Circo como forma de evangelizar

Laryssa Holanda conheceu a arte circense
por meio de uma igreja evangélica.
Texto e fotos: Gianfrancesco Mello

Em meio a tantos jovens que estão perdidos nas drogas ou levam uma vida sem perspectiva de futuro, há alguns que se unem às religiões e procuram fazer por onde ser o diferencial em um mundo tão injusto. É exatamente aí que entra o circo. A cearense Laryssa Holanda, que mora no Recife há um ano e meio, conheceu a arte circense por meio de uma igreja evangélica, que realiza encontro de jovens para disseminar a cultura entre eles. Segundo Laryssa, os jovens da igreja ficam uma semana mantendo contato com o teatro, a dança, a linguagem de libras e o circo. “Podemos escolher qualquer uma das modalidades. Eu escolhi a dança, mas o pessoal – que escolheu o circo – começou a nos passar alguns truques circenses e foi assim que tive o meu primeiro contato com o circo”, lembra. Depois disso, o Grupo de Teatro Hashtare foi criado e os jovens começam a unir a interpretação teatral aos truques de circo.

Para a jovem circense, a magia do circo faz com que muitos jovens carentes que, normalmente, ficam nos sinais pedindo esmolas, deixem essa vida sem futuro. “Podemos ver muitos jovens fazendo malabares, fazendo até a pirofagia – que é a arte do fogo – e assim, podemos usar essas crianças e jovens para outras coisas relacionadas à cultura. É uma forma eficaz de tirar a juventude das drogas também.” Ela diz que, quando chegou ao Recife, percebeu que existem poucos lugares que acolhem esses jovens carentes. “Tem que existir mais ações educativas e culturais para tirar os jovens da criminalização. Necessitamos de projetos direcionados a esse público, pois o circo é muito bom para ocupar a mente deles. Hoje em dia, sei um pouco do tecido e sou especialista no swing. O circo junto com a igreja me faz acreditar em um mundo mais justo”, completa.


João Filipe de Souza fala que começou a praticar o
circo por entender que seria uma maneira diferente de
abordar as pessoas para evangelizar
João Filipe de Souza, entretanto, que é de Jaboatão dos Guararapes, fala que começou a praticar o circo por entender que seria uma maneira diferente de abordar as pessoas para evangelizar. Membro de uma igreja evangélica, ele acredita que as pessoas ficarão mais receptivas para ouvir a palavra de Deus com a ajuda da arte circense. “Conheci o circo por meio de um amigo. Temos um projeto de evangelização e acreditamos que o circo nos ajudará a abordar as pessoas de uma maneira diferente. O circo é divertido e é uma maneira a mais de evangelizar. Depois que aprendemos alguns truques de malabarismo, percebemos que as pessoas começaram a prestar mais atenção na nossa evangelização”, finaliza. Nessa época de fim de ano, período em que as pessoas ficam mais solidárias e emotivas, esses jovens artistas circenses mostram que há motivos para crer em um mundo coerente e disciplinado por meio das artes. Para fazer o diferente, basta ter força de vontade.

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