Café Preto - Um novo olhar
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Café Preto. Foto: Divulgação |
Por Guilherme Menezes
Depois do punk, ou melhor, em paralelo com o punk, presente há mais de 20 anos em sua carreira, o inquieto Cannibal faz surgir, em parceria com o DJ e Produtor Bruno Pedrosa e o também músico PI-R, um som mais tranquilo, com influências principalmente do reggae e do dub, instrumental praticamente criado em cima de programações, samples e efeitos e letras que tendem para outras temáticas... O som do Café Preto.
Depois do punk, ou melhor, em paralelo com o punk, presente há mais de 20 anos em sua carreira, o inquieto Cannibal faz surgir, em parceria com o DJ e Produtor Bruno Pedrosa e o também músico PI-R, um som mais tranquilo, com influências principalmente do reggae e do dub, instrumental praticamente criado em cima de programações, samples e efeitos e letras que tendem para outras temáticas... O som do Café Preto.
Nascido no Alto José do Pinho, o artista formou a sua primeira banda, a
Devotos, com uma missão: falar sobre os problemas do subúrbio, na maioria das
vezes, usando o bairro onde mora como exemplo. Por isso, segundo ele, seu novo
projeto veio mostrar um outro lado de suas composições. “Tem gente que faz
panfletagem, passeata, a Devotos resolveu mostrar os problemas sociais através
da música. A Café Preto vem para mostrar um outro
lado do Cannibal. Eu até tinha muitas letras guardadas e queria musicá-las de
alguma forma. Mesmo que eu sinta que tenho esse lance social no sangue, de
alguma forma eu sempre acabo puxando pra esse lado, não tem jeito”, diz o
artista.
Ainda segundo Cannibal, vários estilos musicais lhe agradam e ele queria suprir essa vontade de fazer algo além do punk. “Nunca fui bitolado só com um estilo e acho que isso me ajudou muito até para formar uma identidade com a Devotos. Gosto de maracatu, afoxé, coco, o reggae e o dub principalmente... Aqui no Alto José do Pinho tem muita cultura, diversos estilos e acho que meu gosto não tinha como ser diferente”, completa.
Cannibal. Foto: Guilherme Menezes |
O nome Café Preto
tem uma história interessante. Cannibal estava atrás de um nome para a banda em
2007, até que em turnê com a Devotos pela Europa, em 2010, um garçom que
trabalhava num restaurante da Eslovênia deu a solução. Segundo o artista, o
profissional ofereceu um black coffee
e a sonoridade lhe chamou a atenção. “Quando eu ouvi, logo pensei ‘caramba,
isso daria um nome de uma banda dub’.
Aí eu voltei com essa ideia na cabeça e comecei a pedir a opinião da galera.
Até que me encontrei com Jorge Du Peixe, que é também o ilustrador da capa do
CD, e ele me disse ‘gostei do nome... mas Café Preto é muito melhor’. Então eu
preferi passar para o português mesmo, é bom que fica mais brasileiro.”
Seguindo a linha,
eu pergunto se o nome teria algum outro significado para Cannibal, e ele
responde: “Rapaz, a ideia era ser o mais brasileiro possível. Eu acho que café
representa muito o Brasil, em qualquer canto do mundo onde você fale ‘café’,
ele remete ao Brasil. E tem a coisa do preto mesmo. Sabe, eu nem tinha pensado
nisso, mas você me perguntou agora e vejo que tem como ter dez mil histórias em
cima do nome. Eu gosto muito disso, gosto de brincar com a imaginação”.
Depois do
lançamento do CD Café Preto, em 2012,
que conta com participações especiais de músicos reconhecidos, como Fred
Zeroquatro e Areia do Mundo Livre S/A, Publius e Zé Brown, a banda já fez shows
diversos, aqui e em São Paulo. Entre eles, estão o show de lançamento, no Uk
Pub, o evento Prata da Casa, no Sesc Pompeia, em SP; a abertura do show de Easy
Star All Star, quando o grupo estrangeiro esteve no Recife, e o show de
lançamento do clipe Dandara, no cinema São Luiz. O compositor e cantor fala que
gosta muito das apresentações da banda porque diferem do CD, porque, além das
programações, conta com guitarra, baixo e bateria, dando uma outra forma às
músicas. “Foi até engraçado no começo. Teve quatro ensaios só com programações
e comigo cantando, e eu pensando, ‘tá
dando não, tô me sentindo num karaokê’.
Então quando houve essa mudança, no primeiro ensaio eu já senti que tava rolando, eu já senti a diferença. E
o bom é que o público tem duas experiências diferentes, tem a surpresa. Eu
gosto dessa brincadeira do Café Preto”.
Sobre as
diferenças de se lançar um projeto nos dias de hoje e o que ele está achando da
experiência, Cannibal responde: “Na época da Devotos nós precisávamos muito da
presença da mídia, da imprensa. Então o que nos ajudou muito foi o movimento manguebeat. O movimento fez com que a
mídia mundial voltasse os olhos para a música alternativa do Recife em geral,
tinha muita gente subindo aqui no morro na década de 90 pra ver o que estava
acontecendo. Hoje nós temos os Facebooks da vida, os aparelhos, a produção, nós
temos tudo”. O artista continua falando sobre as diferenças e as melhorias, porém,
ele acha que hoje não há aquele apoio de um movimento, hoje cada um “faz mais a
sua história”. “Não sei se é mais fácil ou mais difícil, mas é desafiador.
Acredito que muitas coisas não apareceriam senão fosse com a ajuda da
tecnologia. E é isso, com todas essas diferenças, está sendo como começar de
novo, aquela mesma instigação de estar sempre produzindo, sem cair na mesmice”,
completa o artista.
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Café Preto. Foto: Divulgação |
Cannibal fala um
pouco sobre os próximos planos da banda: “Agora faremos um show no dia quatro
de outubro no SESC Belenzinho, em São Paulo, que é justamente o lançamento do
vinil. Também estamos pensando já no repertório do próximo CD, já tenho três músicas
prontas e planejamos lançar um novo clipe. Está tudo
muito divertido”.
Contato:
9770 2892 (cannibal)
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