetto.
AMPARO
60 CALIFÓRNIA
Desde março, a Galeria Amparo 60 funciona na sobreloja do
Edifício Califórnia. A estreia do novo espaço aconteceu com a exposição
coletiva Evoé,
que reuniu obras dos mais de 30 artistas do casting e ficou em cartaz até o fim
de junho. A galerista Lúcia Costa Santos acredita que esse novo espaço consegue
integrá-la ainda mais à cidade e aos mais diversos públicos. “Teremos um espaço
mais enxuto, porém com um maior diálogo com a cidade, num ponto onde circulam
mais pessoas. O projeto arquitetônico é mais moderno e prático, facilitando o
funcionamento diário da galeria. Estamos agregando cultura e arte num espaço
interessante do Recife”, diz.
SERVIÇO
Voragem - Curadoria: Eder Chiodetto
Artistas: Bárbara Wagner e Benjamin de Búrca, Gilvan
Barreto, José Paulo, Lourival Cuquinha, Paulo Bruscky e Isabella Stampanoni,
André Hauck, Ivan Grilo, Jonathas de Andrade.
24 de julho a 3 de setembro de 2017.
Terça a sexta, das 10h às 19h.
Sábados das 11h às 17h.
Galeria Amparo 60 Califórnia
Rua Artur Muniz, 82. Primeiro andar, salas 13/14
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