Almério – um disco com alma além-homem
Foto:Breno César |
Por Jaciana Sobrinho
Ele é
compositor, cantor, arranjador e ator. Seu talento é nato, lapidado pela vida,
pelas noites nos bares. Sua certeza de que iria ser artista surgiu ainda na infância,
aos onze anos, quando ainda morava na cidade natal, Altinho (PE) – localizada a
169 km do Recife. A vida ríspida que o obrigou a
trabalhar aos treze anos e a guardar seus sonhos num baú, agora lhe sorri e lhe
permite gritar aos quatro ventos que se sente realizado e feliz pelo lançamento
do seu primeiro CD – Almério.
Foto: Renata Torres |
“Há oito anos eu já sabia de tudo que eu queria pra esse
disco. O processo de gravação aconteceu em dois anos, mas o amadurecimento das
ideias já havia terminado. Hoje eu sou um homem pleno de felicidade. É como se
fosse um filho e ele está correndo solto pelas ruas de Caruaru, da minha cidade
e começando a andar pelas ruas do Recife”, conta sorrindo.
O
menino simples, que adorava ler e escrever e ouvia músicas bem diferentes das
que os outros meninos da sua idade gostavam, ficou surpreso ao ouvir seus
versos em forma de canção na voz da sua amiga Ana Paula Marinho. “Quando eu
tinha onze anos, escrevi um poema tão simples e Ana, que já tocava violão,
havia feito uma música com aquilo. Eu perguntei: eu posso fazer isso, Ana? As
coisas que eu escrevo podem virar música? Ela me disse que sim, me incentivou.
Daí em diante, a gente se trancou no nosso mundo musical, compôs muita coisa”,
lembra Almério.
Bastante
influenciado pelo gosto musical do seu irmão mais velho, Alexandre, que sempre
lhe apresentava grandes nomes da MPB – Marisa Monte, Chico Buarque, Adriana
Calcanhotto, Caetano Veloso, Elis Regina e Ney Matogrosso, além de sempre ouvir
diversos compositores pernambucanos, o artista começou a cantar em bares de
Caruaru pouco tempo depois de vir morar na
cidade, em meados dos anos 2000.
Foto: Renata Torres |
“Eu só
cantava quando o bar estava quase fechando, era tímido e não era bom cantor.
Adorava cantar, mas ficava envergonhado e mal me movia quando estava no palco.
Depois fui procurando me aperfeiçoar por meio de revistas especializadas e
também comecei a fazer aulas de teatro para melhorar minha expressão corporal.
Só comecei a me sentir seguro mesmo quando num certo dia o público me viu
chegando ao extinto bar Mirante e começou a gritar meu nome, me pedindo pra
cantar. Essa foi a primeira vez que eu tive a certeza
de que as pessoas gostavam de me ouvir cantar”, conta.
No CD,
que ele fez questão de dedicar à Ana, o artista expõe suas memórias afetivas, a
exemplo das músicas Seu Jofe,
inspirada no cotidiano do seu avô, e “Aparecida” na qual discorre sobre a
beleza e força da sua tia e madrinha, Cida. As
duas letras desenham os cenários e afazeres rurais por meio de termos típicos e
até com um autêntico aboio que chama o gado para o curral ao final do dia.
Uma das
primeiras canções a se tornar conhecidas do público e a primeira a ter um clipe
foi Além-homem, um poema de amor e
dor e em que Almério arriscou usar um neologismo que dá título à música e
significa um estado de sublimação do amor, uma maneira de dizer eu te amo, de
acordo com sua definição. O arranjo, também assinado por ele, traz a sonoridade
da banda de pífano desmembrada dando a dramaticidade que marca a faixa.
Embora use
os instrumentos básicos das bandas de pífanos (pífano, tarol, zabumba), Almério mostra a versatilidade que essa formação
tradicional do Agreste pernambucano tem. Forró, ciranda, samba e até uma batida
de funk são ritmos presentes entre as quatorze faixas do CD. Almério assina a
produção com Lucky Luciano que participa do repertório com uma composição e
tocando vários instrumentos.
Foto: Breno César |
“Aprendi
muito com Lucky, ele elevou o nível do meu projeto a um patamar que eu nem
poderia imaginar. Ele abriu as portas da percepção para mim e foi extremamente
carinhoso e generoso comigo. Só tenho a agradecer”, afirma.
O
trabalho conta ainda com composições de Valdir Santos; Lula Queiroga; Vertin
Moura; Ícaro Tenório e Isabela Moraes. “Eu pincelo o disco com compositores que
eu admiro e que me influenciam. E não posso deixar de mencionar a participação
linda de Ceumar, uma cantora mineira maravilhosa, que canta comigo a música São
João do Carneirinho. Ela aceitou meu convite e
enviou a parte dela diretamente de Amsterdã”, enfatiza.
Cada
música tem uma atmosfera diferente, elas foram criadas pelos diferentes
instrumentos selecionados por Almério e Lucky. “O disco para mim é um livro de
contos e crônicas que estão todas interligadas. Eu fiz questão de mostrar
minhas raízes, minhas influências, mas fiz isso à minha maneira para criar uma
música universal”, acrescenta.
Foto: Renata Torres |
Além do
bom conteúdo, o álbum destaca-se ainda pelas fotografias de Breno César feitas
na Serra Negra, em Bezerros (PE), com figurino de Gabriel Sá e projeto gráfico
de João Bento. O CD já está à venda em diversas lojas de Caruaru e do Recife e
também está disponível para download
nos sites Hominis Canidae e Discoteca Nacional .
“Estou
louco pra mostrar o show dele por aí, estou cheio de ideias e aguardando
convites. O que mais quero agora é viver tudo que esse disco pode me dar, tudo
que ele puder alcançar. Quero trabalhar para que isso aconteça, para que ele
chegue até as pessoas”, finaliza Almério.
Contato para shows: (81) 9916 4771
A gente espera que as melhores coisas aconteçam...parabéns...
ResponderExcluirSurpresa mais que agradável para nossa música brasileira. Regionalismo e pluralidades. Parabéns Almério e obrigado por trazer a raiz nordestina para a cultura musical.... Valeeeeeew....
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