Poesia popular de Adiel Luna ganha nova roupagem em Baionada
Foto: Andréa Rêgo Barros |
Show de lançamento do CD será no dia 31 de maio, no Cais do Sertão
É da
essência da cultura sertaneja que Adiel Luna extrai o insumo de seu
trabalho artístico, que agora recebe nova roupagem no disco Baionada.
Neste projeto, Adiel investiu em uma musicalidade mais refinada para dar
corpo ao toque da viola, às rimas de cordel, à pisada do coco, ao canto do
aboio e outros elementos da cultura popular que o acompanham desde a
infância. O novo CD, realizado com apoio do Funcultura, será lançado com
um show, no dia 31 de maio, no Cais do Sertão, no Bairro do Recife.
Com 12 faixas, Baionada reflete
o amadurecimento artístico de Adiel Luna, que contou com a sensibilidade e
a experiência dos músicos Juliano Holanda e Areia na produção do disco. O
projeto é um mergulho nas formas de expressão da cultura popular e tradicional,
trazendo músicas feitas por Adiel e mesclando características singulares da sua
identidade com contextos nordestinos: paisagens, religiosidade, cotidiano,
histórias e sonoridades pernambucanas. Entre uma música e outra, Adiel conta
causos, recita versos e brinca, criando um resultado bastante descontraído e
dançante.
A sua
viola dinâmica conduz as linhas melódicas das músicas em diálogo com a rabeca,
ressignificando um dueto antigo da musicalidade nordestina e principalmente
sertaneja. Cocos, baiões e sambas dão a base rítmica do projeto. “Esse
trabalho é a realização de um sonho. Eu queria um disco de cultura popular, mas
que musicalmente trouxesse outras referências. A ideia é que mesmo a pessoa que
não escuta a cultura popular perceba o esmero com o trabalho. Uma hora eu
canto, uma hora eu declamo, outra hora eu puxo um coco, mas tudo isso muito
costurado musicalmente”, conta Adiel.
Prezando
por uma formação acústica, o artista convidou para formar a banda que o
acompanha em Baionada: Rubem França (violão de oito cordas),
Eduardo Buarque (viola de 10 cordas e violão tenor), Thiago Martins, (rabeca),
Uana Mahin (percussão e vocais), Johan Bremer (percussão) e Rodrigo Félix
(percussão).
O nome do
CD, Baionada, é uma referência às festas do sertão, um momento dedicado ao
baião, ao improviso, à cantoria de viola. O equivalente às sambadas da Mata
Norte. E como todo festejo que se preze, não faltaram participações especiais.
Com Arnaldo Ferreira, que além de repentista e cantador de viola é pai de
Adiel, faz um dueto na faixa “Legado”. Junto a Hebert Lucena,
coquista com formação artística em Caruaru preparou a música “O recado”.Na pele
do “Velho Deboche” Luna canta ao lado de Valéria Wanda a
faixa “Ela tá Querendo”. O disco teve ainda participações de Assis Calixto
(Coco Raízes de Arcoverde), Terno de Areia, Júlio Cesar, Daniel Coimbra, Rudá
Rocha e João Arruda, violeiro de Campinas (SP).
Em Baionada,
Adiel também resgata elementos do cancioneiro popular ibérico. O
que parece distante geograficamente muito se assemelha na cultura popular. Ao
tempo em que apresenta uma morna – gênero musical típico de Cabo Verde –, na
música “Eita Saudade”, identifica-se uma sextilha de viola. Em outro trecho, de
“Eita Saudade”,, o que mais parece uma pisada de coco é na verdade uma mazurca
de terreiro, traduzin’do na música as origens e renovações da cultura popular.
A capa do
disco tem ilustrações de Valeria Rey Soto, inspiradas em personagens de uma
mitologia particular, meio bicho, meio gente, em situações cotidianas da vida
rural.
O
lançamento - No show de lançamento
de Baionada, que será realizado no dia 31 de maio, às 17h, no Cais
do Sertão, Adiel Luna canta, toca pandeiro e viola. No repertório, músicas do
CD e outras composições do artista. Participam do show o seu pai, Arnaldo
Ferreira, assim como Herbert Lucena, Dona Cila do Coco e o Velho Deboche,
mestre de pastoril.
O artista – Nascido e crescido na Mata Norte de Pernambuco, Adiel Luna vive
na capital há cerca de 10 anos. Destaque da nova geração de artistas, possui
uma relação muito íntima com os terreiros das tradições populares, onde
cresceu. Empunhando a bengala e o apito, ou a viola, ou o pandeiro, Adiel solta
a voz e desencadeia na plateia o gozo e o apetite para o verso.
O trabalho
de Adiel Luna não é o resultado de uma pesquisa cultural, mas a expressão
natural e genuína de quem vive a brincadeira tradicional. Não é o produto de um
resgate, mas o retrato de quem nasceu e se criou no ambiente da cultura popular
e de quem mantém um diálogo constante e respeitoso com os mestres e com os
terreiros. A este acúmulo, Adiel acrescenta uma renovação, típica de quem saiu
do campo para a cidade e que não pode – nem quer – desconsiderar as influências
urbanas. O contato desses dois domínios resulta num trabalho extremamente
original e sofisticado, que se materializa neste novo projeto.
Serviço:
Lançamento do CD
"Baionada", de Adiel Luna
Domingo, 31 de maio
17h
Cais do Sertão, Av. Alfredo Lisboa,
S/N - Recife, PE
Gratuito
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